sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Project ICECAP 2025: O meu corpo é um templo/My body is a temple
segunda-feira, 1 de dezembro de 2025
Project ICECAP 2025: Felicidade dos pinguins, focas leopardo e outros amigos /Happy penguins, leopard seals and other friends
Esta semana foi “uma semana e peras” passada com um sorriso gigante. Fizemos muita coisa e estivemos sempre super ocupados: foi comer, dormir e trabalhar mas não nos podemos queixar. Foi MARAVILHOSO e eu explico porquê.
No inicio da semana colocámos as primeiras redes de pesca para o projeto dos peixes, em colaboração com a equipa Búlgara (liderada pela Borislava K. Margaritova (Bobi), da Búlgaria). Estávamos um pouco ansiosos pois seria a primeira vez que estas redes iam ser usadas no Oceano Antártico (compradas prepositadamente para este projeto). Colocámos várias redes de tresmalho (18 mm, 40 mm e 45 mm de malhagem) e testámos em vários locais. Também pescámos com canas de pesca com a ajuda do médico da Base Tsvetan Vasilev, um exímio pescador e conhecedor dos melhores locais. O objetivo é avaliar a biodiversidade de peixes nesta região, particularmente analisar a contaminação por microplásticos nas espécies mais abundantes: será que os microplásticos está presentes nos peixes desta região?
A Simona Georgieva também está a estudar parasitas numa variedade de animais, incluindo peixes, lapas, pinguins e focas. Também começámos o estudo de focas leopardo, ao percorrer todos os dias as praias nesta parte da Baia Sul (liderada por Emily Sperou e Ariel Leahy, dos Estados Unidos), envolvendo também viagens por mar nos zodiacs (pequenos barcos a motor) muito com a ajuda de Elka Vasileva. Adicionalmente fomos a Hannah Point recolher amostras de pinguins do nosso projeto para estudar o seu estado de saúde (recolhendo amostras para estudar hormonas, doenças, habitat, nível trófico e contaminação).
Por fim, colocámos na água uma experiência sobre microplásticos, que vai avaliar a colonização microbial nos microplásticos (na prática, foi colocar sacos com diferentes tipos de microplásticos e avaliar como se processa a sua colonização microbial.
Para terem uma ideia, o dia em que fomos à colónia de pinguins gentoo de Hannah Point foi passado assim: acordar às 7.15 da manhã (são 3 horas mais cedo do que em Portugal), ir fazer exercícios matinais para estar em forma. Pequeno almoço por volta das 8.30h com uma reunião breve por volta das 9h a rever os planos do que se vai fazer no dia. Ao concluir-se que o tempo está bom, após o pequeno almoço, ir ao laboratório confirmar todo o equipamento necessário para ir a Hannah Point trabalhar com os pinguins. Por volta das 11h, ir recolher as redes de pesca com a Borislava K. Margaritova no zodiac, regressando à Base antes de ir para Hannah Point. Ir para Hannah Point (que demora cerca de 20-30 minutos de zodiac). Aí, vestir todo o equipamento necessário (para poder trabalhar com pinguins, num contexto de gripe aviária) e apanhar 15 pinguins (na primeira vez foi pinguins gentoo),com a ajuda da Emily Sperou e Ariel Leahy. Muito obrigado. Demora cerca de 4h. Ao regressar, percorrer a Baia Sul à procura de focas leopardo que adoram blocos de gelo para descansar. Encontrámos 3 nesse dia. Regressar à Base às 9 da noite!!!!
Que grande dia. Estávamos exaustos mas super felizes por termos não só recolhido amostras para os nossos projetos mas também por conseguido aproveitar o dia ao máximo. Avançámos muito nos nossos projetos. Tudo foi possível por termos uma grande equipa, desde o Kamen Nedkov a orientar tudo (como comandante da Base), à Elka Vasileva, Vladimir Gigov, Lyuben Lyubenov, Alaksandar Naydenov, Anastas Abadjiev, Tsvetan Vasilev, Samuil Chelbiev e o Krasimir Krastev no apoio no zodiac e na Base!!!
Os últimos dias foram passados entre procurar mais focas leopardo (com sucesso), analisar peixe no laboratório (muito divertido aprender a diferenciar Notothenia rossii de N. coriiceps) e preparar a próxima ida às colónias de pinguins. Que dias de sonho!
Continuamos em contato
José Xavier & José Seco
.....
(english version below)
This week was “an AMAZING week” spent with a huge smile. We did so much science, had new experiences and been so busy : sleep, eat and work but we can not complain. It has been marvelous and I will explain why.
Then, the research project on leopard seals also started, initially by walks along the nearby beaches in this area of the South Bay (Livingston Island) searching for them, and later on by zodiac (small boats with a moto) (project lead by Emily Sperou and Ari Leahy, USA). Additionally we also went to Hannah Point to collect samples for our project on penguins on their health status (collecting samples to study hormones, diseases, habitat trophic levels, contamination). Finally, we also started a experiment called plastisphere on microplastics, to evaluate microbial colonization in microplastics in the Southern Ocean (in praticise, it consists of bags with different types of microplastics to assess how microbial colonization on microplastics takes place in Antarctic waters.
These last few days were spent searching for more leopard seals (with success), analyse fish at the laboratory (so much fun learning more about Notothenia rossii and N. coriiceps) and prepare our next trip to Hannah point (to study chinstrap penguins this time). What such dream days!!!
Keep in touch!!
José Xavier & José Seco
domingo, 23 de novembro de 2025
Projeto ICECAP 2025: Chegar à Ilha de Livingston/Arriving at Livingston Island
Na Antártida, não existem povos indígenas, nem cidades, nem supermercados ou cinemas. As pessoas que veem aqui são geralmente cientistas, turistas ou pescadores (ou aqueles que ajudam/apoiam estes, como médicos, cozinheiros, eletricistas ou carpinteiros). Os cientistas que trabalham em terra, ficam em locais a que se chamam Bases cientificas, que pertencem geralmente a um pais.
Na nossa viagem passamos pela Ilha de Rei Jorge (King George Island), na Baia de Fildes, onde se situam as Base Escudero (do Chile) e Base Bellingshausen (da Rússia), e fomos até à Ilha Greenwich onde fica a Base Capitan Arturo Prat (Chile). A viagem foi tão calma que nem notámos que tínhamos saído da Baia de Fildes. Em verdade, a Passagem de Drake foi igualmente muito calma para o que costuma ser.
A Base Prat é uma bonita base chilena situada numa praia junto ao mar, onde fomos muito bem recebidos por Claudio Fuentes e os seus colegas. Foi ai que tive a oportunidade de estar com as primeiras focas Weddell desta vez (os primeiros pinguins (gentoo) foi na Ilha Rei Jorge). Entre estas viagens, tivemos várias reuniões e conversas entre todos da nossa expedição sobre como é a Base Búlgara, onde iremos ficar (onde fica, o que contém, onde iremos dormir, e a prioridades assim que chegarmos), além de começar a definir como serão os planos científicos entre as várias equipas.
Como o navio Aquilles não tinha internet disponível, tornou contacto com as famílias difícil e foi mais complicado continuar com os preparativos. Inicialmente, estava previsto chegarmos à Base Búlgara dia 20 de Novembro, felizmente, para nossa alegria, foi possível chegar dia 16 de Novembro, pois estávamos já desejosos de estar em terra e de começar a trabalhar nos nossos projetos.
Antes de chegar à Base Búlgara St. Kliment Ohridski, foi tão notório que estávamos realmente na região Antártida, com glaciares impressionantes, icebergues gigantes, muitos pinguins e focas para nós fazer companhia. A chegada à base foi muito agradável pois já tínhamos estado aqui há 14 anos, tal como dito anteriormente, a estudar pinguins. O sentimento de estar novamente num local muito especial foi incrível. Os primeiros 2-3 dias são passados a “abrir” a base, com ligar a eletricidade, a água, as telecomunicações as principais prioridades.
Um dos momentos importantes foi o hastear das bandeiras dos países que estavam representados na Base: a Bulgária, Portugal e os Estados Unidos da América. O grupo de colegas que estão na Base Búlgara são fantásticos e toda a comitiva está a fazer de tudo para que o trabalho de todos corra bem. Agora já estamos a iniciar a parte cientifica, com vários projetos que iremos falar nestas semanas seguintes.
Mais nos próximos dias
(english version below)
In Antarctica, there are no indigenous people, no cities, no supermarkets or cinemas. The people that come to Antarctica are generally scientists, fishermen or tourists (or those that help/support these, such as doctors, cooks, electricians or carpenters). The scientists that work in land, stay in scientific Bases that generally belongs to a single country (the exceptions include the Italian-French station Concordia). In our trip we passed by King George (Isla Rey Jorge), Fildes Bay, where we visited the Escudero Base (Chile) and Bellingshausen Base (Russia),and then went to Greenwich Island to visit Capitan Arturo Prat (Chile). The trip was fairly calm that we barely noted we went out of Fildes Bay. Indeed, the Drake´s Passage, that is notorious for bad weather and bad conditions, was equally calm.
The Prat Base Station is a beautiful Chilean base situated on a beach , where we were very well received by Claudio Fuentes and colleagues. Muchas gracias!! It was there that I had the opportunity to be with the first Weddell seals (we already had been with the first gentoo penguins at King George Island (Isla Rey Jorge).. Between these trips, we had various working meetings between the members of the science expedition to start defining the science plans for the coming days and weeks. As the ship Aquilles had no available internet, being in touch with our families was not possible and added extra layer of complexity to our preparations. Initially, it was planned to arrive to our Bulgarian Base on the 20th November but happily, to our joy, it was possible to arrive nearly one week earlier, on the 16th November, as we were wishing to be in land and start working on our science projects.
Everyone joined in. One of the most memorable moments was to raise the flags of the nationalities of the people that are in the base: Bulgaria, Portugal and the United States. The group that are on the Bulgarian Base (and those away, such as Dragomir Mateev (and his team at the Bulgarian Antarctic Institute) and Teresa Cabrita (and PROPOLAR team) are fantastic and everyone is committed to do everything so that all the science is done with success. Now, we are already starting the science, with various projects on in the coming weeks. Exciting!!!!
More adventures soon
José Xavier & José Seco
sábado, 15 de novembro de 2025
Project ICECAP 2025: Atravessar a passagem de Drake/Crossing the Drake passage
Atravessar a passagem de Drake é sempre entusiasmante e desafiante ao mesmo tempo. Aqui, as águas do Oceano Pacifico afunilam em direção ao Oceano Atlântico (através de uma corrente chamada “corrente circumpolar Antártica”), sendo conhecida por ser, na maioria das vezes com muito vento, mar encrespado e com fortes correntes. Também quer dizer que o navio pode abanar mais do que o costume e temos de estar preparados. Pela vez que já fizemos esta travessia, em 2011, foi deveras complicado em mantermo-nos de pé tanto era a ondulação. Um dia de cada vez.









