quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Geórgia do Sul! (South Georgia!)

Latitude:-52.75
Longitude:-39.90

























Hoje estamos um pouco mais a norte da Geórgia do Sul, que pessoalmente considero um dos locais mais especiais da Antárctica. Foi aqui que tive o primeiro verdadeiro contacto com a Antárctica. A foto acima foi tirada em Bird Island (ilha adjacente à Geórgia do Sul onde se encontra uma das Bases cientifica da British Antarctic Survey), com vista para Willis Islands em direcção a Oeste, onde o navio James Clark Ross se encontra agora (percurso realizado em vermelho e Geórgia é a ilha um pouco abaixo, à direita).


















Nesse dia, estava a bordo de um navio da "Royal Navy" Britânica chamada HMS Dumbarton Castle (eu chamei-lhe "Castelo saltador" (Bouncing Castle) pois abanava por todo o lado), que após 3-4 dias de autêntico martírio de ondas grandes, tempestades e tudo mais, foi um abrir uma janela de ar fresco, beleza extrema e a felicidade de chegar a um lugar novo, maravilhoso e fascinante, com a sensação que existe aqui tanta coisa ainda por descobrir...Será este sentimento que o nosso Infante D. Henrique, e tantos navegadores Portugueses, terá sentido quando chegou a lugares nunca antes navegados por Europeus? Abaixo está a estátua do nosso Fernão de Magalhães em Punta Arenas, Chile a testemunhar que todos nós podemos fazer a diferença e deixar um marco na história.

























Tal como James Cook, um dos exploradores Britânicos mais conhecidos do Sec. XIX, percebi que está região transborda de vida: albatrozes no ar, pinguins, focas e baleias na àgua por todo o lado, com a Geórgia do Sul por trás. É demais evidente esta alegria de viver destes animais no seu habitat. Abaixo uma baleia franca austral Eubalaena australis (Southern Right whale), que eu chamo "uma baleia divertida!" e um albatroz de cabeça cinzenta a passar por perto. Ela deu saltos, mostrou a barbatana caudal, rodou, revirou, mostrou a cabeça muitas vezes que parecia dizer "Olá, tira a fotografia e diz olá a todos por mim!"...e todos nós a bordo com um rasgado sorriso a absorver isto tudo.






































Hoje até tive o privilegio de ter um albatroz viajeiro ter vindo visitar-nos, anilhado com a anilha Branco P54 (White P54) em Bird Island (pequena ilha adjacente à Geórgia do Sul), na Base cientifica Britânica onde estive em 1999 e 2000.

















Aqui parece que somos nós que estamos a ser observados...deve ser esta a sensação que os pinguins do Oceanário de Lisboa devem sentir quando os vamos visitar? Não é assim tão mau...apenas diferente!

(We are close to South Georgia!!!! South Georgia is a magical place. Why? Agreeing with the explorer James Cook, because is a region bursting with life, where whales, albatrosses, penguins and seals are in their own garden. Indeed, it feels like its them wacthing you like they were in the zoo and we are the attraction. Also because it was here where I first witnessed, in first hand, in 1999 the Magic that this remote place has and the feeling that much has to be discovered here. It made me think how the Portuguese Prince Henry, "The Navigator", felt when he sailed where no other European sailed before...evidence of being such an heaven for marine animals is the abundance of all around us. Today we had Southern Right Whales around the ship, with everyone with a big smile!!! Also got the visit of a friendly wandering albatross, ringed at Bird Island (small island, adjacent to South Georgia, where the British Antarctic Survey has a magnificent scientific base), and where I was privileged to spent more than a year there studying them. Such brilliant times, these...)

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Curiosidade comanda a ciência? (Curiosity drives science?)

Latitude: -53.18
Longitude:-40.29
Sim,...Curiosidade. É preciso dedicação, trabalho árduo, gostar do que se faz, espírito de sacrifício em igual dose e muitas outras qualidades para ser-se um bom cientista, mas se formos curiosos é meio caminho andado. O entusiasmo de Nina Bednarsek a dizer-nos que, mesmo sendo cientistas, este crustáceo (chamado Acanthephyra sp.) já dava para o almoço....














E a curiosidade faz-nos estar mais abertos para absorver informações mais facilmente, pois curiosidade vem do interesse que temos sobre um determinado assunto. Agora imaginem se estão rodeados por amigos cientistas que são tão curiosos como tu, tiveram uma vida semelhante à tua mas em outros países e finalmente estão juntos para conversar sobre aquilo que vos fascina. Brilhante!!!! No laboratório, Jon Watkins (à esquerda) e Peter Ward com a sua alegria contagiante à conversa com Nina Bednarsek ao analisar mais uma amostra...

















No meio deles, eu a estudar uma determinada espécie de peixe, depois de pesquisar uns livros com os amigos....(foto tirada pelo Jon Watkins, Obrigado!)
















E devido à continua curiosidade, estamos sempre com olhos bem abertos quando estamos a analisar as amostras. Vamos sempre ao detalhe para certificar que cada espécie está bem identificada. Abaixo temos 2 espécies....a de cima chama-se Gymnoscopelus nicholsi e o de baixo Lampanyctus achirus. Reparem como é interessante que ambas as espécies possuem fotóforos (aqueles pontinhos brilhantes ao longo do corpo), que servem como por exemplo para comunicar entre si. Como vivem em àguas de grande profundidade e está sempre escuro, faz sentido, não faz?









Os pinguins são dos animais que costumam alimentar-se deste tipo de peixe...e para os encontrar basta muitas vezes olhar para fora do laboratório!





( Curiosity is a very important characteristic of a scientist. Dedication, enjoying the science you do, keen to do hard work must also be part of one but curiosity is one of the driving forces...we want to know more! In the laboratory is tremendously exciting when a new sample comes in, with species that are so interesting, such as myctophids (fish that have light organs), that play a key role in the diet of some penguins. Wonderful world we live in!)

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Mensagem do cientista responsável do cruzeiro (Message from the Principal Scientific Officer)

Latitude:-55.20
Longitude:-41.27

Algo muito importante é informar todos sobre como o cruzeiro está a decorrer e como podemos melhorar a ciência. Para isso, nada melhor que uma mensagem do coordenador da expedição...


Geraint Tarling, da British Antarctic Survey, é o jovem cientista responsável por este cruzeiro cientifico, dentro das actividades cientificas do Ano Polar Internacional (ver http://www.anopolar.no.sapo.pt/ e internacionalmente http://www.ipy.org/). São cerca de 26 cientistas do Reino Unido, Estados Unidos, Dinamarca, Alemanha, Eslovénia e Portugal que estão a recolher amostras para este programa internacional que engloba mais de 50 000 cientistas de todo o mundo. Geraint é que planeou, conjuntamente com numerosos cientistas, este cruzeiro, delineou objectivos a alcançar e todas as decisões têm obrigatoriamente de passar por ele.






















Abaixo estão excertos da sua mensagem aos cientistas a bordo sobre como está a decorrer este excelente cruzeiro e o que esperamos fazer nos próximos dias. Em grande!!!
"Eu julgo ser importante escrever umas palavras sobre o que já alcançamos e o que prevemos fazer até ao fim do cruzeiro. Apesar de alguns contratempos normais devido às condições atmosféricas, nós estamos dentro do que foi planeado. Nós já completámos a GRANDE MAIORIA das actividades planeadas, pelas quais deveremos estar agradecidos e orgulhosos. Eu estou particularmente satisfeito pela intensa colaboração entre todos, que vejo todos os dias. Tenho a certeza que conseguiremos manter este nível de trabalho de equipa pois é isso que nos faz superar as dificuldades e conseguir alcançar os difíceis objectivos a que nos proposemos. (abaixo está Geraint com o elefante marinho na estação cientifica da British Antarctic Survey em Signy Island)





De momento, temos alguma flexibilidade para fazer mais trabalho na Frente Polar Antárctica (área muito produtiva onde as águas frias do Oceano Antárctico se juntam às águas mais quentes dos trópicos) onde os pinguins se estão a alimentar. Apenas mais uma nota que esperamos ir ao Porto de Stromness (Geórgia do Sul) para calibração de instrumentos. Desejos de um mar calmo e de boas amostras. Geraint"

(Geraint Tarling, of the British Antarctic Survey, is the Principal Scientific Officer of this scientific cruise, that is within the International Polar Year research initiatives (see http://www.ipy.org/ for international perspective or http://www.anopolar.sapo.pt/ in Portugal). This cruise has 26 scientists from UK, USA, Denmark, Germany, Slovenia and Portugal, collecting samples in this international program that envolves more than 50 000 scientists worlwide and of more than 60 countries. Geraint, with other colleagues, planned this cruise to every detail, defined objectives and all cruise decisions have to be discussed with him. Below is his message to all scientific community in the cruise for what has been achieved and what is expected to be done in the coming days:

"I thought I'd put pen to paper now to let you know how we are getting on and what lies ahead. Despite recent inclement weather, we are still approximately on schedule. We have completed the VAST MAJORITY of the activities planned, for which we should be both thankful and proud. I am grateful for the amount of help you have given each other, of which I see evidence every day. I am sure that, we can keep up such teamwork, for it is the stuff that gets us through the tough schedule we have set ourselves. We have some flexibility in our schedule of work in the Polar Front region to do work where penguins are foraging. Before I leave you, just a note that we expect to go to Stromness harbour (South Georgia) for acoustic calibration. Wishing you calm seas and good samples"Geraint)

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Muita sorte! (Lucky strike!)

Latitude:-55.24
Longitude: -41.30




















Tive sorte nas horas de trabalho mas ao início do cruzeiro julgava que não!!!!! Quando estavamos a decidir o horário de trabalho (são 12 horas a trabalhar e 12 a descansar), deixei bem claro aos meus colegas cientistas que queria o horário onde houvesse mais actividade cientifica na minha àrea de investigação. Fiquei com o turno da noite da meia-noite ao meio dia...e foi uma boa escolha!


Estou a usar redes de pesca cientificas (RMT - Redes rectangulares de arrasto pelágico, ou seja, só opera no meio da água e não no fundo) para investigar abundâncias e distribuições de várias espécies de peixe que são muito importantes na cadeia alimentar do Oceano Antárctico.

Aliás, as espécies que estou a estudar são elementos essenciais na dieta de predadores que eu tenho particular interesse, como são os casos dos pinguins (abaixo é o Pinguim de Barbicha) e dos albatrozes (abaixo o albatroz de cabeça cinzenta).

























Adoro recolher as redes, pois cada rede traz mais informação para o puzzle que é conhecer melhor este ecosistema.
Estou sempre curioso...é tão interessante notar que algumas espécies de peixe vivem em àguas junto ao gelo mas começam a desaparecer à medida que vamos mais para Norte. Outras espécies surgem como do nada e ficamos todos super intrigados porque isto acontece...mas as peças do puzzle vão surgindo.
Rachael e Martin felizes por descobrir mais uma peça do puzzle.















Reparei na minha grande sorte quando me apercebi da beleza do nascer do Sol. Tem sido excelente ver surgir o Sol por volta das 3-4 da manhã. Abaixo estão alguns dos registos (alguns tirados hoje) de como o céu aqui é lindo, a claridade única, os tons das cores mais fortes...e um ar gelado que sempre nos lembra que estamos no Oceano Antárctico! Em relação ao trabalho...tudo bem já que o tempo melhorou!!!











































(We are pretty lucky! But some are more than others. Those that work at nights, like me, Geraint Tarling, Jon Watkins, Hugh Venables, Peter Ward, Maria Nielsdottir, Martin Collins, Daria Hinz,... enjoy some unique moments of the day...like the sunrise. Some days the skies are filled with colours that I did not know they existed. And despite being at work, and full of things and responsabilites at those times, we still stop and enjoy the view: beautifully warm despite the 0 degrees of the air temperature! Workswise everything is going pretty well as the weather improved)

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Estamos a meio do cruzeiro! (Hump day!)

Latitude:-55.20
Longitude:-41.12

Estamos exactamente a meio do cruzeiro! Já realizamos bastante trabalho. No mapa abaixo mostra onde estamos de momento.










Tem sido uma autêntica aventura e outros cientistas ainda se questionam "José, porque estás sempre de bom humor e com um sorriso?" A resposta é simples.... todos os dias sinto que sou um privilegiado em estar na Antárctica e que estou a ter uma oportunidade única de viver ao vivo um mundo diferente. Quero simplesmente aproveitar todos os minutos!!!!

Para outros colegas cientistas, que já ca vieram umas 15-20 vezes, é só mais uma viagem. Para mim, que estou na quinta viagem à Antárctica, continuo maravilhado com tudo, desde sentir novamente o ar gelado, da beleza intrinseca do Antárctico,






dos pinguins e dos albatrozes



























das focas, elefantes marinhos (em baixo) e lobos marinhos
















das baleias (em baixo, a baleia comum)

















da satisfação de realizar boa ciência depois de cada dia de trabalho árduo, simplesmente de tudo. Mas não sou só eu, a grande maioria dos amigos e colegas sublinham as minhas palavras.


(Today is Hump Day, which means we are half way of our research cruise. Overall, it has been amazing. In various occasions, fellow scientists has asked me "José, why are you in such good mood all the time?" Simple, my friends.... I fell so priviliged and happy to be here. Never been that so much South, with so much ice around, simply fantastic, breathtaking. If we get as many adventures and good datasets as we have so far, we will be happy scientists in a great research ship!)

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Viva a organização! (Being organized helps!)

Latitude: -50.20
Longitude: -41.24

Fantástico como tudo dentro do navio está tão bem organizado, e nada é deixado ao acaso, principalmente nestas tempestades. Maravilhoso aperceber-me como tudo funciona bem e a horas. O exemplo obvio é como a carga e as amostras recolhidas estão bem arrumadas, isto porque nisto das tempestades testa bem o quando tudo está bem fixado...ops...lá vai o copo!!!!!































Segundo Peter Enderlein (em baixo), o responsável pela organização do material e pela operação de aparelhos cientificos, cada cruzeiro é planeado com mais de 1 ano de antecedência (a parte cientifica pode ser planeada 5 anos antes mas normalmente é por volta dos 2-3 anos antes, dependendo muito do projecto ou cruzeiro).


















Na foto abaixo, tirada após a nossa chegada às Ilhas Falklands, mostra Peter a trabalhar com os cientistas Martin e Hugh na montagem de aparelhos cientificos de recolha de amostras, isto para certificar se está tudo bem.


















Assim, todo o material a ser levado no navio tem de ser empacotado até Agosto-Setembro do ano do cruzeiro. Neste cruzeiro que se iniciou em Dezembro 2007, em Setembro tudo tinha de já estar no navio. Caso falte alguma coisa, esse material terá de ser levado em mão pelos cientistas pelas vias normais de aeroporto...mas não podemos levar mais de 40 kg, já incluindo a nossa roupa.

Assim que se chega a bordo, o primeiro passo é avaliar onde está tudo a bordo e se encontra em boas condições. Posteriormente tudo tem de estar bem acomodado, seja dentro, seja da parte de fora do navio, na proa ou popa.
















Abaixo temos o aparelho MOCNESS (à esquerda), que consiste em 9 redes de pesca, cujas aberturas são feitas informaticamente a bordo à profundidade desejada. Ou seja, à profundidade de 50 metros, temos um dos cientistas a clicar num botão para fazer uma determinada rede abrir. Isto para determinarmos a distribuição de organismos a diferentes profundidades. Ao mesmo tempo, este aparelho também regista vários parameteros com a temperatura.
















O objectivo desta elevada organização e arduo trabalho prévio, é para certificar que toda a ciência realizada seja feita com profissionalismo e com os melhores resultados possiveis. Peter e Martin a conversar sobre a performance de uma das redes...

















Se tudo correr bem...podemos depois descansar!!!!




(For everything to work well, it is imperative to make sure that all material is well kept onboard. During these storms, no risks can be taken. A scientific cruise can be planned up to 5 years prior to its start, and all gear should be onboard well before the cruise. For example, for this cruise in December, all gear must have been packed onboard of the James Clark Ross in September. Peter Enderlein, as one of the responsible for the gear onboard, emphasizes the need for prior planning for a successful cruise: the scientific gear was checked as soon as got into the Falkland Islands, everything is well kept (either in boxes in the hold or on deck), and any activity with a given scientific gear is double-checked to be operational. Hard work, planning and organization makes a successful science cruise...so that afterwards we can relax!)

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Tempestades (Sea Storms)

Latitude: -55.90
Longitude: -41.88


As tempestades são maiores ou mais pequenas consoante a experiência de cada um. Para mim, estou no meio de uma enorme.
















As ondas estão grandes (entre os 6 e os 8 metros), a ciência está em stand-by porque não é seguro colocar aparelhos na àgua (pois seriam dificeis de os recuperar sem virem a muitos km por hora contra o navio), e o navio baloiça tanto que parecemos que estamos com uns copos a mais quando andamos nos corredores. Abrir e fechar uma porta parece algo tão dificil ou fácil dependendo se a onda já passou ou não pelo navio. Aqui temos o Jeremy com dificuldades em andar direito...
























Para outros não. Os oficiais responsáveis por dirigir o navio hoje de manhã, hoje é coisa pouca. Para o oficial Robert Paterson , dias como hoje são magnificos para sentir o poder do mar...mas não assusta!

















A sua experiência diz-lhes que as ondas nem sequer passam por cima da proa (frente do navio)...como o caso do ano passado (Obrigado pela foto Doug!).




















Finalmente, e sendo objectivo, para a escala de tempestades no mar, estamos no nivel 7 (de 0 a 12). Estou orgulhoso. Nivel 7!!!!! Será muito, será pouco?

De momento, estou a divertir-me imenso:

1- Não estou mal disposto (a grande maioria está nas seus quartos deitados a ler um bom livro, pois assim não enjoam),

2 - Lá fora está fantástico com ondas gigantes passar por ti a menos de 5 metros...Oceano Antárctico em grande!,

3- Tenho registado a opinião dos mais experientes nestas andanças, e tenho aprendido imenso. Por exemplo, este navio já esteve em tempestades bem maiores e aguentou!!!! ufff...


4- Gosto do balanço para um lado e para o outro. Já passei por algumas tempestades e felizmente já não tenho a sensação de o barco afundar cada vez que vem uma onda...

5- Ainda dá para apreciar os albatrozes a voar a grandes velocidades, pinguins Macaroni (primeira vez nesta viagem) e ainda golfinhos (o privilegiado foi o Hugh que os viu) .


O melhor para ver dizem que é quando o navio vira (aí, as ondas acertam mesmo em cheio, enquanto agora estamos a ir com a corrente)...depois conto!!!!

Quanto à ciência, está à espera de um dia melhor....

(Saying that we are in a storm depends mainly on the experience of each person in such conditions. For me, we are in the middle of a big one. For others, like the officer Robert Paterson, the sea is a bit moody but nothing that bad. Without any bias, the storm scale says we are in a scale 7 (between 0 to 12). I heard that last year was much worse. I am proud of it nevertheless! It has been fun, as it is tremendously humbling seeing such big waves close to me...just 5 metres away! Science is on hold at the moment and we are optimistic for the coming days!)

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

O tempo manda (The weather rules)

Latitude:-57.14
Longitude: -42.43

Trabalhar nas regiões polares tem sempre um factor de risco, seja ele em relação à segurança (é necessário tirar vários cursos de primeiros socorros, engenharia, de segurança no mar, etc), seja ao nivel cientifico. Hoje quero falar deste segundo aspecto.

Qualquer projecto num cruzeiro cientifico a realizar na Antárctica tem de ter obrigatoriamente um factor de flexibilidade de tempo, isto porque a obtenção de amostras depende do estado do mar. Na Antárctica, apesar das temperaturas do ar no mar semelhantes (à volta dos 0 graus) tanto pode estar um céu limpo lindo...
















Como pode estar um nevoeiro cerrado, a nevar...
















Ou ainda com mar chão....
















Ou mar agitado...

















Ou com gelo....






















Hoje estamos em mar agitado...e tal como previsto, ter um plano B é sempre útil. Ontem, tudo correu como planeado, com numerosas amostras obtidas mas hoje o tempo está pior e algumas actividades foram adiadas....quanto às aves marinhas... elas continuam a fazermos companhia!













(Any research carried out in the Polar regions should always include weather conditions, as these might limit the data collection. Onboard of research cruises this is evident. If there´s too much ice the nets can not operate, if there is too much swell the same applies. The last 24 hours, the samples were collected but a bigger swell is planned for the following hours, which might reduce the samples collection...and remind us that are the weather conditions that also influence the science!)

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Mar de Scotia em alta! (Amazing Scotia Sea!)

Latitude: -57.31
Longitude: -42.66
















Estou no mar há 21 dias e nunca tinha visto um espectáculo como este ao presenciar o início do dia na Antárctica: dia calmíssimo, pouco vento, ar gelado e seco, luminosidade única, um icebergue aqui e ali...e mais amigos como companhia!!!!

























Como o meu periodo de trabalho é da meia noite ao meio dia, tenho sempre o privilégio de ver o início de cada dia. O anoitecer da noite anterior (às 23.30 horas) já evidenciava algo especial, pois o céu estava limpo e uns tons de vermelhos, laranjas e azuis (do que o usual nublado e cinzento). Quando começou a clarear, por volta da 4 da manhã, foi espantoso. Primeiro veio uma claridade rara, sem nevoeiro ou neblusidade, um sol esplendoroso....suave, cor de ouro, supreendentemente quente (foto abaixo foi tirada pela Nina Bednarsek. Obrigado!). Mas nada de ilusões...a temperatura era de 0 graus e o buraco de ozono exige protecção solar....
















Nessa mesma manhã ficamos paramos a recolher amostras de àgua a várias profundidades, através do aparelho CTD, que avalia as caracteristicas da àgua (temperatura, densidade, conductividade a determinada profundidade). Por volta das 6 da manhã, com um mar espelhado e com uma vista que não tinha fim, e já com o sol bem descoberto, começei a ver os sprays de várias baleias a várias milhas de distância. Segundo o Hugh podiam ser umas 20-30.
















Como estavamos parados, percebemos que elas se estavam a se deslocar em direcção a nós. Por volta do meio dia começamos a ser sucessivamente rodeados por baleias comuns, todas da espécie Balaenoptera physalus (Fin whale). Esta é a segunda maior baleia do mundo, podendo chegar aos 27 metros de comprimento. Elas apareceram em grupos de 2-4 baleias que rodeavam o navio, dando várias voltas ao navio...














Algumas delas paravam mesmo a poucos metros do navio, dando a sensação de estarem mesmo a observar-nos, vindo mesmo perto. Esta foto abaixo é de uma distância de 3-5 metros.
















(We have been at sea for 21 days and I never thought to experience such a feeling. Today we had a fabulous day,with no wind, almost clear skies and had fin whales paying us a visit. Everything started on the previous day when it seemed that it might be nice the following morning. And it was... We counted around 20-30 whales and several of them came really close to the ship, either in groups or single. The fin whales, the second largest whale in the world (can reach 27 metres long) seemed to be very curious creatures and made our day very special!!!)