domingo, 31 de janeiro de 2016

Estar em forma| Be in shape












Para vir à Antártida é preciso estar em forma! Isto é realmente muito importante pois neste ambiente agreste todas as atividades exigem mais do nosso corpo. Temos de trabalhar ciclos de horas muito intensivos, de carregar equipamentos, de subir e descer escadas, correr literalmente de um lado para o outro. Assim, aqui no navio James Clark Ross, um dos oficiais organiza os “circuitos” de exercício,  ou seja, grupo de exercícios que se tem de repetir em estações. Por exemplo, temos uma estação onde se faz levantamento de pesos, outra de flexões, outra de abdominais...e fazemos um ciclo de 3 minutos em cada estação. Depois fazemos tudo de novo para 2 minutos e 1 minuto, sempre a aumentar a intensidade! No fim, estamos cansados mas com um sorriso na cara.

Depois do treino tomamos um duche e voltamos para o trabalho! Nestes últimos 2 dias temos estado a fazer uma sondagem da abundância do camarão do Antártico num canhão (similar ao canhão marinho da Nazaré), onde a profundidade aumenta muito rapidamente (na perspectiva de quem olha de terra), o que torna estes locais em habitats perfeitos para muitos organismos marinhos.  Estes dados têm sido recolhidos por sondas com várias frequências (como as frequências das estações dos nossos rádios) para detetar cardumes dos vários organismos. Está região tem sido também visitada pelos predadores que estamos a estudar (otárias do Antártico, pinguins de barbicha e pinguins Gentoo). Hoje colocámos uma MOORING (aparelho estático que ficam na coluna de água, ancorados ao fundo do mar, virado para a superfície para registar todos os organismos que por lá passam, assim ficamos a saber a sua abundância) que deverá ficar a operar por vários meses/anos. Todos estes aparelhos foram verificados e calibrados. 



A calibração das sondas foram feitas este ano na Baia de Scotia (Ilha de Laurie, que pertence às Ilhas Orcadas). Nesta Baia fica a Base Argentina Orcadas , onde tivemos o privilégio de visitar. Aliás, esta Base é a primeira Base científica na Antártida, que recolhe dados metereológicos continuamente desde 1904 (aquando da expedição Escocesa nestas ilhas).  Próximos passos: usar redes científicas de pesca RMT25 (Arrasto pelágico rectangular de 25 m2) para apanhar peixes, lulas e crustáceos. É a maior rede a bordo!!!! O que será que vamos encontrar?
 

 





















To come to the Antarctic, i tis truly important to be in shape! Yes, it does matter. We have to work long hours, carry heavy equipment, go up and down the stairs endless times, literally runnig everywhere while we are on our shift. Therefore, being healthy does help to maximize your ability to work and enjoy more. Here, at the James Clark Ross, one of the officers organizes “circuits” 3 times a week. “Circuits” is a group of exercises that you have to repeat in stations. For example, in one station  you have to do squats, another burpess and starman exercises... we stay initially 3 minutes in each station, moving from one to aonther, until completing all stations. Then do everything again, for 2 minutes, and then for 1 minute. At the end, we are pretty tired but with a big smile in our faces.  In the last two days, we have been carrying out abundance surveys in a certain marine canyon, a region in which depth increases rapidly (from the perspective from whom is viewing it from land)and it known to aggregate a lot of marine organisms, both including Antarctic krill but also top predators that we have been tracking. Today we deployed a MOORING (an static equipment that is attached to the bottom, to detect organisms in the water column) that will be operating for motnths/years. All these equipments were tested and calibrated previously to make sure we collect good information. The calibration of these devices were carried out this year at Scotia Bay (Laurie Island, South Orkneys), in front of the Orcadas Research Base of Argentina. We happily went for a quick visit to see the oldest part of the Base, that is the first in the Antarctic. It has been recording metereological data since 1904, initially collected during the frist Scottish Antarctic Expedition. Next steps: Deploy RMT25 nets (the biggest we have onboard) to catch fish, squid and crustaceans. What shall we find? Getting excited!!!

 Jose Xavier & Jose Seco

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Primeiros Resultados| First results






Uma das grandes diferenças entre o meio marinho e o meio terrestre, é que em terra é relativamente fácil de ver e contar os animais e plantas, enquanto no oceano é bastante mais dificil.  Se desconhecemos o que se encontra debaixo de água, o que podemos fazer? Primeiro é preciso saber as caraterísticas da água (se é quente, se é densa, se é muito ou pouco salgada). Para isso faz-se um CTD.  Este instrumento é usado para determinar a condutividade (C), temperatura (T) e profundidade (do Inglês Depth; D) do oceano, em que garrafas são fechadas a determinadas profundidades e recolhem amostras de água dessa região. Para o nosso estudo de metais pesados, estamos a usar água onde a quantidade de clorofila (que se encontra dentro das plantas) é maior e aos 500 metros de profundidade, onde os valores de clorofila serão muito baixo. Assim, ao filtrar estas amostras vamos poder saber a quantidade de metais pesados nas quando há muita ou pouca clorofila. 

 





Depois de sabermos as caraterísticas da água, o próximo passo é conhecer que animais marinhos vivem lá. Usamos diferentes tipos de redes para apanhar diferentes tipos de animais. Por exemplo, para apanhar pequenos organismos na coluna de água usa-se MAMOTH. Este instrumento é um conjunto de 9 redes com uma malhagem muito fina (de 300 microns) usada verticalmente. As nossas primeiras redes apanharam maioritariamente larvas de camarão do Antártico, salpas, muito fitoplâncton, e alguns crustáceos (copépodes, anfípodes) em pouca quantidade. Estes organismos foram guardados para futuras análises. Estamos agora exatamente a 60º Sul e 47º Oeste. Várias espécies de predadores de topo alimentam-se nesta região. 


 












 
Diz-nos isto com toda a certeza pois temos colegas nossos nas colonias de algumas espécies (Otárias do Antártico, pinguins gentoos e pinguins de Barbicha) a colocar GPS nos animais. As viagens de alguns pinguins de barbicha está abaixo. A nossa colegas Claire Waluda está a coordenar um website (www.bas.ac.uk/project/krill-hotspots) e um twitter (@clairewaluda and @BAS_News) da expedição, particularmente relacionado com os predadores. O nosso objetivo é assim comparar o que encontramos no oceano com o que os nossos colegas estão a encontrar na dieta dos predadores.  Temos também alguns colegas a bordo de um barco Norueguês que esta a pescar camarão do Antártico nesta região do oceano austral, o que nos ter outro termo de comparação para os nossos resultados. Com esta intensidade de trabalhos passámos a trabalhar 12 horas seguidas, das 6 da tarde às 6 da manhã, horário da noite. Sim, aqui apesar de estarmos a 60º Sul, há algumas horas de noite (entre as 10 da noite às 3 da manhã). E porquê lançar as redes a estas horas? Porque no período da noite muitos animais vêm das profundezas para se alimentar junto à superfície (< 200 metros de profundidade), o que nos permitirá aumentar as nossas probabilidade de os apanhar nas redes. Estamos a falar particularmente de peixes, lulas e o zooplâncton (como o camarão da Antártida). Assim, com estes pequenos passos estamos a conhecer melhor a biodiversidade Antártica.  O nosso próximo objetivo é usar redes maiores para apanharmos organismos marinhos maiores, como peixes e lulas, além do camarão do Antártico em quantidades significativas…estamos ansiosos!

 

 

One of the main differences between the marine and the terrestrial environment is that in land is relatively easier to see and count animals and trees (at least the obvious one’s), whereas in the odcean is much harder to see anything beneath the surf. If we do not know what is in the ocean, what can we do? Well, first, we need to study the porpoertieso f the water (e.g. if it is cold or warm, if it’s dense or salty).  For that, we use CTD, and instrument commonly used in oceanography to determine the conductivity (C), Temperature (T) and Depth (D) of the Ocean, in which bottles are closed in certain depths to collect water from that region. For our study in trace metals, we use water where chlorophil is higher and at 500 meters (where the values are naturally low). By filtering these samples of water, we will start to know the quantity of trace metals and where they are located. After learning about the propoeties of the water, we wish to leaern more about the animals that live in the Southern Ocean. We use a range of nets that catch marine organisms in the water column. As an example, the last few days we used MAMOTH, a multinet instrument with a net with 300 microns used vertically. We have been catching small Antarctic krill, salps, fitoplancton, and small crustaceans (copepods, amphipods) in small quantity. These have been ketp for further analyses in the laboratory. We are exactly now at 60S and 47 W, where numerous predators feed. We know this because some colleagues of ours are GPS tracking chinstrap gentoo penguins and Antarctic fur seals. The trips shown are from chinstrap penguins. Claire Waluda, who is also onboard with us, is coordinating a website (www.bas.ac.uk/project/krill-hotspots) and twitter (@clairewaluda and @BAS_News), wheere yuo can obtain further information. Our goal is to relate what our research cruise compare our  data, with tohse collected onboard of an Norwegian fishing vessel and with where the predators have been going. Now we are on 12 hour shifts, working particularly at night, when fish and other organisms come closer to the surface. With these little steps, we are learning more about Antarctic marine biodiversity. Bigger nets will follow to catch bigger marine organisms, in higher quantities....we are getting excited!

 Jose Xavier & Jose Seco

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Ao estilo de Shackleton | Shackleton´s style



 


Estamos a meio caminho das ilhas Orcadas, após o abastecimento nas Falklands/Malvinas. Sabendo que nestes mares mais a Sul do que aqueles percorridos por Fernão de Magalhães, as grandes vagas, tempestades e condições extremas são abundantes, não saberíamos o esperar. Felizmente a viagem está a ser calma. Assim, tivemos a oportunidade de testar vários aparelhos na água, desde as redes a utilizar, ao aparelho que recolhe água (para estudar as características do Oceano, através da sua condutividade, temperatura e densidade da água a diferentes profundidades)). O José Seco operou a rede maior pela primeira vez, a RMT25 (Rectangular Mid-water Trawl; Arrasto pelágico rectangular de 25 m2, com este último valor a referir-se à abertura da rede), que devido ao seu tamanho, são necessárias precauções adicionais no seu manuseamento. 

 

Foi aqui que, mais uma vez,  é notório o papel fundamental da equipa de tripulantes (crew) no apoio aos cientistas, ao estilo de Shackleton, um dos grandes exploradores Britânicos dos Sec. XX (altruísmo é um valor fundamental numa expedição Antártica). Sim, tudo isto só é possível quando possuímos uma equipa de tripulantes que te ajudam! 



 O navio James Clark Ross tem 29 tripulantes e 18 cientistas (contando connosco Portugueses), gerido pelo capitão (“Master”) Ralph Stevens. Todos os detalhes são revistos, desde a segurança, aos aparelhos a utilizar, até o que comer. A expedição é desenhada de modo a que se consiga obter as amostras relevantes para os nossos estudos, mas sempre com a segurança em primeiro lugar. Assim, além da introdução sobre as questões de segurança que tivemos, há ainda  apoio informático que nos permite aceder ao nosso email e à internet, alguns tripulantes são responsáveis pelas refeições e da limpeza dos nossos quartos (em que é reiterado que também deveremos ajudar a manter tudo limpo). 

 

Verdade seja dita, a comida é fantástica e tratam-nos muito bem! Mais, o responsável pelas comunicações, Mike, que nos ajuda a manter o contato com as nossas famílias. E ainda mais? Os engenheiros responsáveis pelos motores, o capitão e colegas para dirigir o navio, e muito mais. Os exemplos são inúmeros: se é necessário um parafuso, o Craig Thomas pode ajudar. Ajuda para colocar os equipamentos dentro de água, é só falar com David Peck, Albert Bowen, George Dale e os seus colegas. O Peter Enderlein e Daniel Ashurst têm um papel fundamental no conhecimento do funcionamento dos equipamentos, o Mark Preston e Carlson Mcafee na vertente electrónica. Jeremy Robst é tudo o que tenha a ver com a informática, desde acesso à internet a como fazer uma skype call a partir do navio.  Ao nível da rádio e contatos com o exterior, falar com o Mike Gloistein. Os engenheiros, fundamentais na operação dos motores do navio e o funcionamento do equipamento motor, dirigido por Neil MacDonald. Foram eles que nos deram as proteções para os ouvidos para dormirmos melhor. Bem hajam! Possuímos o contato privilegiado com Richard Turner, que tem sido a ponte entre a logística do navio e os cientistas, tem-nos informado sobre muitas das questões de segurança dentro do navio (além de organizar atividade física para os mais corajosos). Ontem tivemos uma apresentação sobre as preocupações a ter quando se vai numa viagem a terra, bio-segurança, dada por Timothy Page. 
 Questões como limpar todas as roupas de quaisquer pólen, sementes ou qualquer planta, é imperativo para evitar contaminações com invasoras, que poderiam por em risco a biodiversidade Antárctica. Uma nota importante para todos que cozinham (e servem) para nós todos os dias: John Pratt e Brian Robertson (com o apoio de Lee Jones, Nicholas Greenwood, Graham Raworth e Rodney Morton) são excelentes no seu trabalho e tem-nos deliciado com os seus cozinhados todos os dias. Resumindo: é muita gente para que tudo funcione eficientemente para um sucesso de uma expedição.  Para poderem compreenderem o quanto custa obter cada uma das nossas amostras, é muito importante refletir, e agradecer, o quanto esta equipa fabulosa de tripulantes a bordo do James Clark Ross faz por nós todos os dias. Muito obrigado. Sem vós, nada disto seria possível. Bem hajam!!! De momento, continuamos a ter reuniões a tratar de pormenores do programa, liderado por John Watkins. Estamos a chegar às Orcadas do Sul...

 

We are on our way to South Orkneys (Antarctic). Happily the trip is going smoothly. As soon as we had the opportunity we put the various equipments in the water for testing. This was the first time that Jose Seco deployed an RMT 25 (Rectangular Mid-water trawl). It was here that it was noticable, once more time, the value of the excellent between the crew and science teams. Yes, everything is possible when everyone helps. On this research cruise, the James Clark Ross has 29 crew and 18 scientists, in which we are included, managed by the Master Ralph Stevens.  All details are double-checked, from the health and safety, to which research equipment to use, to what to eat. Everything is covered so that we carry out the science in the most efficeint and safest way possible. Therefore, the crew support is estraordinary onboard. Examples are plentiful: Craig Thomas, David Peck, Albert Bowen, George Dale and colleagues, Peter Enderlein and Daniel Ashurst (work on deck), Mark Preston and Carlson Mcafee (electronics), Jeremy Robst (informatics), Neil MacDonald and colleagues (engeneering) and the lsit goes on and on! We do posses a closer relationsihp with purser Richard Turner, who has been our first point of contact since we got onboard. A special word for the excellent food presented to us by John Pratt and Brian Robertson (with the support of Lee Jones, Nicholas Greenwood, Graham Raworth and Rodney Morton). In summary: many people contributes so that our research cruises accomplishes its objetives succesfully. It is truly important to realize the work and effort that was put for each of the samples obtained, and thank these fabulous BAS teams.  Thank you! The cruise is still on its way, but a special recognition is already well deserved....obrigado!

 Jose Xavier & Jose Seco

 

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Partida para Sul| Departuring South






Após muitos meses de preparação, com um aumento crescente de testes do equipamento, verificação de tudo, e com todos a bordo, estamos finalmente a começar a expedição. Deixámos as Ilhas Falkland/Malvinas no dia 19 no início da tarde. Com o anúncio do capitão que iríamos para  o mar, a alegria foi grande. Estamos prontos! A saída de Stanley foi calma. Estava de chuva mas sem muito vento. Tivemos até a bela surpresa de termos os golfinhos Commerson a passar perto do barco (excelente foto tirada por Mike Gloistein; o seu blog é http://www.gm0hcq.com/), como se nos tivessem a dizer “Boa viagem”. Como sabemos se já estamos no alto mar, mesmo sem olhar pela janela do navio? Basta sentir as vagas a passar, que vão aumentando progressivamente, à medida que vamos entrando por este Oceano gigante. Já tomámos os comprimidos para o enjoo (normalmente é 2 horas antes de deixar o porto), para evitar surpresas desagradáveis. Para os que não sabem, para habituarmos-nos ao baloiçar para um lado e para o outro, demora tempo e exige paciência e bom senso. Tomar comprimidos ajuda, mas ficar deitado e evitar comidas picantes, pesadas ou que exigem muito do estômago, é o melhor.  Hoje o almoço foi pizza com peperoni...sim, não é o ideal mas estava tão boa! Depois contamos quais foram as consequências no enjoo. Estamos em direção à Baia da Mare (Mare Bay), que fica já na costa das Ilhas Falkland/Malvinas, para abastecimento. Os próximos 2-3 dias serão em direção às Ilhas Orcadas do Sul. Para isso iremos entrar no Mar da Escócia (Scotia Sea), e entraremos no Oceano Antártico....o frio já se começa a sentir...até já!



After many months of preparations, with the growing raising of tests on the equipment, double-checking everything, with everyone onboard, we are finally going South!!! We left the Falkland/Malvinas Islands on the 19th January at the beginning of the afternoon. After the announcement by the captain that we were departing, a smile came to everyone. It was rainy but with only a light, softy breeze. We even had the nice surprise of Commerson´s dolphins coming to say “have a nice expedition!”. We are ready! At that time, we took our sickness pills (to be taken 2 hours before departuring) so that we avoid being sick. For those that do not know, it does take some time to get used to the swinging to one side to the other. It demands time, patience and good sense. Taking pills helps, but lying down and avoiding hot and “heavy” food that demands an extra effort from your stomach, it helps. We are on the direction of Mare Bay, on the coast of the Falklands/Malvinas, to re-fuel. Then, we go direction South, towards South Orkney, crossing the Southern Ocean, via the Scotia Sea. The cold is already starting to be felt….talk to you more soon!

 Jose Xavier & Jose Seco