sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

11. As boleias das focas leopardo, a viagem de despedida e a nova igreja


Enquanto esperavamos por uma aberta das condições atmosféricas para ir novamente a Sando Point, foi-nos possível perceber algo muito interessante em relação às focas leopardo... elas ADORAM a baia onde nós moramos (Baia Sul de Livingston Island) e julgamos que, no mundo delas, esta zona deverá ser um Hotel 5 estrelas. Basta que parte de glaciares quebre e é vê-las a tentar subir, ou já esticadas com num spa, em muitos dos pequenos icebergues recentemente formados, todas felizes! Parece que “fazem fila” junto aos glaciares à espera da sua boleia. No dia anterior a muitos dos nossos amigos da Base irem embora, fomos ver alguns desses glaciares e as focas leopardo um pouco mais de perto... estes animais t|em mais de 3 metros de comprimento, uma cabeça enorme, intimidantes dentro de água e aparentemente frágeis fora dela...são realmente uns animais estraordinários.

E quando se fala de icebergs, não é possível parar de sorrir! São fascinantes por si só....e esta semana, isso foi comprovado novamente. Após termos estado uns dias nos arredores da Base a trabalhar com os pinguins gentoo (estes são possívelmente pinguins não reprodutores, o que será excelente comparar com aqueles que se estão a reproduzir em Hannah Point: será que se alimentam também do krill?), concluimos que precisávamos de ir uma última vez a Hannah Point e a Sando Point para obter as amostras finais das dietas de pinguins gentoo e chinstrap que se estão a reproduzir. Com os dias a continuarem nublados, com neve/chuva e ondas grandes, já estavamos a ficar um pouco preocupados pois estavamos a poucos dias de ir embora. O Federico (o responsável pelo zodiac Espanhol) disse-nos que a última oportunidade seria na próxima Segunda-feira...No dia, acordámos cedinho e fomos ter com o nosso responsável do zodiac Bulgaro, Roman – O capitão!, para saber de sua opinião. Para nós o mar mal mexia, tal era o nosso entusiasmo para ir, mas o Roman sugeriu esperar até ao meio dia para ver se o vento diminuia...”tudo por questões de segurança” disse confiante. Às 10.30 não havia vento, estava sol e o mar estava perfeito. Conseguimos convencer o nosso capitão e o Christo Pimpirev (o Pai da ciência Polar Bulgara e o novo ponto de ligação entre as Bases Bulgara e Espanhola) a contatar os Espanhóis para irmos mais cedo (pois era preciso o seu zodiac para ir connosco por questões de segurança).

Partimos às 13 horas!!!!!! O dia não podia ter sido melhor...o plano da viagem consistia em ir primeiro a Hannah Point, depois a Sando Point, e regressar a casa. Com alguns dos novos membros da Base virem connosco (dos novos membros – Christo, Vikitor, Nikola, Rumiana...- vieram o Dimo, Laslo e Kamen, além de nós e o capitão Roman), a viagem até Hannah Point foi muito agradável. Trabalhámos eficientemente de modo a no final parar uns poucos minutos para tentar absorver a sensação de “estar rodeado de pinguins”. Mas foram mesmo po

ucos minutos....como ainda tinhámos de ir para Sando Point (com uma agenda mais preenchida de trabalho), só passámos 2 horas em Hannah Point. Foi dificil dizer ADEUS a tantos pinguins gentoo, às gigantes elefantes marinhos e até aos pétreis gigantes que nos fizeram companhia nestes 2 meses. N verdade passámos o Natal e a passagem de ano juntos!

A caminho de Sando Point, tivemos a grande alegria de termos pela frente um iceberg GIGANTE. É incrível a beleza deles...as cores (nunca pensámos que os azuis podiam ser tão variados), a imponência, o tamanho....após uns breves minutos, continuámos em viagem. Em Sando Point, os chinstrap penguins receberam-nos com a barulheira do costume, que muito me faz lembrar a correria das cidades, mas com todos a cantar, a cuidar dos seus filhotes, pinguins a chegarem e a partirem da colónia, na autêntica azáfama da época de reprodução. Recolhémos as últimas amostras, e conseguimos fazer algumas filmagens para as nossas queridas escolas, de modo a tentar captar um pouco da doçura e do carinho que estes pinguins têm pelos seus filhotes, e o seu bonito modo de vida (apesar de nos ter dado uma valentes bicadas quando trabalhávamos com eles...nós vos adoramos na mesma!).


O regresso à Base foi, por um lado, muito bom pois tinhamos o sentido do dever cumprido, após meses de planeamento desta expedição. Por outro, fica-se com a sensação de que deixámos para trás muitos amigos pinguins e havia nostalgia no ar. Os 2 dias seguintes foram passados no laboratório atarefados a analisar estas amostras recolhidas e a tentar adiantar o máximo de trabalho, pois teriamos de ajudar a construir a nova igreja!

Assim que soubémos que se iria construir uma nova igreja na Base Bulgara, ficámos logo todos entusiasmos pois não só estariamos a ter o privilégio de sermos nós a ajudar os nossos amigos Bulgaros nesta tarefa mas também porque estariamos a fazer história! Só existem 4 igrejas na Antártica (a actual aqui mais antiga, uma católica e Russa em King George Island, e outra na Base americana em McMurdo) e Portugal estará sempre ligado à construção desta igreja....brilhante!


Assim, todos os dias, ajudámos a construir a Igreja St. Ioqn Rilski (em honra ao Monge que expandiu a religião na zona dos Balkans). O trabalho em equipa é engraçado de se ver, todos a quererem ajudar e apesar de não percebermos muito das conversas em Bulgaro, nunca hesitámos em lhes ajudar em pôr cimento nas fundações, ajudar a erguer parte da estrutura, e até dar sugestões de como construir uma determinada parte da igreja. Ver, passo a passo, a igreja a erguer-se é algo muito gratificante, e a ver o brilho dos olhos de todos quando a cruz foi posta, é algo que não esqueceremos!


Ayde!!!!


José Xavier e José Seco

1 comentário:

Anónimo disse...

Grande, Xavier!
Como sempre, uns posts muito interesanetes.
Casilda