domingo, 30 de março de 2014

Sempre bom saber mais| Always good knowing more


Lembraste o que te levou a gostar logo daquela pequena capela em forma de castelo em Fornos de Algodres? Ou aquela 9 sinfonia de Dvorák? Ou aquela manta feita à mão pela Rita?








Muitas vezes é algo imediato: ao ver, ao ouvir ou a sentir. Mas muitas vezes é sabendo o contexto que faz apreciar ainda mais essas coisas…saber que
para ficarmos fascinados pela Capela de Nossa Senhora da Encarnação no Casal Vasco (Fornos de Algodres; fotografia do Municipio de Fornos de Algodres), bastou ler um pouco mais sobre a sua história (com várias pedras sigladas da época medieval) que vai até aos tempos românicos. Para a sinfonia de Dvorák, saber que esta sinfonia foi levada por Neil Amstrong na viagem à Luan a missão Apolo em 1969. Quanto à manta, basta notar a dedicação da Rita a fazer crochê à medida que a manta cresce e cresce…

Todo este contexto faz-nos ficar mais fascinados com o que nos rodeia…no meu trabalho é igual. Quando fui convidado para vir à Nova Zelândia para analisar amostras da dieta de albatrozes, desejei logo saber mais sobre a história por trás do estudos destes magnificos animais nesta parte do planeta!












A investigação em albatrozes na Nova Zelândia tem sido conduzida há décadas, com Kath Walker e Graeme Elliott fazendo um trabalho estraordinário com estas aves. A sua visão para estudar os diferentes aspetos de ecologia alimentar dos albatrosses Gibson e Antipodas levo-os a recolher boluses (são aglomerados de elementos não digeríveis que são regurgitados voluntariamente pelos filhotes dos albatrozes antes de deixar o ninho, que inclui principalmente os bicos de lulas e polvos mas também penas, pequenos plásticos, entre outros) nos últimos 22 anos!! Ao identificar os bicos à espécie, podemos começar a perceber o que estes albatrozes andaram a comer no mar. Mais ainda, estas espécies de lulas e polvos são muito difíceis de apanhar com redes de pesca, tornando essa informação ainda mais valiosa. Nos anos 1990, Mike Imber da NZ Wildlife Service, já tinha verificado que havia umas diferenças entre as dietas das duas espécies de albatrozes. Depois disso, Kath e Graeme fizeram rastreio com aparelhos de geolocalização (com erros de 150-180km), que mostravam que os albatrozes iam a diferentes zonas dos oceanos. Agora tenho o enorme privilégio de seguir os passos de Mike Imber e com os colegas David Thompson e Soniya MacArtney…vamos continuar com a história….


What leads you to enjoy even more seeing a nice chapel, listening to a classical music symphony or feeling the smoothness of a small blanket made by crochet? Sometimes is learning more about its context. More information about an amazing beautiful chapel that it was built in the Roman times, that the 9 Symphony of Dvorak was taken by Neil Amstrong on his trip to the Moon in 1969 and that the crochet blanket was made with so much love and care. Such context really makes us more fascinated of what surrounds us….in my work is the same… Research on albatrosses in New Zealand has been carried out for decades, with Kath Walker and Graeme Elliott doing an amazing work on the conservation of these amazing seabirds. They vision to study at different aspects of the feeding ecology of Gibson´s and Antipodean albatrosses (at Auckland and Antipodes Islands, respectively), took them to collect boluses (indigestible items that are regurgitated voluntary by albatross chicks, prior to fledging; these include cephalopod beaks, but also feathers, fishing hooks, fishing lines, amongst other items) for the last 22 years. By identifying the cephalopod beaks to species level, we could start looking to where these albatrosses might feed. In the 1990´s the NZ expert on cephalopod identification, Mike Imber from the NZ Wildlife Service, had already found a tiny sample that Gibson´s and Antipodean wandering albatrosses had markedly different species of cephalopods in their diets. Following this work, Kath and Graeme were able to satellite track them, in order to truly understand their foraging ecology, along with their feeding ecology, both extremely useful for their conservation. Boluses started to be collected again in 1995 when the albatross populations crashed and Kath and Graeme wondered if they were still feeding in the same areas. Using geolocation data loggers (location errors is bigger, up to 150-180 km, but they last longer, more than 2 years), both showed that their sea distributions expanded (going further but getting less food), though there were still going to the Tasman Sea (Gibson´s wandering albatross) and the Pacific Ocean (Antipodean wandering albatross). I, along with David Thompson and Soniya MacArtney, have the huge privilege to follow Mike Imber´s footsteps and aid Kath and Graeme to assess the cephalopod component of the diet of both wandering albatross species, through boluses….let´s the story continue…


 

quarta-feira, 26 de março de 2014





 O livro «EXPERIÊNCIA ANTÁRTICA - Relatos de um Cientista Polar Português», dentro da colecção Ciência Aberta, sairá em Março 2014. Ir a https://www.gradiva.pt/

 Veja o vídeo em que revela o trabalho que tem desenvolvido. https://www.youtube.com/watch?v=GebvruDcHa8

Espero que gostem!


The book "Antarctic Experience: views from a Portuguese Polar Scientist" (in Portuguese) by José Xavier, within the Collection Ciência Aberta (Editora Gradiva), sairá em Março. Go to https://www.gradiva.pt/ and see a video about his work there at
https://www.youtube.com/watch?v=GebvruDcHa8


Hope you like it!

domingo, 23 de março de 2014

Portugueses na TV | Portuguese people on TV



Ser cientista polar exige muitas vezes ter de ir recolher amostras nas regiões polares. Alternativamente pode estabeleçer colaborações com outros colegas que podem recolher essas amostras, e só ser necessário analisar essas amostras no laboratório. No meu caso, eu estou na Nova Zelândia onde trabalharei num dos institutos mais reconhecidos para analisar amostras da dieta de albatrozes que vivem em todo o Pacifico. 



Esta semana foi passada a ver MUITAS amostras e a relembrar os bicos das lulas mais complicadas. É incrível que mesmo com mais de 10 anos a identificar bicos de lulas da Antártida, ainda é preciso verificar tudo ao detalhe, ser muito exigente comigo próprio e nunca facilitar, o que realça a complexidade na identificação . Na verdade, esta metodologia de taxonomia é muito importante pois tenho de ter a certeza do que estou a identificar. Se tenho dúvidas sobre um bico, eticamente tenho a obrigação de o classificar com desconhecido (em vez de ficar tentado a classificá-lo a uma ou outra espécie que o bico seja parecido). Isto porque é fundamental saber exatamente (e corretamente)o que os albatrozes andaram a comer, e sermos capazes de produzir modelos matemáticos corretos sobre como funciona o Oceano Antártico. E nos primeiros dias não foi fácil, pois são muitas horas de diferença entre Portugal e Nova Zelândia (hoje falei às 9 da manhã com colegas de Portugal, onde era 8 da noite do dia anterior).



Como a Nova Zelândia fica do outro lado do mundo de Portugal, eu esperava que não receberia qualquer informação de Portugueses, ou até mesmo da Europa. Puro engano. As notícias da estação televisiva da Nova Zelândia pareçe-se muito com o nosso telejornal: começa com as notícias locais e nacionais, depois aborda os grandes assuntos internacionais (de momento, é o que se passa na Crimeia e o desparecimento de um avião das linhas áerias da Malásia), terminando com o desporto (sim, sei que a Irland ganhou as 6 nações de raguebi) e a metereologia (estive no meio de o ciclone Lusi há uma semana).



Mas ao estar no outro lado do mundo esperava não ouvir e ver Portugueses na TV. Desde que aqui estou já vi aqueles que já se esperava, refletindo a imagem do que Portugal é hoje no mundo. Adivinha quem são? Estou logicamente a falar de José Mourinho e de Cristiano Ronaldo, com assuntos relacionados com futebol. O terceiro foi uma surpresa: David Prescott apareceu na TV da Nova Zelândia a relatar um campeonato do mundo de surf. Como cientista Português, é tão bom reconhecer estas caras que me são familiares. Também é bom conheçer novas pessoas, novos colegas, estabeleçer novas colaborações….mas antes de tudo (e antes de sermos cientistas), somos seres humanos, com gostos, preferências, opiniões, que adoram o surf, que torçem pelo Mourinho, que vibram com um golo do Ronaldo, que ficam felizes por receber mais uma receita para fazer por email, e que possui os mesmos desafios diários como toda a gente… e ver Portugueses na TV faz-me certamente sentir-me um pouquinho mais perto de casa!



Being a marine scientist means going to the field regularly to collect samples. As an Antarctic scientist, going to the Antarctic is a MUST...except if you have colleagues that can collect the samples for you. That is exactly why I am in New Zealand. Some colleagues from New Zealand collected the samples, and I am in Wellington (capital of New Zealand) analyzing them. This week I analyzed LOADS of samples in the lab. It is interesting to realize that I had to review everything I knew about cephalopod beaks identification, even if I worked in this field for more than 10 years. Identifying the beaks correctly is fundamental, and it requires a lot of attention to details, to correctly characterize the diets of the albatrosses and consequently provide valuable (and correct) data to models for the Southern Ocean. In these first days, it was not easy due to the jet lag. Even being on the other side of the world (the furthest way from Portugal), I still hear about Portugal: guess who? of course, about football...and logically José Mourinho and Cristiano Ronaldo. Interestly enough, I also say David Prescott, a juri on world surfing championships on a NZ Sports TV.  These small things make you closer to home...














sábado, 15 de março de 2014

Talking to the Young Zoologists and Zoology Club members!!!















 Today I will be talking to the some of the most keen young zoologists in the world, under the supervision of Rosalyn Wade (Cambridge University Museum of Zoology)...via skype from New Zealand!!!!

A few weeks ago, Rosalyn was explaining to students in Portugal, via skype as well, in which we learned so much about the interesting animals that the Museum contains and how it is useful for science as well as for education for the future generations...



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Muito obrigado!!!!!

Many thanks!!!

Thank you Antony Jinman!!!

LETTER TO ANTONY JINMAN


Dear Antony

THANK YOU for taking our flag to the South Pole.



Your expedition was brilliant. We followed all your adventures everyday!!!!

 Meeting you in person last year, at our international workshop on polar education, was already a great sign that a lot of good things were coming...

We got inspired not only to enjoy our research and its value to society but most importantly to be better persons!

All the best

Jose Xavier

Please check http://www.eteteachers.org/ for Antony´s amazing projects!!!






Workshop Nacional um sucesso!

Apenas um pequeno comentário...




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A workshop nacional “Educação & Ciência: da Investigação Polar à Sala de Aula”, organizada pelo Instituto do Mar da Universidade de Coimbra e o Instituto de Educação e Cidadania no dia 1 de Março 2014, foi uma iniciativa após o sucesso da workshop internacional para professores/educadores que decorreu na Universidade de Coimbra, em 2013 (Walton et al. 2013).

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A workshop internacional de 2013 foi a primeira workshop que trouxe  professores, educadores e cientistas polares, depois da última conferência do Ano Polar Internacional, em Montreal (Canada) em 2012.  Os objetivos dessas iniciativas pretenderam estabelecer meios para facilitar as colaborações com cientistas polares e providenciar informação e acesso a instrumentos educacionais. Além disso, também pretende ajudar os cientistas polares a melhorarem as suas capacidades de comunicação, seja, por exemplo, com alunos de diferentes idades, com os media, com os políticos, com o público em geral, permitindo o estabelecimento e crescimento do Polar Educators International (PEI). 


         
 Após o Ano Polar Internacional e o fim do programa educacional LATITUDE60!, Portugal continuou a ter uma grande visibilidade ao nível educacional, mas com atividades a serem realizadas geralmente pelas Universidades e Institutos individualmente (Kaiser et al. 2010; Baeseman et al. 2011; Zicus et al. 2011; Xavier et al. 2013). Só mais recentemente, com os projetos Profissão: cientista Polar e Educação PROPOLAR, várias iniciativas conjuntas, associadas ao Programa Polar Português (PROPOLAR), à Associação de Jovens Cientistas de Portugal (APECS Portugal) e PEI, começaram novamente a surgir, incluindo a workshop internacional mencionada acima organizada em Portugal, a exposição itinerante (agregando fotografias das principais equipas de investigação polares portuguesas) e a participação nas SEMANAS POLARES internacionais.





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Esta workshop teve lugar no Instituto de Educação e Cidadania (Mamarrosa) foi explicitamente dirigida a professores e educadores portugueses, pois após a workshop internacional, foi notório que havia a necessidade de reunir pela primeira vez todos estes professores e educadores com cientistas polares para: 

1-      Fornecer noções básicas sobre a ciências marinhas, terrestres, sociais e relações internacionais das regiões polares  aos professores e educadores (através de palestras de (jovens) cientistas polares),
2-      Conhecer e difundir os projetos educativos e iniciativas educativas existentes em Portugal e no estrangeiro sobre as regiões polares,
3-      Dar exemplos de atividades educativas que os professores e educadores poderão fazer facilmente nas suas escolas/instituições educativas,
4-      Conhecer e partilhar experiências de professores e educadores que mais têm realizado atividades educativas com a comunidade científica polar portuguesa.



As inscrições esgotaram em Janeiro, mais de 1 mês antes da data de encerramento das mesmas. Esta workshop contou como um total de 49 participantes de todo o país (dos quais 13 eram cientistas), com 11 palestras orais (das quais 5 foram científicas), 2 skype calls (uma para a região Antártica e outra para o Algarve) 3 demonstrações de atividades que professores/educadores podem realizar na sala de aula. Todas as palestras foram bem recebidas, com alguns temas (como as alterações climáticas e aquecimento global) a receberem várias e interessantes questões por parte dos participantes. Excelente dia!!!

José Xavier, Patrícia Azinhaga e Sónia Ferreira

PS. The National workshop on Polar Science and Education for  Portuguese teachers and educators took place at the Institute of Education and Citizenship (Mamarrosa, Portugal) on the 1st March 2014 got together 49 participants from all over the country, with scientific lectures in the morning (on Marine, Terrestrial and Atmospheric sciences and international collaborations, by polar scientists), educational lectures (given by the most experienced teachers/educators) and educational hands-on activities that the least experienced teachers/edcuators could do in their classroom. A total of 11 oral presentations, 2 skype calls (one to the Antarctic) and 3 demonstrations were carried out during the day! Brilliant day!
 

Partida, chegada e ciclone| Departure, arrival and cyclone




O tempo voa quanto te estás divertir! Estes últimos 2 meses em Coimbra foram tão bons que ainda estou a lidar que já estou na Nova Zelândia novamente. Uma das principais razões é que a viagem é realmente longa. A viagem de avião, de Portugal a Nova Zelândia, demorou quase 2 dias (partida às 13.35 da tarde de dia 10 de Março 2014 com chegada às 14.50 da tarde do dia 12 de Março; são 13 horas de  diferença em fuso horário, com a Nova Zelândia com + 13 horas que em Portugal).  A partida de Lisboa foi rápida, parando no Dubai onde passei todo o dia no aeroporto (10 horas), indo depois para Sydney. Nestas viagens de avião durmo MUITO pouco e devoro tudo o que é filmes (na última viagem devo ter visto um total de 10 filmes). No entanto nesta viagem, com uns headphones que diminuem o barulho, permitiu-me dormir que nem uma pedra...pelo, só devo ter visto uns 4 ou 5 filmes;) e não me senti tão cansado como no ano passado. De Sydney a Wellington, foi apenas 2 horas mas ainda deu para ouvir o nome “Adriano de Souza” numa chamada de um voo (este é o nome de um famoso surfista brasileiro que está a fazer o campeonato mundial de surf, com colegas como o nosso Tiago Pires, e que estavam a apanhar aviões para a próxima paragem do Tour, na costa Oeste). 




Á minha chegada, o meu colega do instituto me disse que o tempo estava bom e com sol só para me receber (é Verão aqui, pois estamos no hemisfério sul e as estações são ao contrário de Portugal!) mas que um ciclone vinha caminho...BEM VINDO Á NOVA ZELÂNDIA, pensei eu!








Tal como no ano passado, esta viagem pretende acabar a  análise de amostras no estudo das lulas que os albatrozes (Diomedea exulans antipodensis e Diomedea exulans gibsoni) da Nova Zelândia se alimentam. Como estes albatrosses cobram enormes áreas do Oceano Antártico, e águas adjacentes em redor da Nova Zelândia, à procura de alimento (incluindo muitas espécies de lulas), nada melhor que estudar as suas dietas. Como eu estou a estudar a importância das lulas no Oceano Antártico, estes dados são a parte do puzzle que faltava. Já temos dados das lulas dos setores Atlântico (através dos estudos com a British Antarctic Survey) e Índico (através do Centro de Estudo Biológicos de Chizé, França) do Oceano Antártico, só falta mesmo a análise destas últimas amostras do setor Pacifico para finalmente ter uma ideia total da fauna de cefalópodes de todo o Oceano Antártico. Este projeto CEPH 2014, dentro do programa polar português PROPOLAR, envolve instituições de Portugal, Nova Zelândia, Reino Unido,  Espanha, Argentina e USA, e estará a decorrer até Abril 2014!  Até lá, muito trabalho no laboratório me espera...mas com um grande sorriso do costume também!


Times flies fast when you are having fun! The trip to Wellington was pretty good fun, despite the nearly 2 days to get there (via Dubai and Sydney). The objective of this expedition is to analyze samples of the diet of 2 species of albatrosses (Diomedea exulans antipodensis and Diomedea exulans gibsoni) from the Pacific setor of the Southern Ocean and adjacent waters. I and my colleagues already have data from the Atlantic sector and from the indian sector. Still jetlagged but with a big smile,I am writing form lovely Wellington with cyclone Lusi on the way!!! This project CEPH-2014 is within the Portuguese Polar Programme PROPOLAR, bringing together teams from Portugal, UK, New Zealand, France, Spain, Argentina and USA...until April 2014. Until then, let´s the fun begin!!!