Olá a todos
Gostaria de vos informar que a próxima expedição já está a ser planeada...por favor ficar atentos a partir do meio de Dezembro 2015...preparem-se para novidades!
Dear All,
I would like to inform you that the next expedition is being planned...please keep an eye on this blog from mid December 2015...be ready for news!
sexta-feira, 2 de outubro de 2015
quarta-feira, 8 de abril de 2015
Terminar com um BOOM | Ending with a BLAST
Moin, moin
Estou-vos a
escrever ainda da Alemanha. É o último artigo para o blog deste ano. Foram 2
meses muito intensivos, com muito trabalho. Após este tempo todo, entre várias
viagens, devagar se começa a conhecer a cultura Germânica. Deverá estar ainda a
pensar porque diz “Moin, Moin” no inicio deste blog. Pois é assim que os
Alemães do Norte da Alemanha se cumprimentam de manhã. Nas palestras não se
“aplaude” com as mãos mas sim a “bater” nas mesas tal como fazemos ao “bater”
numa porta antes de entrar. “Currywrust” (salsicha com molho picante) com
batatas fritas substituiu o nosso bitoque, e com vários restaurantes e cafés
portugueses, Bremerhaven facilmente se torna “familiar”.
Nestes 2 meses,
tive a única oportunidade de rever a biologia e ecologia mais de 100 espécies e
crustáceos que vivem no Oceano Antártico, trabalhando com colegas do Alfred
Wegener Institute (AWI) e do Museu de Zoologia da Universidade de Hamburgo. A rever esta informação, com ajuda das
coleções destes institutos, também envolveu incluir mais de 500 artigos
científicos para o trabalho, que focavam sobre a distribuição, relações
tróficas e identificação das espécies estudadas. Além da vertente científica,
não deveremos levar este conhecimento a todos, através de atividades
educacionais? Bem, foi mesmo isso que se passou nesta última semana.
A Workshop sobre
educação das regiões polares teve lugar em Hannover entre 1 e 4 de Abril,
reunindo cerca de 50 participantes de 14 países de todo o mundo. Foi deverás
importante debater o papel da educação nas regiões polares, reunir a última
informação sobre as descobertas científicas, desenvolver novas metodologias
educativas tendo como base essas descobertas, e debater o futuro da “Polar Educators
International”, uma organização que surgiu após a conferência internacional de
Montreal do Ano Polar International (2012) e que tem ocupado um nicho
importante. Foram 2 dias super intensivos mas muito gratificantes, reunindo
educadores, professores e cientistas polares num único lugar. O entusiasmo e
dedicação de todos fizeram esta workshop um sucesso. A isto é o que se chama acabar com um BANG!!!
Moin, moin! I am still writing from Germany. This
is my last article for the blog for this “expedition”. They were 2 long months of intensive work.
After all this time, between other trips, slowly I started to understand the
German culture, You might be wondering why I said “Moin, moin!” in the
begininning of the sentence. Well, that´s how we say “Good morning!” in the
north of Germany. Another interesting fact here is that we do not aplaude by
clapping our hands but by “knowcking” at the table in front of you (like we do
when knocking at someone´s door before getting in). “Currywrust” (a sausage
with curry sauce) with french fries substituted our typical Portuguese dish
“Bitoque”, and with various Portuguese restaurants and cafes around, it made us
feel pretty “home” in Bremerhaven. In these 2 months, I reveiwed the biology
and ecology of more than 100 species of crustaceans from the Southern Ocean,
working with colleagues from the Alfred Wegener Institute (AWI) and the Zoology
Museum of the University of Hamburg.
While reviewing all this information, more than 500 research articles
were included in the work. Beyond science, should we also focus on education,
emphasizing the relevance of the work we do? This last week, a workshop on
Education of the Polar Regions took place in Hannover (1-4 April 2015),
bringing together around 50 pariticipants from 14 countries worldwide. This
workshop was truly important to debate the relevance of the role of education
in the polar regions, to develop new methodologies related to polar education,
based on the most recente scientific findings. Under the coordination of the
Polar Educators International (A new organization working intimately on polar
education), these were 2 very intensive, highly rewarding, days of the
workshop, with educators, teachers and polar scientists in a single place. The
enthusiasm and dedication of all made it a success. This is what I call ending
this expedition with a BANG!
sexta-feira, 27 de março de 2015
Pinguins na Alemanha | German Penguins
Gutten morgen!!!
Existe cerca de
50 países a fazer investigação na Antártida hoje. Temos países da Europa, Asia,
África, Ocêania e das Américas, evidenciando
o papel importante da Antártida para o nosso planeta. Mas além da
ciência e da diplomacia, a educação tem tido um papel cada vez mais forte, tal
como evidenciado por um recente artigo na prestigiada revista Nature (Kennicutt et al. 2014). Porquê? Porque hoje em dia a informação flui com uma
grande rapidez, através das novas communication tecnologias (internet, como
através do facebook, twitter e/ou websites) e o acesso a informação útil e
credível é cada vez mais importante. Também faz com que o nosso planeta pareça
mais pequeno. Há 20 anos falar de pinguins era algo pouco usual nas nossas
escolas, hoje temos cientistas portugueses a estudar pinguins e ir à nossas
escolas a falar de viva voz como é estudá-los.
Tudo isto se
reflete no nosso dia a dia com a globalização da informação. Um dos melhores
exemplos é o caso onde estou agora, em Bremenhaven (Alemanha). Aqui, nesta
cidade de pouco mais do que 500 000 habitantes (mais ou menos o tamanho do
Porto, em Portugal), existem pinguins e ursos polares literalmente por todo o
lado (atenção que os ursos polares raramente comem peixe). A cidade “respira” regiões polares!!!!
Vejamos...a
equipa de hóquei no gelo de Bremenhaven chama-se “fischtown pinguins”, um dos
mais prestigiados institutos de investigação polar está aqui (Alfred Wegener
Institute), os restaurantes possuem pinguins gigantes a dar direções, as
agência de viagens têm pinguins nas montras, até os centros comerciais possuem
uma área alusiva à Antártida!!! Passado uns dias aqui, parece que estou bem
mais perto da Antártida. Aliás, bem me fez recordar Punta Arenas e as Ilhas
Falklands por uns breves segundos...
Nestas semanas de
trabalho, onde passei muito tempo entre coleções, livros, artigos e reuniões,
sair à rua naqueles dias bem frios de Fevereiro, bem me fez estar bem pertinho
de todos os colegas que foram em trabalho de campo para a Antártida este ano!
Espero que tenha corrido tudo bem!!!! Mas para eu saber, e aprender mais, basta
um clic
Gutten morgen!!!
There are about 50 countries active in Antarctic
research or activities related to it. We have countries from Europe, Asia,
Africa, Oceania and the Americas, reenforcing the importance of the Antarctic
to the rest of the world. Beyond science and diplomacy, education has raised
its profile, like it has been acknowledged recently in a article in Nature
(Kennicutt et al. 2014). Why? Because today information travel really fast,
through the new communication tecnhologies (facebook, twitter, websites, blogs,
you name it) and access to useful and credible information is everyday more importante. It
also makes our planet smaller. 20 years ago, talking about penguins or polar bears (attention that fish is not common in the diet of polar bears) was
something exotic....today it is common. Funny enough this global network does get reflected in our everyday lives and
how gets into our culture, independently how far you are from the Antarctic or the Arctic. Examples? Bremerhaven (Northern Germany)! Here the hockey team
is called “fischtown pinguins”, the travel agencies have penguins on their Windows,
restaurants with big “penguins” diving directions, shopping malls even have an area
devoted to the Antarctic...during these weeks of work, between collections,
papers and books, going outside in a cold Winter day, really made me closer to
my colleagues that gone to the Antarctic. Hope it went all well to all of them.
How could I know? Well, to learn, I just have to click
domingo, 22 de março de 2015
O jogo dos tronos | Game of thrones
Gutten morgen!!!
Com as alterações climáticas a afetar o Oceano Antártico,
particularmente na Península Antártica, tem-se registado algumas mudanças
importantes de quem domina a cadeia alimentar no Oceano. Nesta região, pensava-se
que o krill do Antártico Euphausia
superba era o rei mas nestas últimas décadas, mas os ventos de mudança das
alterações climáticas, fez com que a sua abundância tenha estado a declinar.
Por outro lado as salpas Salpa thompsoni
(tunicatos marinhos (são como primos das ascídias, e mais
distante das alforrecas e medusas) têm aumentado a sua abundância. Mais a
norte, junto à Geórgia do Sul, temos notado que o krill do Antártico têm sido
menos abundante em alguns anos, sendo substituido por uma espécie de
zooplanctón carnívoro chamado Themisto
gaudichaudii. Isto notou-se claro em 2009 na dieta dos pinguins gentoo Pygoscelis papua que de repente começa a
alimentar-se destes pequenos organismos marinhos em vez do krill do Antárctico…
Estando a fazer uma revisão dos
crustáceos do Oceano Antártico, noto que o Themisto
até é muito abundante noutras paragens. Aliás ele possui uma distribuição
circumpolar em águas do Oceano Antártico e em águas subantárticas. É uma das
espécies mais numerosas em águas junto à superficie, entre o continente e a
corrente oceânica subtropical. E sim, muitos predadores o comem, tais como
peixe, lulas, pinguins, baleias, albatrozes, petreis, fulmares, moleiros e até
focas. É particularmente importante na dieta de varias espécies de pinguins
(Adelie, barbicha, macaroni, rockhopper e real).
Recordo-me como fosse ontem quando
começei a encontrar o Themisto na
dieta de pinguins gentoo em 2009. Em principio, julgava que era duas espécies
pois uns tinham umas antenas mais curtas e outros individuos tinham umas
antenas maiores e segmentadas. Foi através de pesquisa cuidada, com consulta de
artigos cientificos e com colegas, quefinalmente me levou a concluir que estava a
olhar para as fêmeas e os machos respectivamente, de Themisto. Interessante, não é? Só recentemente se começou a ter mais
estudos sobre a biologia do Themisto.
Com este nosso estudo, mais informação sobre esta espécie vai estar
disponível…mas existe ainda muito por fazer quer nesta espécie quer em outras
semelhantes de zooplancton!!!!! Quem será o próximo no trono da abundância no
Oceano Antárctico?
With
climate change afecting the Southern Ocean, particularly in the Antarctic
península, some important changes have been happenning in the water. In this
region, Antarctic krill Euphausia superba was thought to be the King of abundance
in the last decades, but the winds of change has been affecting it. In the last
decades, Antarctic krill has decreased in abundance in the last 40 years in
Antarctic Peninsula. On the other hand, salps Salpa thompsoni (marine
tunicates) have been increasing in abundance. Further north, close to South
Georgia, Antarctic krill has also been less available to predators in some
years, being substituted by Themisto gaudichaudii (a carnivorous zooplankton
species). This was particularly obvious when I was studying gentoo penguins
Pygoscelis papua in 2009 at Bird Island Research station of the British
Antarctic Survey. These penguins were feeding on Themisto instead of krill...While doing this review, I
noticed how important Themisto is. It has a circumpolar distribution in
Antarctic and subantarctic waters, being one of the most numerous zooplankton
species closer ot the surface. Yes, loads of predators feds on it, from fish,
squid to albatrosses and whales. It is particularly important in the diet of
certain species of penguins, such as Adelie, chinstrap, macaroni and royal
penguins. Only recently there has been a signigficant improvement of the
knowledge of the biology of Themisto....With our study, more information will
be available...but there is still loads to do in marine sciences, particularly
on the biology of zooplancton.... so that we can know more on who will be the
next species on the throne of abundance in the Southern Ocean?
sábado, 14 de março de 2015
Museus são cool | Museums are cool
Gutten morgen!!!
O que mais
gostarias de fazer: trabalho de campo na Antártida ou trabalho de laboratório
na Alemanha? Para mim, a resposta é... ambos (sim, estou a fazer batota, pois a
pergunta exige optar)! Seria ideal ir à Antártida recolher as amostras e depois
ir para a Alemanha analisar as amostras. Na verdade, é mesmo isso que estou a
fazer. Eu explico...
Estou agora
rodeado de crustáceos que estão em várias coleções em museus aqui na Alemanha, que
foram recolhidos há muitos anos por colegas meus. Sinto-me com muita sorte! Ir
à Antártida é maravilhoso mas é deveras dispendioso, exigente e necessita de uma
capacidade logística para apanhar os animais que desejo estudar. Acho que seria
totalmente impossível apanhar todas as espécies que estou a estudar agora num
único cruzeiro à Antártida. Porquê? Porque algumas espécies de crustáceos vivem
em diferentes regiões da Antártida (e lembra-te que a Antártida é do tamanho da
Europa!), em diferentes profundidades (umas espécies de crustáceos junto à
superfície e outras só a grandes profundidades) e seria necessário possuir
redes boas (rápidas, de grandes dimensões e resistentes) para as apanhar.
Daí só possível fazer
este trabalho agora! Demorou muitos anos de esforço de muitos cientistas, de
muitos países, de várias gerações, para reunir todos esta coleção de crustáceos
e todo o conhecimento existente. Já imaginaste que um camarão recolhido por ti,
que deste a um museu, poderá ser muito importante para a ciência daqui a 100
anos? É por isto que os museus me deixam maravilhado. Hoje em dia, para mim o cientista
Claude de Broyer, da Bélgica, é uma autêntica lenda no que toca a crustáceos do
Oceano Antártico. Isto porque cada vez que faço uma pesquisa à procura de
informação sobre um determinado crustáceo, noto que ele já escreveu um artigo
sobre ele! Recentemente, Claude liderou um livro muito importante sobre
biodiversidade no Oceano Antártico (relata mais de 9 000 espécies, 500 páginas
e mais de 3kg de peso!!!). Reune muito do trabalho sobre a distribuição e
abundância de muitos crustáceos e já o usei um número ilimitado de vezes. Ele é
super simpático, com um sorriso cativante e demonstra um gosto por aquilo que
faz (muito mais, sempre que alguém diz crustáceo!!!!). Na foto ele está à esquerda de Anton van de
Putte (um jovem cientista, também Belga
e co-autor do livro), que estuda peixes e adora bases de dados e o seu uso
livre. E adivinha onde eles trabalham?
Adivinhaste, num museu!
What would you like to to do? Going to the
Antarctic or work in a laboratory in Germany? For me, the answer is...both!
(yes, I am not playing fair, as the question demanded an option). It would be
ideal to go the Antarctic to collect the samples I need and then go to Germany
to analyse them. Well, that is extacly what I am doing. I explain...While in
Germany, working with colleagues from the Alfred Wegener Institute (AWI) and
University of Hamburg, I am surrounded by amazing collections of crustaceans
from museums and research institutes, collected for many years by colleagues
from around the world. I do feel I am lucky! Going to the Antarctic is truly
wonderful but it is expensive, demanding and needs a considerable amount of
logistics to catch all the crustaceans I need. Indeed, I do find it would be
totally impossible to catch all my study species in a single research cruise.
Why? Because the crustaceans species live in different regions (remember that
Antarctica has the size of Europe), at different depths (some crustaceans live
close to the surface others at great depths) and it is needed to have big, fast
and resistent nets to catch them. After all these years of many scientists putting
so much effort of catching crustaceans that I have at my disposal at museums, I
really appreciate how special museums are. Today there are various scientists
that are very inspiring. Claude De Broyer, from Belgium, is a scientist a
legend when talking about crustaceans. Everytime I do a search about a certain
crustacean, it is very likley that Claude wrote a research paper on it.
Recently, Claude and colleagues produced an important book about Antarctic
biodiversity (9000 species, 500 pages and 3 kg of weight!) that mentions
numerous crustaceans I am working on. I already used in considerably. Claude (in
the photo Claude (on the left) is with Anton van de Putte, another scientist
that contributed ot the book) is a very nice gentleman, always with a smile,
and easily i tis possible to see him enthusiastic about his research
(especially if you mention the word crustacean). And Guess where he and Anton
work? You got it, in a museum!
sábado, 7 de março de 2015
Crustáceos de profundidade | Deep-Sea Crustacaens
Gutten morgen!!!
De momento, no
nosso projeto estamos a estudar mais de cem espécies de crustáceos que estão
presentes na dieta de predadores do Oceano Antártico, como pinguins,
focas, albatrozes, baleias, petréis, peixes e até lulas. Tudo o que come crustáceos será estudado. Claro
que os crustáceos são dos alimentos mais preferidos destes predadores...pensem
em camarão, é bom não é?
Um dos aspetos
mais curiosos neste estudo é percebermos que muitas espécies de crustáceos
são...de grandes profundidades! Mais, predadores que apenas se alimentam em
águas costeiras e em poucas profundidades, tal como alguns pinguins ou albatrozes (por
exemplo o albatroz viageiro, que é a maior ave marinha com cerca de 3 metros de
asa a asa, só se alimenta na superficie), também encontramos espécies de
crustáceos de profundidade nas suas dietas...como será isso possível? Melhor, como é que
espécies de crustáceos de grande profundidade (> 300 metros de profundidade)
poderão estar disponíveis a predadores que nem mergulham, e vivem limitados à
superficie?
Esta questão tem
sido abordada por numerosos cientistas mas ainda hoje, muito ainda está por
explicar. Num dos nossos estudos de 2013 (Xavier et al. 2013. ICES J. Marine
Science), revimos como as lulas do Oceano Antártico poderão estar disponíveis aos
albatrozes junto à superficie. Muitas espécies de lulas fazem migrações
verticais diariamente para se alimentarem (passam o dia nas profundidades e vêm
junto à superfície à noite) ou em determinadas alturas do ano para se reproduzirem.
Outra possível razão são outros predadores, como as baleias (que conseguem ir a
grandes profundidades), regurgitarem lulas regularmente na superfície (para se
verem livre dos bicos de lulas, que são estruturas não digeríveis e que se
acumulam nos seus estômagos). Também se tem questionado que algumas espécies de
lulas vêm à superfície, após morrerem (ficando a flutuar e disponíveis para serem comidos por predadores necrofagos). É possível também os
albatrozes se alimentarem de peixe que comem lulas, logo quando se estuda a
dieta dos albatrozes não sabemos se os albatrozes comeram as lulas diretamente
ou não. Mais recentemente, tem-se debatido que as correntes de fundo podem
ajudar as lulas, peixes e crustáceos para os ajudar a vir junto da superfície, não fazendo diferença em que profunidade cada organismo vive.
Finalmente, espécies de lulas podem ser apanhadas por peixes de profundidade, e
estes podem ser apanhados por pescadores (que deitam fora os estômagos dos
peixes, à superficie, ficando disponíveis aos albatrozes).
Algumas destas
razões podem-se aplicar aos crustáceos. Por exemplo, o camarão do Antártico Euphausia superba é conhecido por fazer
migrações verticais (da profundidade para junto da superfície) regularmente....e
muitos peixes alimentam-se de crustáceos que são apanhados por pinguins, focas
e albatrozes...ou seja, no fim de contas, acaba por ser uma combinação destas
razões do porquê crustáceos de profundidade podem estar presentes na dieta de
predadores no Oceano Antártico. Quanto a certezas, mais estudos são precisos!
In our project, we are studying more than 100
species of crustaceans that are found in the diet of predators from the
Southern Ocean, including penguins, albatrosses, seals, whales, petrels, prions,
fish and squid. Every predator that feeds on crustaceans will be studied! Yes,
they are a lot but hey, who does not like shrimps? One of the most interesting
aspects of the project at the moment is noticing that numerous crustaceans
live in the deep-sea (> 300 meters deep) are also available to surface living
predators. How do deep-sea crustaceans become available to surface predators? One of my recent studies
(Xavier et al. 2013. ICES J. Marine Science) reviewed how Antarctic squid may
become available to surface predators. Many species of squid exhibit vertical
migrations from the depths to near surface, either daily to feed or
periodically to reproduce. Also, whales may regurgitate squid, that were caught
in the deep-sea, at the surface (i.e. squid beaks, that resist digestion and stay
in their stomachs, must be removed regularly). Some squid may also die and
float to the surface. It is also possible that predators may eat fish that eat
squid (we call it secondary digestion) so we do not know if, for example, the
albatross fed directly on the squid or not (i.e. eaten by the fish first). Finally, albatrosses may feed on
offal or discards (e.g. stomachs from deep-sea fish, with squid) from fishing
vessels. Some of these reasons may apply
to crustaceans. For example, we do know that Antarctic krill Euphausia superba
carry out vertical migrations. In conclusions, it is a probably of a mix of
these reasons to explain why deep-sea crustaceans become available to surface
predators. For certain, more studies are needed...
sábado, 28 de fevereiro de 2015
AWI
Gutten morgen!!!
Em ciência, é
essencial fazer investigação internacional e multidisciplinar. Hoje em dia, com
os avanços da tecnologia e da qualidade das pessoas (aqui estou a pensar de
como é mais fácil ir a qualquer parte do mundo de avião e da era da internet),
faz com que possamos saber quais são os últimos resultados científicos de uma
determinada área de investigação rapidamente, quais são as conferências
internacionais que vão ocorrer no próximo ano, e claro, quais as equipas e
institutos/Universidades que fazem a melhor ciência. Na verdade, a ciência possivelmente irá mudar
mais nos próximos 50 anos do que nos últimos 400 anos. Há que estar
preparados...
Ser cientista
hoje, na minha perspectiva, baseam-se em três fortes pilares: ciência de
excelência, ligar a ciência a decisões políticas (“policy making”) e a
educação. Todas estas vertentes precisam de um contexto muito forte de
colaborações internacionais e reunindo cada vez mais diferentes disciplinas,
abordando questões cientificas que tenham importância significativa, e que
tenha eco na sociedade (desde aquela aplicada à conservação até desenvolver
técnicas que abram novas áreas da ciência, mesmo que agora ainda não saibamos
se possa ter aplicabilidade direta na sociedade; na verdade, basta ler os
livros de Carlos Fiolhais para perceber que muitas das descobertas científicas
do passado, inicialmente não tinham aplicação...mas que hoje são fundamentais
para a nossa vida diária).
Neste contexto, colaborar
com outros institutos de investigação, e trabalhar com outros colegas, é muito
importante pois a troca de conhecimentos, aperfeiçoamento de técnicas, o
colaborar conjuntamente, produzirá (em principio) melhores resultados...tal
como dizemos na gíria “duas cabeças pensam melhor do que uma!”. O Alfred Wegener Institute (AWI) (Bremenhaven,
Alemanha) é um dos institutos de investigação líderes em ciência polar. Ele
possui toda a infraestrutura e logística necessária para fazer ciência de
excelência polar. Alfred Wegener foi um cientista alemão que propôs a teoria da
deriva das placas continentais (continental drift theory), em que defende que os
continentes estão em constante movimento há milhões de anos, e vão continuar a
mover-se. Daí sabermos que há mais de 180 milhões de anos a Antártida estava
mais a norte e tinha florestas verdejantes, e há cerca de 50 milhões de anos
estava ligada à América do Sul. Foi mais recentemente que a Antártida se
separou desse continente e fez que forma-se a Corrente Circumpolar Antártica no
Oceano Antártico, ligando os Oceanos Atlântico, Indico e Pacífico, e fizesse com
que a Antártida se torna-se no continente que é hoje: o mais frio, mais alto e
mais seco do mundo! Tal como Alfred,
hoje existem cientistas no AWI (por acaso não conheço nenhum AlfredJ) que contribuem significativamente para a ciência
que se faz hoje nas regiões polares...por isso estou aqui!
Gutten morgen!
In science, it is truly
important to conduct international and multidisciplinar research. Today, with
the technological advances and the improvements of people´s quality of life (I
am thinking of how easier is to travel by plane to any point of Earth and the
Era of the Internet), it
allows us to access to the latest scientific results quickly, to know the most
important conferences on a certain research topic, and of course,to have an
ideai of which Universities or
institutes do the best research. Indeed, it is tohught that science may change
in the coming 50 years more than in the last 400. We have to be ready for it...
Under such a context, collaborating with other colleagues from other
Universities/institutes or countries is essential to exchange ideas,
tecnhiques, to share knowledge, so that better results will come out of it...”two
heads think better than one” is probably true! The Alfred Wegener Institute
(AWI) is a leading institute in Poalr research, having all the logistics
necessary to conduct excelent science. Alfred Wegener was the german scientist
that proposed the theory of the continental drift in 1912, which hypothesized
that the continents were slowly drifting around the Earth. Today we know that
180 million years ago, the Antarctic continent was further north, and was
covered with forests and a warmer climate. Like Alfred, today there are
scientists at AWI that contribute significantly to the advance of polar
science...that´s why I am here!
domingo, 22 de fevereiro de 2015
Sabia que.... | Did you know that.....
Gutten morgen!!!
Os crustáceos têm
um papel importante na cadeia alimentar do Oceano Antártico. Existem várias
centenas de espécies de crustáceos no Oceano Antártico. Só em camarões (família
Euphausiacea), possui 85 espécies nesta região. Destas, o camarão do Antártico Euphausia superba, conhecido por krill,
é o elemento chave da cadeia alimentar. Isso deve-se a haver muitos seus
predadores a depender direta- ou indiretamente do krill. No Oceano Antártico,
desde peixes, lulas, albatrozes, petréis, baleias, focas e até pinguins, muitas
espécies de predadores adoram o krill. Então o que acontece se faltar o krill?
Bem, estudos recentes revelaram que o krill na Península Antártica tem estado
em declínio há cerca de 40 anos. Daí ser
previsível que alguns predadores que se alimentam de krill poderão vir a ser
afetados no futuro.
No que estou a
trabalhar agora, a identificação correta do krill na dieta de predadores como
pinguins, focas e albatrozes é fundamental para avaliar criticamente do que
está a aconteçer no Oceano Antártico. Das 85 espécies de camarões no Oceano
Antártico, 5 delas são particularmente abundantes e importantes na dieta de
predadores: o krill já mencionado acima, o Euphausia
crystallorophias, Euphausia frígida,
Euphausia triacantha e Euphausia vallentini. Todas estás
espécies estão distribuídas no Oceano Antártico mas é interessante notar as
diferenças nos seus habitats. Por exemplo, E.
crystallorophias é uma espécie que
vive junto ao continente, com águas a 0 graus Celcius (incluindo debaixo do
gelo marinho) e a baixa profundidae, enquanto E. frígida vive em águas acima dos 0 graus Celcius e nunca foi
encontrada debaixo do gelo marinho. Euphausia
triacantha não se encontra em
cardumes, é conhecida pro fazer migrações verticais mas é rara nas dietas de
baleias. Por fim, Euphausia vallentini distribui-se
em águas mais quentes a norte (2-10 graus Celcius), forma cardumes e
encontra-se na dieta de vários predadores, incluindo os pinguins gentoo, albatrozes
de cabeça cinzenta e peixes. Engraçado notar como cada espécie tem uma maior
abundância numa região diferente. Mais, cada espécie possui caraterísticas
físicas (os cientistas dizem morfologia) diferente. O krill chega a tamanhos
maiores do que qualquer outra espécie de camarão...tudo isto conta para
identificar cada espécie na dieta dos seus predadores e daí o valor do trabalho
que se está a realizar agora...
Gutten morgen!
Crustaceans play an important
role in the Antarctic marine food webs. There are hundreds of crusacean species
in the Southern Ocean. Within the family Euphausiacea, there are 85 species in
the Southern Ocean. Of these, Antarctic krill Euphausia superba, also generally
known as Antarctic krill, is a key elemento of the food web. This is due to
numerous predators depend on it, directly or indirectly. In the Southern Ocean,
from fish, squid, albatrosses, petrels, hales, seals and penguins, all feed to
a certain degree on Antarctic krill. Of the 85 species of Epuhausiids, 5
species are particularmente abundant in predators diets: Antarctic
krill mentioned above, Euphausia crystallorophias, Euphausia frígida, Euphausia
triacantha and Euphausia vallentini. Each species is more abundant in certain
regions of the Southern Ocean (ex. Euphausia crystallorophias is more abundant
close to the continent, under the pack ice, Euphausia frígida has never been
found under the pack ice and Euphausia vallentini is more abundant in
relatively “warmer waters” (between 2-10 degrees Celcius) and is present in the
diet of various predators. It is truly interesting noticing the diferent
distribution of each euphausiid species. This information, laong with their
morhological characteristics, helps us to identify them in the diet of top
predators...therefore the value of our work...
domingo, 15 de fevereiro de 2015
Projeto 2014 Crustáceos - A nova peça do puzzle | 2014 Project - Crustaceans: the new piece of the puzzle
-->
Gutten morgen!!!
Nestes últimos
anos, entre expedições à Antártida, tenho feito um esforço em ir aos laboratórios
dos melhores colegas de todo o mundo. Para quê? Para aprender! A vida de um
cientista consiste numa contínua aprendizagem, e se queres aprender nada melhor
do que aprender com os melhores. Assim, nestes últimos anos, estive 1 a 2 meses
em França (2 anos), nos USA (2 anos), na Nova Zelândia (2 anos), e agora estou
na Alemanha. Pessoalmente é muito exigente (pois estás sempre em viagens) mas
profissionalmente é importante.
Em relação ao
projeto que estou a iniciar este ano, ele foca-se em crustáceos. Porquê? Bem, de
modo a compreender a estrutura e funcionamento do Oceano Antártico, é
imperativo estudar as relações tróficas entre os organismos que compõem a sua
cadeia alimentar. Os crustáceos têm um papel importante na cadeia alimentar do
Oceano Antártico, fazendo parte da dieta de numerosos predadores, incluindo
pinguins, focas, albatrozes e baleias. Aliás, um dos crustáceos, o krill do
Antártico Euphausia superba é o
elemento chave da cadeia alimentar. No entanto, não existe qualquer guia de
identificação de crustáceos do Oceano Antártico especialmente redigidos a
apoiar investigadores que estudam relações tróficas neste Oceano, algo já
pedido durante o Ano Polar Internacional e nos expert groups da Scientific
Committee on Antarctic Reseach (SCAR).
Com a necessidade
de avaliar ao detalhe as cadeias alimentares para o desenvolvimento de métodos
aplicados à modelação das cadeias alimentares, este tema é de extrema
importância. Neste projeto, pretende-se analisar amostras de crustáceos das
coleções do Alfred Wegener Institute, Universidade de Hamburgo e da British Antarctic
Survey, para criar um guia de crustáceos na dieta de uns dos maiores predadores
de crustáceos, que exigirá passar 2 meses na Alemanha (Bremenhaven, Bremen e
Hamburgo) e Reino Unido em 2015.
Cientificamente, este
trabalho será uma contribuição importante para esta área de investigação,
complementando o livro anterior de cefalópodes enquanto colmata uma das
necessidades permentes nesta área de investigação. Além da ciência, actividades
de educação e comunicação de ciência serão conduzidas em colaboração com a
Association of Polar Early Career Scientists (APECS) e Polar Educators
International (PEI), associado ao Programa Polar Português (PROPOLAR). As
primeiras impressões da Alemanha para breve...
In the few years, between expeditions to the Antarctic, I obliged myself to make an effort and go and work with colleagues form the best laboratories in the world in the field of Antarctic marine ecology. Why? To learn!! The life of a scientist is a continue search for knowledge and continuing learning is part of it. Therefore, nothing is better than learning from the best. Therefore, in the last few years, I was 1 to 2 months each year in France (2 years), USA (2 years) and New Zealand (2 years), and now I am in Germany. Personally is very demanding (as we travel all the time), but professionally is important! My project that is about to initiate this year, is focused on crustaceans. Why? Well, because to understanding the structure and functioning of the Southern Ocean, it is truly important to study the trophic interactions between the animals that compose the Antarctic food web. Crustaceans play an important role in the Antarctic marine food web, being the most important component in the diet of numerous predators, including fish, penguins, seals, albatrosses, and whales. Indeed, Antarctic krill Euphausia superba is the a key element of the food web. However, there is no crustaceans guide for the Antarctic, directed to help marine ecologists working in the diet of top predators. So, I will be working with colleagues from the Alfred Wegener Institute (AWI), University of Hamburg and from the British Antarctic Survey (between many others), with the support of PROPOLAR, APECS, PEI and the organizations already mentioned, to produce such guide. In 2015, I will be in Germany/UK for 2 months or more...my first impressions of Germany will be coming soon!!!
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