sábado, 26 de abril de 2008

Lançamento do livro "Uma Aventura" (book launch)



























No dia 15 de Março foi lançado o livro "Uma Aventura...no Alto Mar", o numero 50 de Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães. Estas simpáticas escritoras começaram a escrever os livros "Uma Aventura..." em 1982. O interessante é que o livro foi feito em colaboração com cientistas polares...




















O lançamento foi um sucesso. A ideia veio da Prof. Clara Rocha que as contactou sobre a possibilidade de fazer uma aventura polar. Eu e o Gonçalo tivemos várias conversas sobre como é fazer ciência polar numa perspectiva portuguesa, a importância da ciência polar para o planeta Terra, e como seria importante chegar algumas das nossas aventuras pessoais para os mais novos. Foi bom ter lido os livros "Uma Aventura..." quando criança e agora, 20 anos depois, estar a dar ideias para um e conhecer as autoras pessoalmente...um sonho!




















O livro não só me levou à Antárctica, como também me fez viver algumas das muitas aventuras que tive. E ter tido o privilégio de estar na própria aventura? Brilhante! Toda a história dos 5 está muito bem construida e elaborada. Com um humor único e uma sensibilidade fantástica das autoras, somos facilmente levados a estarmos sempre ao lado das gemeas, do Pedro, do João e do Chico nesta aventura.





















Aqui temos a professora Madalena Mota com as autoras para a sua cópia autografada. Os seus alunos agradeceram certamente. Na parte final do livro existe uma secção importante sobre "o que é real na história". Aqui pode-se ler informação importante sobre as regiões polares, o Ano polar Internacional e a ciência portuguesa, tudo bem recheado com fotografias nossas.


Por fim, gostaria apenas de deixar um beijo à professora Cristina Teixeira (em baixo) e os seus alunos da D. Maria Pia (Casa Pia de Lisboa) pelos excelente filmes que nos têm proporcionado. É com este sorriso deste miudo que vos deixo hoje...Boas leituras!!!










"There was a launch of a children´s book in Lisbon on the 15 March, in which 5 children are taken to the Antarctic and undertake a number of adventures. The authors, famous in Portugal, Ana Maria Magalhães and Isabel Alçada, are considered to be the "Enid Blyton" of Portugal. The storyline was created through conversations with polar scientists and whose book was a huge success!"

segunda-feira, 14 de abril de 2008

REFLECÇÕES SOBRE A VIAGEM













Regressei da Antárctica há semanas mas sinto que ainda estou lá quando acordo. O som das ondas do mar polar, a beleza rara dos icebergues, a curiosidade dos pinguins... elas ficam na memória por muito tempo.Desta vez, foram 8 semanas onde estive num cruzeiro científico a bordo do navio James Clark Ross a fazer ciência polar marinha, dentro do Ano Polar Internacional (API), um programa cientifico e educacional sobre os pólos.



Este programa reúne mais de 50 000 cientistas de cerca de 60 países de todo o mundo. Neste cruzeiro foram 26 cientistas de países de todo o mundo, incluindo o Reino Unido, Estados Unidos, Dinamarca, Eslovénia, Alemanha e claro, Portugal. O nosso país têm cerca de 20 cientistas a trabalhar no pólos e está a participar neste programa pela primeira vez na sua história e conta com o apoio e colaboração de numerosas instituições educacionais portuguesas.Como Português foi uma aventura polar constante.




O mais espantoso é perceber como o tempo voa. Sempre é verdade quando se diz que quando se está a fazer o que se gosta, a noção do tempo se altera para acelerar a velocidades próximas à da luz.Eu tive a oportunidade única de investigar como o Oceano Antárctico pode ser afectado pelas alterações climáticas. Como? Estive a recolher amostras de 3 áreas bastante diferentes dentro do Oceano Antárctico (a sul junto ao Continente Antárctida no meio do gelo, no meio do Oceano Antárctico sem gelo e na fronteira do Oceano Antárctico com águas mais quentes a norte) e caracterizar que animais vivem nestas áreas. Geograficamente, estive no Mar de Weddell rodeado de gelo e fui até a norte da Geórgia do Sul.



Isto é muito interessante pois até agora, muitos estudos têm investigado partes do Oceano Antárctico e assume-se que os animais que aí vivem estão distribuídos por todo o lado. Nós já tínhamos indícios que pinguins, focas e baleias se alimentavam de espécies diferentes mas faltava confirmar se isso devia-se a eles estarem a alimentar-se em áreas diferentes ou aos pinguins ou focas escolherem aquilo que querem comer. Assim, usei vários tipos de redes de pesca para estudar o que existe no Oceano Antárctico nessas diferentes áreas e a diferentes profundidades. Os resultados preliminares mostram que existem reais diferenças de abundância de animais (muito óbvio nos peixes) de acordo com a latitude, o que nos leva a crer que caso as águas do Oceano Antárctico aqueçam, diferentes espécies podem ser mais afectadas e não todas ao mesmo tempo como se suponha até agora. Ou seja, deixou todos os cientistas fascinados!!!!!Já fui à Antárctica 5 vezes, e todas foram muito especiais.



Desta vez teve a particularidade de ter estado pela primeira vez na vida num navio onde vários dias estive rodeado de gelo. Imaginam ter o mar todo à vossa volta todo branco, rodeado de icebergues gigantes e gelo? Sim, tirei fotos e tentei recordar tudo ao segundo na memória mas nada se compara a estar lá ao vivo. Mais, muitas vezes vi o nascer do sol, com cores nunca vistas, com albatrozes e baleias a fazer-nos companhia. Numerosas vezes as baleias andavam em redor do navio. Aí, tive a sensação de os animais estarem a olharem para nós e a perguntar "Quem são vocês?". Era como estivesse no Zoomarine mas desta vez eram os animais a nos observar e a ficarem fascinados. Momentos maravilhosos, esses...Neste cruzeiro, tive também ocasiões de ir a terra, algo que é raro nos cruzeiros científicos pois andamos sempre muito atarefados. Estive na Ilha Signy, onde o Reino Unido tem uma base científica. Ai estive com amigos cientistas Ingleses e Japoneses que trabalham com pinguins. Conversamos muito sobre os pinguins e claro estive com os elefantes-marinhos e lobos-marinhos. Como eles raramente vêem pessoas, é muito fácil estar próximo deles.


A segunda ocasião foi na Geórgia do Sul, em Grytviken. Foi num dia magnífico, sem vento e com temperaturas amenas para a Antárctica. Tive a oportunidade de estar com pinguins-rei, visitar a antiga estação baleeira e de prestar homenagem ao Sir Ernest Shackleton, um verdadeiro explorador polar, junto à sua sepultura.Ainda recentemente senti que, ao acordar, ainda estava na Antárctica. Na verdade, viajo lá todas as noites...