Por Hugo Guímaro (estudante de
Doutoramento da Universidade de Coimbra e British Antarctic Survey)
Esta é a minha primeira
experiência na Antártica, onde apresentarei resultados preliminares do projeto
científico BAS/WWF EMPEROR PENGUIN. O projeto tinha três objetivos
principais: recolher amostras de guano, instalar aparelhos de transmissão por
satélite e realizar um levantamento aéreo da colónia de pinguins-imperadores em
Snow Hill. A expedição contou com a participação de dois dos meus supervisores,
Peter Fretwell e Norman Ratcliffe ( o terceiro é José Xavier, que ficou em Coimbra :)), e recebeu o apoio do British Antarctic
Survey (BAS), da WWF-UK, da Antarctic Research Trust e da QUARK Expeditions.
Embarcar numa expedição à
Antártida para testemunhar uma colónia de pinguins-imperador não é apenas uma
viagem; é a concretização de um sonho de vida. Quando esse sonho se torna
realidade, palavras não são suficientes para descrever a experiência. Observar
um pinguim-imperador não é tarefa fácil, pois são aves marinhas que só se
encontram em latitudes mais a sul e em locais de difícil acesso junto ao polo Sul.
Contudo, presenciar uma colónia destes animais no seu habitat natural e gelado
é verdadeiramente único. Infelizmente, se as alterações climáticas continuarem
a este ritmo, enormes mudanças vão continuar a afetar a Antártida e todo o seu
ecossistema.
Os pinguins-imperador
evoluíram de forma que todo o seu ciclo de vida dependa do gelo: desde a sua
dieta, locais onde fazem a muda das suas penas até ao seu ciclo reprodutor. Ao
longo dos anos, os cientistas têm tentado estudar estes animais, mas os habitats
onde eles formam as suas colónias são praticamente inacessíveis. Com o avanço
da tecnologia chegámos a um ponto em que já conseguimos aceder a algumas
colónias, existindo 66 descobertas até ao momento com recurso a imagens de
satélite, mas contam-se pelos dedos das mãos as que são acessíveis aos
cientistas. Uma delas é Snow Hill, a colónia mais a norte de todas, e o
objetivo principal da expedição científica em pleno Mar de Weddell, na Península
Antártica.
O meu projeto de doutoramento
visa desenvolver uma nova metodologia capaz de determinar a dieta do
pinguim-imperador com base na cor do seu guano (fezes de aves marinhas),
através de imagens de satélite. Isto irá não só aprimorar a nossa compreensão
sobre a sua ecologia alimentar (que se sabe muito pouco), mas também trazer
novas perspetivas no sentido da monitorização remota e sustentabilidade dos
ecossistemas polares, promovendo a conservação destes ambientes.
Para validar esta metodologia,
é crucial realizar expedições às colónias de pinguins-imperadores para recolher
amostras de guano, que serão posteriormente analisadas quanto ao seu conteúdo
de ADN. Esta análise permitirá confirmar os principais grupos presentes na
dieta dos pinguins, como peixes, crustáceos ou cefalópodes (lulas e polvos). Em
resumo, a cor laranja do guano indicará uma dieta mais rica em crustáceos,
enquanto o castanho/preto sugerirá uma dieta mais centrada em
peixes/cefalópodes. Com a validação in situ, será possível desenvolver
uma abordagem para determinar a dieta desta icónica espécie-chave do polo Sul,
bem como compreender como ela varia ao longo do tempo e do espaço em resposta
às alterações climáticas.
Além disso, tive a
oportunidade de participar na colocação de aparelhos de transmissão de satélite
em pinguins adultos da colónia, sendo este o primeiro estudo de rastreamento em
todo o Mar de Weddell. Os dados recolhidos permitirão identificar as áreas
utilizadas pelos pinguins-imperadores de Snow Hill para alimentação e cuidados
com as crias, assim como os locais escolhidos para a muda anual das suas penas
(realizada em janeiro/fevereiro). Por fim, utilizou-se drones para realizar
contagens populacionais e compará-las com imagens de satélite, a fim de avaliar
a precisão desta metodologia na contagem populacional de pinguins-imperadores
através de observação por imagens de satélite.
Como em todas as grandes
viagens, e esta não foi exceção, havia os últimos preparativos a serem
concluídos. Passei duas semanas intensas no BAS, em Cambridge, onde, juntamente
com os meus orientadores, analisámos repetidamente qual seria o plano de
abordagem ao chegarmos à colónia.
King’s College, Cambridge
Havia uma tensão palpável no
ar, uma vez que as imagens de satélite indicavam que o mar de gelo ao redor da
colónia estava um pouco quebradiço, repleto de fissuras. A estabilidade do mar
de gelo era crucial para o nosso acesso à colónia. O clima na Antártida é
notoriamente instável, e qualquer alteração pode ocorrer de forma súbita,
forçando-nos a ajustar os planos, até mesmo a ponto de considerar o
cancelamento da expedição. No entanto, temos sempre que manter pensamentos
positivos como uma estratégia mental.
O despertador tocou - trim,
trim, trim. Já há mais de uma hora que seguia a pé, tal era o nervosismo. Era
dia 11 de novembro, marcando o início de uma das viagens mais antecipadas da
minha vida. Para chegarmos à Antártida, existem vários caminhos que podemos
escolher. Nós optámos por partir pela América do Sul, mas precisávamos chegar
até lá. Partimos de Londres (Reino Unido) rumo a Amesterdão (Países Baixos), a
nossa primeira escala. Passámos algumas horas a explorar o aeroporto e a
confraternizar. Foi uma excelente oportunidade para nos conhecermos melhor, num
contexto fora de trabalho. Partilhámos algumas histórias e o tempo passou
rapidamente.
Chegou a hora de partir, e a
viagem duraria 13 horas até Buenos Aires (Argentina). A minha primeira viagem
de longo curso tornou-se ainda mais longa devido a um atraso de três horas –
uma mangueira de alimentação de combustível do avião não estava a funcionar e
teve de ser substituída. Finalmente, partimos e, após assistir a quatro filmes
e passar umas quantas horas mal dormidas, chegámos a Buenos Aires. As nossas
malas chegaram inteiras, o que foi um alívio – o nosso sucesso também dependia
do conteúdo daquelas malas. Apanhámos um táxi e seguimos para o hotel, onde a
equipa da QUARK Expeditions já nos aguardava. Passámos uma noite em Buenos
Aires antes de sermos levados novamente no dia seguinte para o aeroporto e
partirmos para Ushuaia, conhecida como 'o fim do mundo'.
Durante a nossa estadia em Buenos Aires,
aproveitámos para explorar um pouco a cidade e a sua cultura gastronómica. Tive
ainda a oportunidade de conhecer pessoalmente o fotógrafo Neil Osborne, que nos
acompanharia durante a expedição e partilharia a camarata comigo nos próximos tempos.
Partimos cedo para o aeroporto e, à hora do almoço, já estávamos em Ushuaia.
Ushuaia
Antes de nos dirigirmos para o porto e embarcarmos
no navio, decidimos explorar um pouco a cidade. Inicialmente, optámos por
almoçar um arroz de caranguejo-real, um dos pratos mais famosos de Ushuaia, e
com toda a razão. O caranguejo-real é uma espécie invasora que está a
prejudicar os ecossistemas da Antártida. Achámos que a maneira como ajudámos
foi muito bem pensada. O ar que se fazia sentir na cidade era incrivelmente frio,
mas nada que aparentasse perturbar as aves marinhas, como a gaivota-patagónica ou
o petrel-gigante.
Seagulls and giant petrels
A meio da tarde, dirigimo-nos
para o porto, e lá estava ele, a nossa casa para os próximos tempos, o
'Ultramarine'.
'Ultramarine' - QUARK Expeditions
O navio era colossal. Subimos
a bordo e fomos calorosamente recebidos por toda a equipa, uma sensação
indescritível. Praticamente todos os membros da equipa eram ou tinham sido
investigadores. Dirigimo-nos aos nossos camarotes e em seguida participámos na
receção de boas-vindas do capitão.
Durante os dias seguintes, navegamos
pelo 'Beagle's Channel' até ao Oceano Atlântico do Sul. Chegados a mar alto
deparamo-nos com a temida de 'Drake’s Passage', uma das travessias mais
perigosas do mundo, que une o Estreito de Magalhães à Península Antártica. A
antecipação era palpável e as previsões estavam a nosso favor: ondas de pequena
amplitude para uma travessia tranquila e gelo estável na colónia para um acesso
frutífero. No entanto, pairava a preocupação com estado de saúde dos
pinguins-imperadores na colónia, devido ao ressurgimento da gripe das aves em
algumas áreas da América do Sul, que já se havia alastrado até algumas ilhas
subantárticas.
Dizem que podemos enfrentar um
'Drake quake' ou 'Drake lake'. Supostamente, experienciámos um 'Drake lake',
embora com alguma ondulação, mas o meu estômago não concordou com a suposta
calma. Nada que um bom ar fresco de vez em quando não resolvesse o desconforto,
enquanto pudemos desfrutar da companhia de diversas aves marinhas que voavam em
volta do navio, aproveitando a sua 'boleia'.
Albatroz de sobrancelha-petra/Black-browed albatross
E num instante, tudo mudou. As
águas tornaram-se calmas e os primeiros icebergues surgiram: estávamos agora no
Oceano Austral. O silêncio que dominava era ensurdecedor. Apenas se ouviam
suavemente os motores do navio e o som das placas de gelo a serem quebradas à
frente, pelo impacto da sua proa. No breu da noite, com a lua nova a
destacar-se, avistei os meus primeiros pinguins antárticos: os pinguins de
Adélia. Descansavam sobre o gelo como se este fosse o leito mais confortável
das suas vidas.
Pinguins Adelia/Adelie penguins
Para mim será sempre uma das
melhores memórias da minha vida. Dirigi-me para a camarata para descansar. Passei
o serão a ver uma ronda de fotografias com o Neil à procura daquelas que
captavam o tal 'pó mágico' — um conceito por mim cunhado para descrever o
sentimento que uma foto transmite só de olhar para ela.
Eram seis da manhã, e os
altifalantes tocaram. O líder da expedição tinha um anúncio importante:
finalmente, chegáramos a Snow Hill! O tempo estava perfeito, com céu limpo e
sem vento. O plano era preparar-nos para partir para a ilha e passar o dia
inteiro na colónia. Começámos com um bom pequeno-almoço, sabendo que não
podíamos levar comida para a ilha a fim de evitar qualquer vestígio da nossa
presença.
Para chegar à colónia, não podíamos usar um barco. A
QUARK Expeditions contava com um par de helicópteros topo de gama, essenciais
para esta expedição, e, claro, com experientes pilotos. O acesso à colónia
seria feito pelo ar, através de helicóptero! A correria para preparar as malas
com todo o equipamento necessário e subir até ao hangar foi intensa. Cada
detalhe era meticulosamente planeado, até a disposição no helicóptero conforme
o peso para garantir a máxima segurança.
Após as últimas revisões ao
plano e a verificação final do equipamento e protocolos, estava pronto. Fomos
chamados, a porta do hangar abriu-se. O ensurdecedor ruído dos motores e das
hélices girando acompanhava o meu batimento cardíaco acelerado. Entrámos, a
porta foi fechada, e a autorização de partida foi dada. Levantámos voo! A
sensação foi indescritível; não tive palavras para descrever o que estava a
sentir. Toda aquela paisagem gelada parecia saída de um documentário da BBC.
Mar de Weddell / Weddell Sea
Icebergues e gelo estendiam-se
por quilómetros em todas as direções, tão brancos e puros quanto se possa
imaginar. A viagem até ao ponto de aterragem durou cerca de 15 minutos, mas
para mim, pareceu durar apenas uns segundos.
Aterrámos, e alguns membros da
equipa de expedição aguardavam-nos. Tinham montado um pequeno acampamento,
enquanto outros membros já tinham partido em direção à colónia para demarcar a
rota mais segura. Este trabalho envolvia perfurar buracos no gelo em intervalos
regulares e medir a espessura do gelo até atingir a água – a espessura do gelo.
O caminho foi marcado por bandeiras, que deveríamos seguir até chegar à
colónia. A nossa base distava cerca de dois quilómetros da colónia.
Surpreendentemente, estava calor, considerando que estávamos no pleno verão na
Antártida, com o adicional fator de o buraco de ozono se encontrar nesta
região. Os óculos com proteção ultravioleta tornaram-se os meus melhores
amigos, pois a intensa reflexão da luz no gelo tornava quase impossível abrir
os olhos por muito tempo, podendo resultar até em queimaduras.
Passados uns 30 minutos a caminhar, finalmente
chegámos. Pinguins-imperador estavam por todo o lado, num frenesim que se
estendia em todas as direções, e que bonito som! Mal chegámos, já tínhamos
alguns pinguins à nossa volta, demonstrando uma curiosidade imensa sobre quem
éramos e o que estávamos ali a fazer.
Pinguins imperadores /Emperor penguins
Depois de alguns momentos a
contemplar a colónia, o alívio inundou-nos – as aves e as suas crias pareciam
estar todas saudáveis. Concentrámo-nos e colocámos mãos à obra. O tempo era
escasso, e aqui as condições meteorológicas mudavam rapidamente; tínhamos de
aproveitar esta janela de oportunidade para fazer o que viemos fazer – ciência
polar.
Iniciámos a nossa primeira tarefa:
compreender a distribuição da colónia. Utilizámos o drone e, rapidamente,
descobrimos que não eram duas, mas sim dez sub-colónias, que se estendiam por
vários quilómetros quadrados. Para realizar o nosso trabalho, era crucial obter
fotografias aéreas de todas as sub-colónias, mas concentramo-nos nas mais
próximas. Phil Wickens, membro experiente da equipa de expedição, foi designado
como nosso líder para explorarmos com segurança as sub-colónias mais próximas.
Enquanto recolhíamos dados com o drone, aproveitei para examinar o guano,
observando a sua cor e avaliando a frescura da amostra. Observei uma
diversidade de cores (verde, amarelo, laranja), sendo o preto a mais comum,
possivelmente indicativo de uma dieta mais rica em peixe/cefalópodes.
Transmissor de satélite em pinguim imperador com Hugo e colegas cientistas ao fundo/ statellite tracking device on emperor penguin with Hugo and fellow scientists in the landscape
Decidiu-se temporariamente
concluir o trabalho com o drone e avançar para a colocação dos aparelhos de
seguimento de satélite. O recolher das amostras de guano teve de ficar para
último, pois uma das sub-colónias era ideal para começarmos a colocar estes
aparelhos devido ao seu pequeno aglomerado e número de adultos. Lidar com um
pinguim-imperador não foi tarefa fácil, exigiu habilidade e sabedoria. Com
cerca de 1,20 metros de altura e cerca de 40 kg, são a maior espécie de
pinguim. Uma vez deitados sobre a sua barriga, nunca mais os conseguíamos
apanhar por tão depressa que deslizavam no gelo. No entanto, fomos extremamente
bem-sucedidos, conseguindo colocar oito dos 15 dispositivos planeados.
O estado do tempo começou a
mudar rapidamente e o nosso tempo também diminuía cada vez mais. Decidiu-se
ajustar o foco para e garantir a recolha das amostras de guano. A sua recolha foi
simples: com uma espátula de madeira recolheu-se uma porção do tamanho de uma ervilha,
colocou-se dentro do tubo e abanou-se para homogeneizar bem o conteúdo. A
solução presente no tubo era "DNA/RNA Shield" e permite preservar a
integridade do conteúdo genético da amostra à temperatura ambiente.
Amostra de guano para estudso de DNA / Guano sample for DNA studies
Este avanço representa um
passo significativo, permitindo uma maior flexibilidade no transporte das
amostras, eliminando a necessidade de congelá-las para preservação. De forma aleatória,
recolhi 40 amostras que serão enviadas para análise de ADN no Laboratório de
Ornitologia de Cornell, na Universidade de Cornell (Estados Unidos da América).
Esta será uma das minhas próximas aventuras.
Enquanto isso, a sensação de
atingir um objetivo do nosso projeto de doutoramento, meticulosamente planeado
ao longo de meses, é indescritível. Apesar de não termos concluído
completamente os outros dois objetivos, iniciámos o regresso ao acampamento com
um sentimento de missão cumprida. Estávamos extremamente cansados, mas felizes.
Durante a viagem de regresso, criámos mais memórias que ficarão gravadas para
sempre. Nesse momento, podíamos observar focas a descansar no gelo, filas de
pinguins-imperadores movendo-se entre as sub-colónias e até mesmo até ao limite
do gelo para se alimentarem (as autoestradas de pinguins!). De ar cómico, o
agora minúsculo navio apareceu à nossa vista entre os gigantes icebergues. A
sensação de escala entre estes deu-nos a real perspetiva de quão grande eram
alguns daqueles blocos de gelo que se encontravam à deriva há milhares de anos.
Após aterrar, apressámo-nos
para um banho quente. Não comíamos há horas, mas durante todo o dia a
adrenalina foi a nossa energia. Antes do jantar, tivemos uma recapitulação do
dia, discutimos os próximos passos e apresentámos a todos a bordo as nossas
descobertas. Compartilhar o nosso trabalho com essas pessoas foi recompensador,
mas ouvir as palavras "amanhã teremos outro dia na colónia" da boca
do líder da expedição foi a cereja no topo do bolo. Teríamos mais uma
oportunidade para concluir o que não conseguimos naquele primeiro dia. Foi a
pensar no dia a seguir que se desfrutou do merecido descanso.
Novo dia, nova aventura. Durante
aquela noite, a paisagem gelada mudou, e o local de aterragem do helicóptero
foi diferente. Os objetivos para o dia incluíam a colocação dos últimos
aparelhos de seguimento e a realização de um levantamento com drone das
sub-colónias mais distantes, proporcionando uma visão mais completa dos números
populacionais. No entanto, assim como no dia anterior, uma nova adição à nossa
equipa de expedição, Steffen Graupner, foi designado para nos acompanhar.
A viagem foi mais demorada e
longa desta vez. A neve fresca caída durante aquela noite e as poças de água
congeladas tornaram o percurso mais desafiante e os nossos movimentos mais
cautelosos.
Hugo no gelo / Hugo on ice
Essas poças podem tornar-se
armadilhas perigosas para as crias de pinguim-imperador. Sendo esta colónia a
mais a norte de todas, sofre com o aumento da temperatura, e, atualmente, não é
só o desaparecimento do gelo que é preocupante, mas também a formação dessas
poças. As crias, por não terem ainda penas impermeabilizantes, ao caírem nestas
poças ficam encharcadas. Infelizmente, por não conseguirem secar-se, e com o
frio, congelam e morrem. Observámos dezenas de crias congeladas, vítimas aprisionadas
nessas poças.
Após mais de uma hora de
caminhada e ziguezagueando pelo gelo, chegamos finalmente próximo das
sub-colónias que eram o nosso objetivo. Estas estavam localizadas nas
proximidades de um antigo abrigo argentino, visível no horizonte, no alto da
ilha de Snow Hill.
Colónia de pinguins imperadores/Emperor penguin colony
Como as amostras de guano já tinham
sido todas recolhidas no dia anterior, limitei-me a ajudar com o levantamento
de imagens com o drone e com a colocação dos aparelhos de seguimento de
satélite. O uso do drone revelou-se um sucesso, cumprindo o objetivo de
capturar imagens das sub-colónias. Colocar os aparelhos de seguimento foi uma
tarefa árdua, pois manusear estas aves marinhas não era nada fácil. No entanto,
no final, conseguimos concluir com enorme sucesso. Com todo o trabalho
concluído, reservei tempo para tirar algumas fotos e fazer uns vídeos
destinadas a atividades de divulgação e comunicação de ciência.
Bandeiras de escolas sobre a Antártida /flags from schools about Antarctica
Por fim, só nos faltou
regressar em direção à base. Mais uma vez, uma viagem morosa, mas
recompensadora. Ao longo do caminho, além dos pinguins-imperador que
encontrámos, tivemos a oportunidade de avistar algumas focas-de-Weddell e
focas-caranguejeiras.
Foca caranguejeira/crabeater seal
Uma vez mais, fomos os últimos
a regressar à base, mas imensamente extasiados pelo sucesso da nossa expedição.
De volta ao navio, realizámos uma nova recapitulação do dia e discutimos quais
seriam os próximos passos. Infelizmente, a Antártida não nos concedeu um
terceiro dia na colónia para podermos finalizar alguns detalhes do trabalho com
o drone. Os ventos mudaram de direção, aumentaram de velocidade, e havia a
probabilidade de o navio ficar preso no gelo. Com as vidas de todos a bordo nas
mãos do comandante e do líder de equipa de expedição, foi decidido seguir
viagem para outros locais.
Foi-nos comunicado que esta
foi uma das melhores e mais bem-sucedidas expedições realizadas a esta mítica
colónia de pinguins-imperador. Dois dias com as condições meteorológicas
ideais, e, do ponto de vista científico, termos recolhido todos os dados que
precisávamos foi um enorme sucesso. Não poderíamos pedir mais.
O restante da expedição
permitiu-nos aproveitar, enquanto ao mesmo tempo aprendemos mais sobre a
região. Regressámos no dia 24 de novembro, mas pouco sabia eu que o sonho que
tão rapidamente se tornou realidade superou completamente todas as minhas
expectativas. Esta expedição à Antártida transformou por completo a minha
perceção do continente gelado. Ao vivenciar a vida selvagem, em particular os
pinguins-imperadores, e explorar as vastas extensões de gelo, ganhei uma
compreensão mais profunda da beleza e fragilidade desse ambiente único. A
experiência reforçou a importância de preservar a Antártida, não apenas como um
tesouro natural, mas como um ecossistema essencial para o equilíbrio global.
Para terminar, quero expressar
a minha profunda gratidão aos meus supervisores, Peter e Norman, por esta
oportunidade única de vida e de doutoramento. Sem dúvida, esta experiência irá
marcar-me para sempre. Agradeço pelos ensinamentos e amizade que partilharam
comigo durante a expedição. Também quero expressar a minha gratidão ao Neil
pela camaradagem e pelos momentos únicos a fazer aquilo de que gostamos -
fotografar. Um agradecimento especial ao apoio incondicional de toda a equipa
da QUARK Expeditions; sem eles, nada disto teria sido possível sem o seu grande
profissionalismo. E, por fim, quero agradecer ao British Antarctic Survey, à
WWF-UK e à Antarctic Research Trust por tornarem esta expedição uma realidade.
Mais expedições planeadas para breve...
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Antarctic Expedition of Hugo Guímaro (2023-24) (english version)
This marks my first experience in Antarctica, where I
will present preliminary results of the BAS/WWF EMPEROR PENGUIN scientific
project. The project had three main objectives: collect guano samples, place satellite
tracking devices, and conduct an aerial survey of the emperor penguin colony in
Snow Hill. The expedition involved the participation of two of my supervisors,
Peter Fretwell and Norman Ratcliffe (the other supervisor, José Xavier, stayed in Coimbra :)), and received support from the British
Antarctic Survey (BAS), WWF-UK, Antarctic Research Trust, and QUARK
Expeditions.
Embarking on an expedition to witness an emperor penguin
colony is not just a journey; it is the realization of a lifelong dream. When
this dream comes true, words are insufficient to describe the experience.
Observing an emperor penguin is no easy task, as these seabirds are only found
further south and in challenging locations. Unfortunately, if climate change
continues at this pace, significant changes will continue to impact Antarctica
and its entire ecosystem.
Emperor penguins have evolved so that their entire life
cycle depends on ice: from their diet to the locations where they molt their
feathers and their reproductive cycle. Over the years, scientists have tried to
study these animals, but the habitats where they form their colonies are
practically inaccessible. With advances in technology and available resources,
we have reached a point where we can access some colonies (currently, 66 have
been discovered using satellite images, and only a handful are accessible to
scientists). One of them is Snow Hill, the northernmost colony, and the main
goal of the scientific expedition in the Weddell Sea, Antarctic Peninsula.
My doctoral project aims to develop a new methodology to
determine the emperor penguin's diet based on the colour of its guano (seabird
droppings) through satellite images. This approach will be applied during the
penguins' breeding season, covering the period from September to December when
their chicks have already been born.
To validate this methodology, it is crucial to conduct
expeditions to emperor penguin colonies to collect guano samples, which will be
later analyzed for their DNA content. This analysis will confirm the main
groups present in the penguins' diet, such as fish, crustaceans, or cephalopods
(squids and octopuses). In summary, the orange color of the guano will indicate
a diet richer in crustaceans, while the brown/black color will suggest a diet
more focused on fish/cephalopods.
With in situ validation, it will be possible to
develop an approach to determine the diet of this iconic keystone species in
the South Pole and understand how it varies over time and space in response to
climate change. Additionally, I had the opportunity to participate in the
placement of satellite tracking devices on adult penguins from the colony,
marking the first comprehensive tracking study across the Weddell Sea.
The collected data will identify the areas used by the
Snow Hill emperor penguins for feeding their chicks, as well as the locations
chosen for the annual molt of feathers (performed in January/February).
Finally, using drones, it will be possible to conduct population counts and
compare them with satellite images to assess the accuracy of this methodology
in counting emperor penguins through satellite observation.
As in all great journeys, this one was no exception, and
there were final preparations to be completed. I spent two intense weeks at BAS
in Cambridge, where, along with my supervisors, we repeatedly analysed the
approach plan upon reaching the colony.
There was a palpable tension in the air, as satellite
images of the colony indicated that the surrounding sea-ice was somewhat
brittle, full of cracks. The stability of the sea-ice was crucial for our
access to the colony. The weather in Antarctica is notoriously unstable, and
any change can happen suddenly, forcing us to adjust plans, even to the point
of considering canceling the expedition. However, maintaining positive thoughts,
not only as a mental strategy but also recognizing its positive impact on mental
health.
The alarm clock rang - trim, trim, trim. I had been
walking for over an hour, such was the nervousness. It was November 11th,
marking the beginning of one of the most anticipated trips of my life. To reach
Antarctica, there are several routes we can choose, and we opted to start in
South America. However, to get to South America, we need to fly there. We
departed from London (United Kingdom) to Amsterdam (Netherlands), our first
stop. We spent a few hours exploring the airport and socializing. It was an excellent
opportunity to get to know my supervisors better in a non-work context. We
shared some stories, and time passed quickly.
The time to depart arrived, and the journey would last
13 hours to Buenos Aires (Argentina). My first long-haul trip became even
longer due to a 3-hour delay – a fuel feed hose on the plane was not working
and had to be replaced. Finally, we departed, and after watching 4 movies and a
few hours of restless sleep, we arrived in Buenos Aires. Our bags arrived
intact, which was a relief. We took a taxi and headed to the hotel, where the
QUARK Expeditions team was already waiting for us. We spent a night in Buenos
Aires before being taken back to the airport the next day and heading to
Ushuaia, known as 'the end of the world.'
During our stay in Buenos Aires, we took the opportunity
to explore the city and its gastronomic culture. I also had the chance to meet
the photographer Neil Osborne, who would accompany us during the expedition and
share the room with me in the coming days. We left early for the airport, and
at lunchtime, we were already in Ushuaia.
Before heading to the port and boarding the ship, we
decided to explore the city a bit. Initially, we chose to have lunch with a
delicious king crab rice, one of Ushuaia's most famous dishes, and rightfully
so. It was incredibly cold, and we could already spot some different seabirds,
such as the Dolphin gull or the giant petrel.
In the mid-afternoon, we headed to the port, and there
it was, our home for the next few days, the 'Ultramarine.'
The ship was gigantic and, in my opinion, very
beautiful. We boarded and were warmly welcomed by the entire team, an
indescribable feeling. Most of all team members were or had been researchers,
just like us. We headed to our cabins and then attended the captain's welcome
reception.
In the next few days, we would be guided through the
'Beagle's Channel' to the Southern Atlantic Ocean, crossing the feared Drake
Passage, one of the most dangerous passages in the world that connects the
Strait of Magellan to the Antarctic Peninsula. Anticipation was palpable, as
the forecasts were in our favour, with low waves for a smoother crossing and
stable ice at the colony. However, there was concern about the health of the
Snow Hill emperor penguins due to the resurgence of avian flu in some areas of
South America, which had spread to some sub-Antarctic islands.
They say we can face a 'Drake quake' or 'Drake lake.'
Supposedly, we experienced a 'Drake lake,' although with some ripples, but my
stomach felt like an earthquake for a while. Nothing that a good breath of
fresh air from time to time couldn't relieve the discomfort, while we enjoyed
the company of various seabirds flying around the ship, taking advantage of its
'ride.'
And in an instant, everything changed. The waters became
calm, and the first icebergs appeared: we were now in the Southern Ocean. The
dominating silence was deafening. Only the ship's engines and the sound of ice
plates being split ahead, by the impact of its bow, could be heard faintly. In
the darkness of the night, with the new moon standing out, I spotted my first
Antarctic penguins: the Adélie penguins. They rested on the ice as if it were
the most comfortable bed of their lives.
For me, it will always be one of the best memories of my
life. Just like the penguins, I headed to my cabin to rest. Ready to rest, the
evening was spent watching a round of photos with Neil looking for those that
captured the 'magic dust' — a concept created by me to describe the feeling
that a photo conveys just by looking at it. It was late, and we finally went to
sleep.
It was 6 a.m., and the speakers rang. The expedition
leader had an important announcement: we had finally arrived at Snow Hill! The
weather was perfect, with a clear sky and no wind. The plan was to prepare to
leave for the island and spend the entire day in the colony. So, we started
with a good breakfast, knowing that we couldn't bring food to the island,
avoiding leaving any trace of our presence.
To reach the colony, we couldn't use a boat. QUARK
Expeditions had a pair of top-of-the-line helicopters, essential for this
expedition, and, of course, experienced pilots. Access to the colony would be
by air, via helicopter! The rush to pack our bags with all the necessary
equipment and go to the hangar was intense. Every detail was meticulously
planned, from the helicopter's weight distribution to ensure maximum safety.
After the final plan revisions and the equipment and
protocol double-check, I was ready. We were called, the hangar door opened. The
deafening noise of the engines and the propellers spinning accompanied my
accelerated heartbeat. We entered, the door closed, and the departure
authorization was given. And there we went! The feeling was indescribable; I
had no words to describe what I was feeling. All that icy landscape seemed like
it came out of a BBC documentary.
Icebergs and ice stretched for kilometres in all
directions, as white and pure as one can imagine. The journey to the landing
point took about 15 minutes, but for me, it seemed to last only a few seconds,
such was the view.
We landed, and some members of the expedition team were
already waiting for us. They had set up a small camp, while other members
headed towards the colony to mark the safest route. This work involved drilling
holes in the ice at regular intervals and measuring the ice thickness until
reaching the water – the ice thickness. The path was marked by flags, which we
should follow until reaching the colony. Our base was about two kilometres from
the colony. Surprisingly, it was relatively warm, considering that it was
summer in Antarctica, with the additional factor that the ozone hole is in this
region. UV-protected glasses became my best friends because the intense light
reflection on the ice made it impossible to keep my eyes open for long,
potentially resulting in burns.
After about 30 minutes of walking, we finally arrived.
Emperor penguins were everywhere, in a frenzy that extended in all directions,
and what a beautiful sound! As soon as we arrived, we already had some penguins
around us, showing immense curiosity about who we were and what we were doing
there.
After a few moments contemplating the colony, happiness
filled our hearts, as the birds and their chicks seemed to be all healthy. We
focused and got to work. Time was short, and here, weather conditions changed
rapidly; we had to take advantage of this window of opportunity to do what we
came to do – polar science.
We started our first task by trying to understand the
distribution of the colony. We used the drone, and quickly, we discovered that
there were not two but ten sub-colonies, spanning several square kilometres.
To carry out our work, it was crucial to obtain aerial
photos of all sub-colonies, but we focused mainly on the closest ones. Phil
Wickens, an experienced member of the expedition team, was appointed as our
leader to explore the nearest sub-colonies safely. While collecting data with
the drone, I took the opportunity to examine the guano, observing its colour
and assessing the freshness of the sample. I observed a variety of colours
(green, yellow, orange), with black being the most common, possibly indicative
of a diet richer in fish/cephalopods.
We decided to temporarily conclude the work with the
drone and move on to placing the satellite tracking devices. Collecting guano
samples would have to be left for last because one of the sub-colonies was
ideal for us to start placing these devices due to its small cluster and number
of adults. Dealing with an emperor penguin is not an easy task, it requires
skill and wisdom. Standing at about 1.20 meters tall and weighing around 40 kg,
they are the largest penguin species. Once lying on their bellies, we could
never catch them because they slid on the ice so quickly. However, we were
extremely successful, managing to place eight of the planned 15 devices.
With the weather changing rapidly and our time
decreasing, we decided to shift the focus to finally collecting guano samples.
Its collection was simple. With a wooden spatula, we picked up a pea-sized
portion of guano, placed it inside the tube, and shook it to homogenize the
content. The solution in the tube is called "DNA/RNA Shield" and
allows preserving the genetic content of the sample at room temperature.
This advancement represents a significant step, allowing
greater flexibility in transporting samples, eliminating the need to freeze
them for preservation. Randomly, I collected 40 samples that will be sent for
DNA analysis at the Cornell Lab of Ornithology at Cornell University (United
States). This will be one of my next adventures.
Meanwhile, the feeling of achieving a goal of our
meticulously planned doctoral project over months is indescribable. Although we
did not completely complete the other two objectives, we began the return to
our camp with a sense of accomplishment. We were extremely tired but happy.
During the return journey, we created more memories that will be etched
forever. At that moment, we could observe seals resting on the ice, lines of
emperor penguins moving between sub-colonies, and even up to the edge of the
ice to feed (the penguin highways!). In a very comic air, the ship appeared in
our sight between the icebergs. The sense of scale between them gave us the
real perspective of how large some of those ice blocks that have been drifting
for thousands of years were.
After landing, we hurried for a hot shower. We hadn't
eaten for hours, but throughout the day, adrenaline was our energy. It was back
on board that our biological clock reminded us of the time, and it made me
reflect on this small fact. Before dinner, we had a recap of the day, discussed
the next steps, and presented our findings to everyone on board. Sharing our
work with these people was spectacular but hearing the words 'tomorrow we'll
have another day in the colony' from the expedition leader was the icing on the
cake. We would have another opportunity to complete what we couldn't on the
first day. Already thinking about tomorrow, we enjoyed a well-deserved rest
today.
A new day, a new adventure. During the night, the icy
landscape changed, and the helicopter landing site was different. The
objectives for the day included placing the last tracking devices and
conducting a drone survey of the more distant sub-colonies, providing a more
comprehensive view of the population numbers. However, just like the previous
day, a new addition to our expedition team, Steffen Graupner, was assigned to
accompany us on this journey.
The journey was longer and more challenging this time.
Fresh snowfall overnight and frozen water puddles made the path challenging.
These puddles become dangerous traps for emperor penguin chicks. Being one of
the northernmost colonies, it suffers from rising temperatures, and currently,
it's not the disappearance of ice that is concerning, but rather the formation
of these puddles. Chicks, lacking waterproof feathers, get soaked in these
puddles when they fall. Unfortunately, they can't dry off, and with the cold,
they freeze and die. We observed dozens of frozen chicks trapped in these
puddles.
After over an hour of walking and zigzagging through the
ice, we finally reached the sub-colonies that were our goal. These were located
near an old Argentine shelter, visible on the horizon, atop Snow Hill Island.
With my samples already collected, I limited myself to
assisting with the drone survey and the placement of satellite tracking
devices. The use of the drone proved successful, fulfilling the goal of
capturing images of the sub-colonies. Placing the tracking devices was a
daunting task, as handling these seabirds was not easy. However, in the end, we
succeeded enormously. With all the work done, I took some time to take photos
for my science outreach and communication activities.
Finally, all that remained was to return to the base.
Once again, a long but highly rewarding journey. Along the way, besides the
emperor penguins we encountered, we had the opportunity to see some Weddell
seals and crab-eater seals.
Once again, we were the last to return to the base but
immensely elated by the success of our expedition. Back on the ship, we had
another recap of the day and discussed the next steps. Unfortunately,
Antarctica did not grant us a third day in the colony. The winds changed
direction, increased in speed, and there was a possibility of the ship getting
stuck against the ice. With everyone's lives in the hands of the captain and
the expedition team leader, it was decided to continue the journey to other locations.
They say this was one of the best and most successful
expeditions to this mythical emperor penguin colony. Two days with ideal
weather conditions were incredible, and from a scientific perspective, having
collected all the data we needed was a huge success. We couldn't ask for
better.
The rest of the expedition allowed us to enjoy, while at
the same time, learning more about the region. We returned on November 24th,
but little did I know that the dream that quickly became a reality completely
surpassed all my expectations. This expedition to Antarctica completely
transformed my perception of the frozen continent. By experiencing wildlife,
especially emperor penguins, and exploring the vast expanses of ice, I gained a
deeper understanding of the beauty and fragility of this unique environment.
The experience reinforced the importance of preserving Antarctica, not only as
a natural treasure but as an essential ecosystem for global balance.
In conclusion, I want to express my deep gratitude to my
supervisors, Peter, and Norman, for this unique opportunity in life and in my
doctoral studies. Without a doubt, this experience will mark me forever. I
appreciate the teachings and friendship you shared with me during the
expedition. I also want to express my gratitude to Neil for the camaraderie and
the unique moments doing what we love - photographing. Special thanks to the
unwavering support of the entire QUARK Expeditions team; without them, none of
this would have been possible without their great professionalism. And finally,
I want to thank the British Antarctic Survey, WWF-UK, and the Antarctic
Research Trust for making this expedition a reality.
More expeditions soon...