Lembraste o que te levou a gostar logo daquela pequena capela em
forma de castelo em Fornos de Algodres? Ou aquela 9 sinfonia de Dvorák? Ou
aquela manta feita à mão pela Rita?
Muitas vezes é algo imediato: ao ver, ao ouvir ou a sentir. Mas
muitas vezes é sabendo o contexto que faz apreciar ainda mais essas
coisas…saber que
para ficarmos fascinados pela Capela de Nossa Senhora da Encarnação
no Casal Vasco (Fornos de Algodres; fotografia do Municipio de Fornos de Algodres),
bastou ler um pouco mais sobre a sua história (com várias pedras sigladas da
época medieval) que vai até aos tempos românicos. Para a sinfonia de Dvorák,
saber que esta sinfonia foi levada por Neil Amstrong na viagem à Luan a missão
Apolo em 1969. Quanto à manta, basta notar a dedicação da Rita a fazer crochê à
medida que a manta cresce e cresce…
Todo este contexto faz-nos ficar mais fascinados com o que nos
rodeia…no meu trabalho é igual. Quando fui convidado para vir à Nova Zelândia
para analisar amostras da dieta de albatrozes, desejei logo saber mais sobre a
história por trás do estudos destes magnificos animais nesta parte do planeta!
A investigação em albatrozes na Nova Zelândia tem sido conduzida há
décadas, com Kath Walker e Graeme Elliott fazendo um trabalho estraordinário
com estas aves. A sua visão para estudar os diferentes aspetos de ecologia
alimentar dos albatrosses Gibson e Antipodas levo-os a recolher boluses (são
aglomerados de elementos não digeríveis que são regurgitados voluntariamente
pelos filhotes dos albatrozes antes de deixar o ninho, que inclui
principalmente os bicos de lulas e polvos mas também penas, pequenos plásticos,
entre outros) nos últimos 22 anos!! Ao identificar os bicos à espécie, podemos
começar a perceber o que estes albatrozes andaram a comer no mar. Mais ainda,
estas espécies de lulas e polvos são muito difíceis de apanhar com redes de
pesca, tornando essa informação ainda mais valiosa. Nos anos 1990, Mike Imber
da NZ Wildlife Service, já tinha verificado que havia umas diferenças entre as
dietas das duas espécies de albatrozes. Depois disso, Kath e Graeme fizeram
rastreio com aparelhos de geolocalização (com erros de 150-180km), que
mostravam que os albatrozes iam a diferentes zonas dos oceanos. Agora tenho o
enorme privilégio de seguir os passos de Mike Imber e com os colegas David
Thompson e Soniya MacArtney…vamos continuar com a história….
What leads you to enjoy even more seeing a nice chapel, listening to
a classical music symphony or feeling the smoothness of a small blanket made by
crochet? Sometimes is learning more about its context. More information about
an amazing beautiful chapel that it was built in the Roman times, that the 9
Symphony of Dvorak was taken by Neil Amstrong on his trip to the Moon in 1969
and that the crochet blanket was made with so much love and care. Such context really makes us more fascinated of what surrounds
us….in my work is the same… Research on albatrosses in New Zealand has been carried out for
decades, with Kath Walker and Graeme Elliott doing an amazing work on the
conservation of these amazing seabirds. They vision to study at different
aspects of the feeding ecology of Gibson´s and Antipodean albatrosses (at
Auckland and Antipodes Islands, respectively), took them to collect boluses
(indigestible items that are regurgitated voluntary by albatross chicks, prior
to fledging; these include cephalopod beaks, but also feathers, fishing hooks,
fishing lines, amongst other items) for the last 22 years. By identifying the cephalopod
beaks to species level, we could start looking to where these albatrosses might
feed. In the 1990´s the NZ expert on cephalopod identification, Mike Imber from
the NZ Wildlife Service, had already found a tiny sample that Gibson´s and
Antipodean wandering albatrosses had markedly different species of cephalopods
in their diets. Following this work, Kath and Graeme were able to satellite
track them, in order to truly understand their foraging ecology, along with
their feeding ecology, both extremely useful for their conservation. Boluses
started to be collected again in 1995 when the albatross populations crashed
and Kath and Graeme wondered if they were still feeding in the same areas.
Using geolocation data loggers (location errors is bigger, up to 150-180 km,
but they last longer, more than 2 years), both showed that their sea
distributions expanded (going further but getting less food), though there were
still going to the Tasman Sea (Gibson´s wandering albatross) and the Pacific
Ocean (Antipodean wandering albatross). I, along with David Thompson and Soniya
MacArtney, have the huge privilege to follow Mike Imber´s footsteps and aid
Kath and Graeme to assess the cephalopod component of the diet of both
wandering albatross species, through boluses….let´s the story continue…