Gutten morgen!!!
De momento, no
nosso projeto estamos a estudar mais de cem espécies de crustáceos que estão
presentes na dieta de predadores do Oceano Antártico, como pinguins,
focas, albatrozes, baleias, petréis, peixes e até lulas. Tudo o que come crustáceos será estudado. Claro
que os crustáceos são dos alimentos mais preferidos destes predadores...pensem
em camarão, é bom não é?
Um dos aspetos
mais curiosos neste estudo é percebermos que muitas espécies de crustáceos
são...de grandes profundidades! Mais, predadores que apenas se alimentam em
águas costeiras e em poucas profundidades, tal como alguns pinguins ou albatrozes (por
exemplo o albatroz viageiro, que é a maior ave marinha com cerca de 3 metros de
asa a asa, só se alimenta na superficie), também encontramos espécies de
crustáceos de profundidade nas suas dietas...como será isso possível? Melhor, como é que
espécies de crustáceos de grande profundidade (> 300 metros de profundidade)
poderão estar disponíveis a predadores que nem mergulham, e vivem limitados à
superficie?
Esta questão tem
sido abordada por numerosos cientistas mas ainda hoje, muito ainda está por
explicar. Num dos nossos estudos de 2013 (Xavier et al. 2013. ICES J. Marine
Science), revimos como as lulas do Oceano Antártico poderão estar disponíveis aos
albatrozes junto à superficie. Muitas espécies de lulas fazem migrações
verticais diariamente para se alimentarem (passam o dia nas profundidades e vêm
junto à superfície à noite) ou em determinadas alturas do ano para se reproduzirem.
Outra possível razão são outros predadores, como as baleias (que conseguem ir a
grandes profundidades), regurgitarem lulas regularmente na superfície (para se
verem livre dos bicos de lulas, que são estruturas não digeríveis e que se
acumulam nos seus estômagos). Também se tem questionado que algumas espécies de
lulas vêm à superfície, após morrerem (ficando a flutuar e disponíveis para serem comidos por predadores necrofagos). É possível também os
albatrozes se alimentarem de peixe que comem lulas, logo quando se estuda a
dieta dos albatrozes não sabemos se os albatrozes comeram as lulas diretamente
ou não. Mais recentemente, tem-se debatido que as correntes de fundo podem
ajudar as lulas, peixes e crustáceos para os ajudar a vir junto da superfície, não fazendo diferença em que profunidade cada organismo vive.
Finalmente, espécies de lulas podem ser apanhadas por peixes de profundidade, e
estes podem ser apanhados por pescadores (que deitam fora os estômagos dos
peixes, à superficie, ficando disponíveis aos albatrozes).
Algumas destas
razões podem-se aplicar aos crustáceos. Por exemplo, o camarão do Antártico Euphausia superba é conhecido por fazer
migrações verticais (da profundidade para junto da superfície) regularmente....e
muitos peixes alimentam-se de crustáceos que são apanhados por pinguins, focas
e albatrozes...ou seja, no fim de contas, acaba por ser uma combinação destas
razões do porquê crustáceos de profundidade podem estar presentes na dieta de
predadores no Oceano Antártico. Quanto a certezas, mais estudos são precisos!
In our project, we are studying more than 100
species of crustaceans that are found in the diet of predators from the
Southern Ocean, including penguins, albatrosses, seals, whales, petrels, prions,
fish and squid. Every predator that feeds on crustaceans will be studied! Yes,
they are a lot but hey, who does not like shrimps? One of the most interesting
aspects of the project at the moment is noticing that numerous crustaceans
live in the deep-sea (> 300 meters deep) are also available to surface living
predators. How do deep-sea crustaceans become available to surface predators? One of my recent studies
(Xavier et al. 2013. ICES J. Marine Science) reviewed how Antarctic squid may
become available to surface predators. Many species of squid exhibit vertical
migrations from the depths to near surface, either daily to feed or
periodically to reproduce. Also, whales may regurgitate squid, that were caught
in the deep-sea, at the surface (i.e. squid beaks, that resist digestion and stay
in their stomachs, must be removed regularly). Some squid may also die and
float to the surface. It is also possible that predators may eat fish that eat
squid (we call it secondary digestion) so we do not know if, for example, the
albatross fed directly on the squid or not (i.e. eaten by the fish first). Finally, albatrosses may feed on
offal or discards (e.g. stomachs from deep-sea fish, with squid) from fishing
vessels. Some of these reasons may apply
to crustaceans. For example, we do know that Antarctic krill Euphausia superba
carry out vertical migrations. In conclusions, it is a probably of a mix of
these reasons to explain why deep-sea crustaceans become available to surface
predators. For certain, more studies are needed...
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