sábado, 20 de dezembro de 2025

Project ICECAP 2025: À procura dos sons da Antártida /chasing Antartica sounds

 


Como é bonito o som dos cachorrinhos ou gatinhos. E o rugido de um leão na selva africana? Ou o som das baleias e golfinhos no mar dos Açores? E como serão os sons dos animais da Antártida? 

Na Antártida, o frio é tanto que poucas plantas sobrevivem. Apenas encontramos alguns musgos e liquens pela Ilha de Livingston, Península Antártica (onde estamos agora) em zonas sem gelo permanente em zonas pouco elevadas mas árvores não existem. Recordo-me de um dia me questionar que sons terá a Antártida num dia sem vento. Na Georgia do Sul, na expedição de 2009, num dia sem vento, lembro-me de ir caminhar no Inverno austral e de apenas ouvir os meus pés a pisar a neve. Pé ante pé, passo a passo, o silêncio intemporal entre cada passada. Parar e ficar em silêncio absoluto, até que uns moleiros decidiram interromper por breves segundos parecendo também incomodados com tanto silêncio. Não me contive: falei eu, em Português, para os filhotes de albatrozes viajantes que me estavam a fazer companhia; queria que eles ficassem a conhecer a língua de Camões e que ficassem com uma memória da nossa língua após meses a ouvir falar inglês. 




Pensando bem, existem muitos sons na Antártida, só temos de estar atentos para os ouvir. Basta o vento aumentar. a Antártida é o continente mais ventoso do planeta e o vento nota-se como um perfume logo entre as falésias, a passear pelos icebergs e a dar asas aos albatrozes para poderem voar pelos ares. O vento mascara alguns sons, mas amplifica outros, como os sons dos animais que podem estar longe e que parecem bem perto, como acontece quando estamos perto de um ninho de um moleiro ou de uma andorinha do Antártico.



Em conversa entre amigos, surgiu a hipótese de se registar profissionalmente os sons da Antártida. Os sons poderiam ser usados de inspiração para fazer música. Que boa ideia!!! À medida que íamos conversando, começamos a aprender a olhar para a Antártida numa perspectiva diferente. Desde que aqui estamos, tenho descoberto sons que não tinha dado reparado: o som do gelo a “borbulhar” a libertarem-se ao derreter na água, o som das ondas com blocos de gelo a serem atirados nas praias rochosas da Ilha de Livingston, o som de pinguins a dizer “Olá” entre namorados ao regressarem do mar, os sons dos elefantes marinhos a “ressonar” (pois costumam estar juntinhos ou uns por cima dos outros), os petréis gigantes a “resmungar” para uma pomba antártica, ou simplesmente o som das pessoas a conviver na base. E ainda não sabemos como melhor descrever o som das focas leopardo a comunicar entre si, potencialmente a cortejar.
Esta semana, os projetos científicos continuaram a decorrer bem, com idas regulares às colónias de pinguins gentoo e de barbicha, procura de mais focas leopardo e a conclusão do projeto dos peixes (já não é preciso ir mais à pesca). 

Um agradecimento especial ao Paulo Jacob e à Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC). 
Feliz Natal




José Xavier & José Seco

….............
(english version below)
The sound of dog or cat puppies are so nice. And the roar of a lion in an African jungle? Or the sound of whales and dolphins in the Azores Islands? And how would be the sounds of Antarctic animals?




In Antarctica, it is so cold that very few plants survive. Mosses and lichens are common in Livingston Island, Antarctic Peninsula (where we are now) but trees do not exist here. I do recall thinking how the sounds of Antarctica are in the day without wind. At South Georgia, during the 2009 scientific expedition, in a day without wind, I remember walking in an Austral Winter day and only hearing my feet stepping on the snow. Step by step, there was a silence between each of them. Then stop and hear the silence, until a couple of skuas decided to break the silence for a few seconds that also seemed to be perturbed by such silence. I could not restrain myself: I spoke in Portuguese to wandering albatross chicks that were keeping me company; I wanted them to listen to Portuguese, the language of Luís de Camões, as I was literally speaking English most of my time then.




In reflection, there are numerous sounds in Antarctica, we just need to be vigilant. The winds just need to be raising and we notice it passing by hills like a soft perfume, walking by icebergs and giving “wings” to the albatrosses going in the sky. The wind amplifies the sounds of the animals that can be far away but seem close, similar to when passing by somewhat close to a skua´s or Antarctic tern´s nests.



In a friends conversation, the hypothesis of professionally registering sounds of Antarctica seemed like a good idea. More than that, it could inspire to connect these sounds with art, such as music. So happy with such idea!!! As we were talking, we started looking at Antarctica from a slightly different perspective. Since we arrived at Livingston Island, we have been discovering sounds that I did not have noticed: the sound of ice melting (with the little bubbles being released), the sound of waves carrying ice blocks against the rocky beaches, the sounds of southern elephant seals “snoring” (as they love to hurdle together and sleep tightly sometimes), or simply the sound of people talking in Base without paying attention. And we do not know how to best describe the sound of leopard seals communicating between themselves, possibly mating calls.




This week, our scientific projects continued in a good rhythm, with regular trips to the penguin colonies, search for leopard seals and the conclusion of the fish project (we do not need to go fishing anymore).
A special thanks to Paulo Jacob and the Association of Cerebral Palsy Association of Coimbra -“Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra” (APCC)

Merry Christmas

José Xavier & José Seco

domingo, 14 de dezembro de 2025

Project ICECAP 2025: A terminar a adolescência/ nearly the end of teens




“Como a Antártida entrou na tua vida? A viagem até à Antártida demora quanto tempo? Como é ter um pinguim nas mãos? E viver lá? E tiveste medo? Quantas vezes já lá foste? O que comem as lulas? Qual foi o animal que mais te surpreendeu? E a tua melhor aventura? O que me dirias sobre as tuas experiências que já viveste sendo cientista que trabalha na Antártida?” Estas são algumas perguntas que nos perguntam regularmente....

Aquele brilhinho nos olhos é óbvio quando falamos do que gostamos. A existência deste blog é para isso mesmo: para partilhar convosco estas aventuras de vida, conhecer um pouco do que é ser cientista polar e aumentar a sensibilidade dos desafios que a Antártida enfrenta. Este blog existe desde 2007. Se fosse uma pessoa seria um adolescente com 18 anos!!!!










Pelo que me (José Xavier) lembro, são cerca de 10 expedições polares: A primeira expedição foi em 1999 (Bird Island, Geórgia do Sul – trabalho na ilha), 2000 (Bird Island, Geórgia do Sul – na ilha), 2004 (Ártico a norte das Shetlands do Norte – expedição oceanográfico + Geórgia do Sul – numa expedição oceanográfica), 2007 (Geórgia do Sul – numa expedição oceanográfica), 2009 (Mar de Scotia - numa expedição oceanográfica + Bird Island, Geórgia do Sul – na ilha), 2011 (Ilha de Livingston – na ilha), 2016 (Mar de Scotia - numa expedição oceanográfica), 2017 (Mar de Scotia – numa expedição oceanográfica), 2019 (Mar de Scotia – numa expedição oceanográfica) e agora 2025 (Ilha de Livingston – na ilha). 




O José Seco vai na sua quarta expedição Antártica: 2011, 2016, 2017 e agora 2025. São aventuras e muito trabalho cientifico nestes anos, com colaborações com colegas pelo mundo fora. Como as perguntas se mantinham ao longo dos anos e das visitas as escolas, tornou-se natural escrever um livro (https://www.gradiva.pt/produto/experiencia-antarctica/) onde respondo as questões e falo sobre todas as aventuras. E  continuamos a aceitar os inúmeros convites para ir às escolas e organizações educacionais.
Este ano, trouxemos várias bandeiras de escolas e instituições muito especiais. É tão bom poder partilhar como todos vós um local tão especial como a Antártida. 





Sempre que podemos, é tirar fotos com as vossas bandeiras, como se a dizer “também esteve aqui!!!”...seja junto a um glaciar, ao pé de um iceberg ou nas proximidades dos pinguins ou focas (mas com a distância exigida, devido à gripe das aves).
E nisto já passou 18 anos de blog a partilhar estas aventuras...e é tão bom estar a escrever-vos da bonita ilha de Livingston, na Base Búlgara St. Kliment Ohdristi. É muito difícil estar longe das nossas pessoas queridas, principalmente neste período do ano (Natal e passagem de ano), pelo que agradeço toda a paciência, compreensão e apoio. Pelo menos já se tem internet para conversas online sempre que possível (e a internet permita). Muito obrigado a todos!!!





José Xavier & José Seco

….............
(english version below)
“How Antarctica came into your life? How does it take to go to Antarctica? What is the feeling of having a penguin in your hands? And living in Antarctica? Have you ever been afraid? How many times did you go to Antarctica? What Antarctic squid eat? Which Antarctic animals most surprised you? What is your best Antarctic adventure? What would you tell me about your Antarctic experiences as a scientist?” These are some of the questions that people ask us regularly…



It is so obvious that spark in our eyes when we talk about things that we love. The existence of this blog is for that: to share with you the adventures of a lifetime, what is a polar scientist and increase our sensibility on the challenges that Antarctica faces today. This blog exists since 2007. If it was a person it would be a teenager with 18 years old!!!

For what remember (José Xavier), are about 10 polar scientific expeditions: the first expedition was in 1999 (Bird Island, South Georgia – on the island), 2000 (Bird Island, South Georgia – on the island), 2004 (Arctic north of the north shetlands – on a oceanographic expedition + South Georgia - oceanographic expedition), 2007 (South Georgia - oceanographic expedition), 2009 (Scotia Sea - oceanographic expedition + Bird Island, South Georgia – on the island), 2011 (Livingston Island – on the island), 2016 (Scotia Sea - oceanographic expedition), 2017 (Scotia Sea - oceanographic expedition), 2019 (Scotia Sea - oceanographic expedition) and now 2025 (Livingston Island – on the island). 




José Seco is on his fourth expedition: 2011, 2016, 2017 and now in 2025. There are many adventures and considerable scientific work in these years, through collaborations with colleagues from around the world. As questions were kept through the years, particularly when giving talks in schools, it became natural to write a book (https://www.gradiva.pt/produto/experiencia-antarctica/)  addressing these questions, science and Antarctic adventures, And we still continue accepting invitations to go to schools and educational organizations. 



This year, we brought various flags from very special schools and educational organizations. It is so nice to be able to share with all of you such a special place like Antarctica. Whenever possible, we take photos with your flags, as like saying “it has been here too!!”…being on a glacier, close to an iceberg or nearby penguins or seals (within the permitted distance, due to avian flu).



It has been 18 years of this blog sharing these adventures…and it is so good writing this text from Livingston Island, at the Bulgarian base St. Kliment Ordhristi. It is difficult to be away from our dearest family and friends, particularly at this time of the year (Christmas and New Year), and we thank you all for your patience, comprehension and support. At least we have internet to talk online when possible (and internet allows). Many thanks to all!!!!







José Xavier & José Seco



sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Project ICECAP 2025: O meu corpo é um templo/My body is a temple


 

Já saímos de casa há quase 1 mês. Por um lado parece uma eternidade por outro parece que foi ontem que chegámos à Antártida. O tempo voa aqui. Como estamos literalmente a fazer ciência desde que acordamos até irmos para a cama, raramente existe períodos parados. Estamos sempre a pensar quando será possível ir novamente às colónias de pinguins a Hannah Point, se estará bom para procurar mais focas leopardo ou recolher mais uns peixes. 





Mas para nós podermos fazer a nossa ciência, precisamos de um grande grupo de apoio. Kamen Nedkov é o Comandante da Base Bulgara que nos orienta e define as linhas diretivas do que pode ser feito, e é a sua palavra final para se avançar com a ciência para cada dia. Para isso tentamos ter reuniões diárias e ajustar o plano, após averiguar a meteorologia com Elka Vasileva. Ela é a nossa principal operadora com o zodiac para podermos ir recolher amostras de pinguins, peixes e focas nos vários locais de estudo na Baia Sul da Ilha de Livingston. Vladimir Gigov e Lyuben Lyubenov  têm um papel importante na verificação se os motores do zodiac estão operacionais. Alaksandar Naydenov, Anastas Abadjiev, Tsvetan Vasilev, Samuil Chelbiev e Krasimir Krastev  têm ajudado diariamente quando veem connosco no zodiac e numa grande variedade de tarefas que uma base cientifica Antártica tem (ex. verificação de todos os edifícios nas comunicações, eletricidade, água). 



Desde o primeiro dia, Samuil Chelbiev tem sido extraordinário na cozinha.  Todos na base ajudam o Samuil a preparar as várias refeições (ex. sendo um de cada vez a pôr a mesa, arrumar os pratos, lavar alguma louça) mas é ele que tem feito pratos deliciosos diariamente. Alguns de nós fazem pão, algo que tentaremos até irmos embora. O José Seco, na sua vez, fez uma “overnight chia” (sementes de chia com leite) enquanto eu fiz umas panquecas/crepes (com o Krasimir Krastev ) e papas de aveia.  A comida tem sido tão boa que começamos a dizer, como a tentar resistir a tanta tentação, que o “meu corpo é um templo” como a querer dizer “hoje vou tentar resistir à tentação da sobremesa”. 



Para compensar temos geralmente feito sessões de “ginásio” no novo edifício do Programa Antártico Búlgaro bem cedo (às 7.30h na maioria das manhãs). Foi numa dessas manhãs que deu para perceber ainda melhor que existe uma onda espetacular para o surf  (já tinha percebido em 2011/2012 na última expedição): é uma onda que quebra para a esquerda quando existe um swell de sudeste. A onda é maravilhosa mesmo que tenha mini-icebergues no meio e focas leopardo na proximidades. Além da temperatura da água ser de 0 (ZERO) graus. Se eu tivesse a minha prancha de surf e um fato de 8 mm (e luvas e botas para o frio). Há uns dias vimos um vídeo de surfistas que estiveram aqui, nesta mesma base, mas não falaram nada desta onda, pelo que me dá a entender que só funciona de vez em quando. 



Nesta última semana, falamos com o Alaksandar Naydenov e ele sugeriu que os cientistas fizessem uma apresentação sobre os seus trabalhos que foi bem recebido por todos. Eu, o José Seco, Emily Sperou e Simona Georgieva já apresentámos, sendo Borislava Margaritova a seguir, tal como todos os restantes elementos da base.






Em relação à ciência, está tudo a correr bem. O estudo de focas leopardo (e também de focas Weddell e focas caranguejeiras) vai continuar a decorrer. Também já fomos recolher amostras dos pinguins de barbicha...e a recolha de peixes, capturados por redes e canas de pesca, está quase a terminar. A experiência plastishpere (a avaliar a colonização microbial) colocada em “Johnson Docks” ainda lá está e continuará mais umas semanas.
E nisto já passou quase um mês 

José Xavier & José Seco

….............
(english version below)





We are away from Portugal for almost 1 month. In one hand it seems an eternity, on another hand it seems that we arrived yesterday in Antarctica. Time flies here. As we are literally doing science since we wake up in the morning until we are ready to bed at night, there are rarely boring times. We are always thinking when it is possible to go again to the penguin colonies at Hannah Point, if it will be good to go searching for more seals or collect more fish.






The days are not limited to science. It is needed the efforts of a huge group of people to be able to do everything we achieved so far. Kamen Nedkov is the Base Commander that provides guidance on when can the science be done, and it is his final word to advance with the science plan every day. For that, we plan daily breakfast meetings to adjust the dialy plan, after checking the weather forecast with Elka Vasileva. She is the main operator with the zodiac ((inflatable boat with motor) that take us to collect samples form penguins, fish and seals in various study locations in South Bay (Livingston Island). Vladimir Gigov and Lyuben Lyubenov  have na important role in checking the zodiac motors. Alaksandar Naydenov, Anastas Abadjiev, Tsvetan Vasilev, Samuil Chelbiev and Krasimir Krastev  have been helping dialy When they come with us on fieldwork but also in a variety of very important tasks required in an Antarctic Base (E.g. check all buildings in terms of water, electricity, communications).








Since the first day, Samuil Chelbiev has been amazing in the kitchen. Everyone on base helps Samuil to prepare the various meals (Ex. each one of us, in turn, will put the table on, clean the kitchen, wash dishes) but is Samuil that do the marvellous plates daily. Some of us do bread, something that we plan to do before leaving.  José Seco , on his turn, has done “overnight chia” why I did pancakes/crepes (with the help of Krasimir Krastev) and oaks. The food has been so good that we started saying, in order to resist to the temptation of desserts that “my body is a temple” aimed to say today I shall resist to dessert. To compensate , we have having gym sessions in the new building of the Bulgarian Antarctic Program early in the mornings (7.30h in most mornings). It was in one of these mornings that it was possible to understand better the great surfing wave in front of the Bulgarian Antarctic station (we already noticed it in the 2011/2012 expedition): it is a wave that breaks it in the 2011/2012 expedition): it is a wave that breaks to the left, from a rock when a good swell is coming from southwest. The wave is beautiful even when it has mini-icebergs and leopard seals nearly. Also, the water temperature is around 0 (zero) degrees celcius which is not very inviting for a surf session. Nevertheless, if I had my surfboard with me and a 8 mm wetsuit (and gloves and boots for the cold) and someone keeping an eye on leopard seals, we would have a go. A few days ago, we saw a video on base on surfers visiting Antarctica, including the Bulgarian Base, but they did not mentioned the wave which probably means that the wave does work only once in a while. 






In the last week, we talked with Alaksandar Naydenov and he suggested that scientists could give a presentation about their research, which was welcomed by all. I, José Seco, Emily Sperou and Simona Georgieva already presented, with Borislava Margaritova following, as well as other members of the Base. 



In terms of the science, everything is according to plan. The science on leopard seals (and Weddell and crabeater seals) will continue. We already collected samples from chinstrap penguins…and additional fish caught by nets and rods that is about to end. The experiment plastisphere (evaluating microbial colonization) in Jonhson Docks (South Bay, Livingston Island) are still there and continue for the following weeks.

And nearly a month as passed…

José Xavier & José Seco


segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Project ICECAP 2025: Felicidade dos pinguins, focas leopardo e outros amigos /Happy penguins, leopard seals and other friends




Esta semana foi “uma semana e peras” passada com um sorriso gigante. Fizemos muita coisa e estivemos sempre super ocupados: foi comer, dormir e trabalhar mas não nos podemos queixar. Foi MARAVILHOSO e eu explico porquê. 

No inicio da semana colocámos as primeiras redes de pesca para o projeto dos peixes, em colaboração com a equipa Búlgara (liderada pela Borislava K. Margaritova (Bobi), da Búlgaria). Estávamos um pouco ansiosos pois seria a primeira vez que estas redes iam ser usadas no Oceano Antártico (compradas prepositadamente para este projeto). Colocámos várias redes de tresmalho (18 mm, 40 mm e 45 mm de malhagem) e testámos em vários locais. Também pescámos com canas de pesca com a ajuda do médico da Base Tsvetan Vasilev, um exímio pescador e conhecedor dos melhores locais. O objetivo é avaliar a biodiversidade de peixes nesta região, particularmente analisar a contaminação por microplásticos nas espécies mais abundantes: será que os microplásticos está presentes nos peixes desta região? 


A Simona Georgieva também está a estudar parasitas numa variedade de animais, incluindo peixes, lapas, pinguins e focas. Também começámos o estudo de focas leopardo, ao percorrer todos os dias as praias nesta parte da Baia Sul (liderada por Emily Sperou e Ariel Leahy, dos Estados Unidos), envolvendo também viagens por mar nos zodiacs (pequenos barcos a motor) muito com a ajuda de Elka Vasileva. Adicionalmente fomos a Hannah Point recolher amostras de pinguins do nosso projeto para estudar o seu estado de saúde (recolhendo amostras para estudar hormonas, doenças, habitat, nível trófico e  contaminação).


Por fim, colocámos na água uma experiência sobre microplásticos, que vai avaliar a colonização microbial nos microplásticos (na prática, foi colocar sacos com diferentes tipos de microplásticos e avaliar como se processa a sua colonização microbial.


Para terem uma ideia, o dia em que fomos à colónia de pinguins gentoo de Hannah Point foi passado assim: acordar às 7.15 da manhã  (são 3 horas mais cedo do que em Portugal), ir fazer exercícios matinais para estar em forma. Pequeno almoço por volta das 8.30h com uma reunião breve por volta das 9h a rever os planos do que se vai fazer no dia. Ao concluir-se que o tempo está bom, após o pequeno almoço, ir ao laboratório confirmar todo o equipamento necessário para ir a Hannah Point trabalhar com os pinguins.  Por volta das 11h, ir recolher as redes de pesca com a Borislava K. Margaritova no zodiac, regressando à Base antes de ir para Hannah Point. Ir para Hannah Point (que demora cerca de 20-30 minutos de zodiac). Aí, vestir todo o equipamento necessário (para poder trabalhar com pinguins, num contexto de gripe aviária) e apanhar 15 pinguins (na primeira vez foi pinguins gentoo),com a ajuda da Emily Sperou e Ariel Leahy. Muito obrigado. Demora cerca de 4h. Ao regressar, percorrer a Baia Sul à procura de focas leopardo que adoram blocos de gelo para descansar. Encontrámos 3 nesse dia. Regressar à Base às 9 da noite!!!!



Que grande dia. Estávamos exaustos mas super felizes por termos não só recolhido amostras para os nossos projetos mas também por conseguido aproveitar o dia ao máximo. Avançámos muito nos nossos projetos. Tudo foi possível por termos uma grande equipa, desde o Kamen Nedkov a orientar tudo (como comandante da Base), à Elka Vasileva, Vladimir Gigov, Lyuben Lyubenov, Alaksandar Naydenov, Anastas Abadjiev, Tsvetan Vasilev, Samuil Chelbiev e o Krasimir Krastev no apoio no zodiac e na Base!!!




Os últimos dias foram passados entre procurar mais focas leopardo (com sucesso), analisar peixe no laboratório (muito divertido aprender a diferenciar Notothenia rossii de N. coriiceps) e preparar a próxima ida às colónias de pinguins. Que dias de sonho!

Continuamos em contato

José Xavier & José Seco


.....

(english version below)



This week was “an AMAZING week” spent with a huge smile. We did so much science, had new experiences and been so busy : sleep, eat and work but we can not complain. It has been marvelous and I will explain why.



At the beginning of the week, Borislava K. Margaritova (Bobi) started deploying the first (trammel) fishing nets for the fish project, led by the Bulgarian team. We were a bit anxious as it was the first these nets were being deployed. Various multi-mesh trammel nets were deployed (18mm, 40 mm and 45 mm mesh size; bigger the mesh size bigger the fish) in various locations. Fish were also caught using rods with the help of Tsvetan Vasilev, the doctor of the base (also a great and experienced fisherman). The objective was to evaluate the fish biodiversity in the region, particularly analyse the contamination by microplastics in the main fish species: can microplastics be in fish in such remote area in the planet? Simona Georgieva is studying parasites in a variety of animals, including limpets, fish, penguins and seals. 





Then, the research project on leopard seals also started, initially by walks along the nearby beaches in this area of the South Bay (Livingston Island) searching for them, and later on by zodiac (small boats with a moto) (project lead by Emily Sperou and Ari Leahy, USA). Additionally we also went to Hannah Point to collect samples for our project on penguins on their health status (collecting samples to study hormones, diseases, habitat trophic levels, contamination). Finally, we also started a experiment called plastisphere on microplastics, to evaluate microbial colonization in microplastics in the Southern Ocean (in praticise, it consists of bags with different types of microplastics to assess how microbial colonization on microplastics takes place in Antarctic waters. 




To have an idea, a day when we went to the colony on gentoo penguins at Hannah Point was spent like this: wake up at 7.15h (3h hours earlier than in Portugal/UK), do morning exercises to maintain our fitness. Breakfast around 8.30h with a brief informal science meeting with everyone on base to decide what science will be carried out on the day. If the weather forecast looks good, after breakfast, go to the laboratory to review all the equipment needed to collect the samples necessary to go to the colony of penguins at Hannah point. Around 11h, go to collect Bobi´s fishing nets, return to base to leave Bibo and the catch and go to Hannah Point. To go to Hannah Point it takes around 20-30 minutes depending on weather conditions. It is needed to put a Viking  suit (dry suit) for safety as the freezing cold waters are around 0 degrees celcius. At Hannah Point, as soon as we arrive on the beach, we needed to get a suit (following the procedures due to avian influenza) and study 15 gentoo penguins with the excellent help of Emily Sperou and Ari Leahy. Thank you so much to both!! The collection of samples took 4h. On our way back via South Bay, we went searching for leopard seals on ice floes. They love mini-icebergs to relax. We found three leopard seals that day. We arrived at Base at 21h!!!



What a day. We were exhausted but very happy with not only obtaining samples essential for our science projects (on fish, penguins and seals) but also enjoying such wonderful day. Everything has been possible due to a great team, from Kamen Nedkov (Base commander), to Elka Vasileva, Vladimir Gigov, Lyuben Lyubenov, Alaksandar Naydenov, Anastas Abadjiev, Tsvetan Vasilev, Samuil Chelbiev and Krasimir Krastev in the zodiac and in the everyday tasks on base!!! BLAGODARIA :)


These last few days were spent searching for more leopard seals (with success), analyse fish at the laboratory (so much fun learning more about Notothenia rossii and N. coriiceps) and prepare our next trip to Hannah point (to study chinstrap penguins this time). What such dream days!!!

Keep in touch!!


José Xavier & José Seco