sábado, 30 de maio de 2009

Vale a pena| Worthwhile doing E & O!!!

A escrever a partir de Bird Island, Geórgia do Sul (Antárctica)
Writing from Bird Island, South Georgia (Antarctica)

















Uma das questões que se levantou no último grande congresso internacional sobre as regiões polares, em St. Petersburgo (SCAR/IASC IPY Open Science Conference 2008) durante uma workshop entre jovens cientistas da Association of Polar Early Career Scientists (APECS: http:/apecs.is/) que organizei foi: no início da sua carreira "quanto tempo um jovem cientista pode dedicar a mostrar a ciência que faz, como ir dar palestras nas escolas ou conversar sobre ciência com alunos a partir da Antárctica?" A publicação do livro "Pensar Verde" diz-me que investir tempo em mostrar a ciência que fazemos é fundamental para as novas gerações...
























(Capa do livro Pensar Verde do Prof. Paulo Silva e seus alunos. Parabéns aos projectos da Direcção Regional de Educação (PREAA), EcoEscolas, Câmara Municipal de Vila Real de Santo António e ao projecto LATITUDE60! Muitos parabéns)


Como jovem cientista durante o Ano Polar Internacional tinha tido a excelente oportunidade de ter estado involvido também em promover a ciência Portuguesa nos últimos 4 anos, em complemento à toda a ciência. Tinha-me posto várias vezes esta questão e obti várias respostas que poderiam ajudar outros jovens cientistas do resto do mundo.

No início da carreira cientifica, até ao Ano Polar, não havia muito espaço para mais nada...se o objectivo era seguir uma carreira cientifica então era acabar curso, directamente para Mestrado ou Doutoramento, Pós-doutoramento,...sempre a produzir artigos, ir a conferências e pouco mais. Durante o Ano Polar Internacional começou a surgir um novo conceito de jovens cientistas com uma perspectiva diferente, e felizmente Portugal foi um dos países pioneiros.


















(Uma das páginas do novo livro "Pensar Verde: contributo das novas gerações" do Prof. Paulo Silva e seus alunos da EB2,3 Infante D. Fernando - Vila Nova de Cacela - Vila Real de Santo António, Algarve | One of the pages of the new educational book by the school Infante D. Fernando from the Algarve, south Portugal)

Uma das razões porquê fomos nós dos primeiros países, e a me aperceber disso, deve-se ao que se estava a passar em Portugal. Em 2004/05, Portugal era uma total incógnita em relação à ciência polar. Quando Gonçalo Vieira (Univ. de Lisboa) resolveu questionar todas as Universidades Portuguesas sobre que cientistas faziam ciência polar, a sua surpresa foi enorme. Eram várias instituições, do Porto ao Algarve, e até nos Açores, que tinham cientistas polares portugueses. Assim, resolvemos integrar o Ano Polar Internacional, este programa internacional e multidisciplinar cientifico, onde reunia mais de 60 países e 50 000 cientistas de todo o mundo para estudar o Árctico e a Antárctica. Eu tinha acabado de chegar de Inglaterra.






















(Fazer ciência é importante, tal como divulga-la de uma maneira simples e acessível a todos| Science is important, and doing education and outreach to show your science in an easy and accessible way can be as important)



Em Portugal, eu e o Gonçalo (e Adelino Canário do Centro de Ciências do Mar do Algarve) escrevemos um livro sobre a estratégia de Portugal para o Ano Polar. Aí evidenciava a necessidade clara de não só fazermos ciência polar mas construir também um programa educacional (chamado LATITUDE60!) para levar a todo o Portugal a ciência polar e dar respostas a perguntas como:
-Existem cientistas portugueses a estudar as regiões polares?
- As regiões polares são importantes para o planeta? e para Portugal?
- Que ciência fazem os portugueses lá?
- Como estudante ou cidadão português, o que poderei fazer para melhorar o nosso planeta?
- Porque é que os ursos polares não comem pinguins?


























(Sugestões que todos nós podemos fazer...seja no Algarve ou na Antárctica| Great suggestions on how to protect our environment, applicable anywhere in the planet...in the Algarve or in the Antarctic)

Foram vários brilhantes anos a dar (e assim continuamos quando temos tempo) palestras pelo país nas escolas e Universidades, entrevistas, contacto directo por blog ou através do website (www.portalpolar.com), idas a conferências internacionais sobre promoção de ciência, reuniões com organizações internacionais do Ano Polar...



Quando se é jovem cientista, o importante é saber gerir o tempo. Quando se está a fazer um Mestrado é muito complicado ir dar palestras nas escolas, mas no meio de um doutoramento (quando já sabes as técnicas que estás a aplicar, os resultados já estar a vir,...) ou no pós-doutoramento, é capaz de ser mais fácil. Manter um contacto constante com o teu supervisor é chave, pois exige tempo e compreensão, por vezes. Fazer divulgação cientifica ajuda um jovem cientista a saber comunicar com toda a gente sobre o que faz, desde a Inês de 3 anos no jardim escola (que quer saber quantos anos pode ter um pinguim) ao senhor João de 83 anos (que muito conhecedor das regiões polares e bem informado, questiona como vai ser daqui a uns anos, quando o Oceano Arctico derreter). Saber gerir o tempo quer para fazer ciência, quer para divulgar a ciência, que fazemos é a chave do sucesso..é que só temos 24 horas por dia e o tempo voa...

Este ano continuamos forte...durante o cruzeiro cientifico em 2009, estive em contacto directo com Radios do Brazil, conferência ao vivo para a Malásia, com uma escola de Cambridge (Reino Unido) para fazer um projecto de medicina...e esta semana será com a Escola 2,3 Infante D. Fernando de Vila Nova de Cacela (Vila Real de Santo António), Algarve. Que bom!!!





















(A pequena contribuição do LATITUDE60! no livro "Pensar verde" com discussão de ideias na escola e na rádio, que segundo o seu autor, Prof. Paulo Silva, foi determinante no despertar da consciência ambiental dos alunos: o que acontece na Antárctica pode afectar-nos na nossa vida diária no Algarve | The small contribution of the project LATITUDE60! to the new book "Thinking Green")

A Escola EB2,3 Infante D. Fernando foi uma escola exemplar que tentei ir todos os anos ("o programa "Cientistas vão à escola" do Centro de Ciências do Mar convidava os cientistas a dar palestras nas escolas.). Os alunos do Prof. Paulo Silva, e a direcção da Escola, foram sempre uns autênticos entusiastas (tal como muitos alunos e professores por todo o país), acho também em reflexo do trabalho exemplar do Prof. Paulo. O lançamento do seu livro da escola sobre as actividades dos últimos 2 anos será esta próxima semana e é um reflexo do seu excelente trabalho durante o Ano Polar Internacional e explicar, mais uma vez, o porquê do sucesso de Portugal.

O livro "Pensar Verde: contributo das novas gerações" é inovador. Ilustra brevemente, mas exemplarmente, a importância das regiões polares, evidência como todas as regiões do planeta estão interligadas e que o que pode acontecer na Antárctica pode afectar o Algarve. Mais, dá-nos ideias de como podemos ajudar a valorizar o meio ambiente, protegendo-o. Ter uma caracterização da fauna e flora da região Algarvia no livro é uma ideia brilhante!!!! Ilustra também bem o quando especial o Algarve é, com visitas de estudo à Cacela Velha, às salinas e a várias áreas da bela Ria Formosa! E sugere acções nos exemplos de perigos ambientais que dá... mencionando como ter uma acção activa quando vamos à (nossa) praia por exemplo, com a importância das dunas (e como cuidar delas) em todas as vezes que vamos dar um mergulho ...com este livro está dado o ponto de partida para as escolas do Algarve (e do resto do país) ter mais uma oportunidade de voltar a estimular todos (alunos, professores, funcionários, pais e resto da família, amigos) a ter um papel activo na nossa casa, no nosso bairro, na nossa aldeia, vila ou cidade,...na nossa sociedade, todos os dias. É que ao estarmos cientes e informados da riqueza que temos, todos teremos uma atitude mais crítica ao que nos rodeia, e que se reflectirá em atitudes cívicas, sociais e políticas certas no futuro... para um mundo melhor. Muitos Parabéns!!


















(Arrifana, Costa Oeste do Algarve, Portugal: uma das muitas lindas praias onde é possivel seguir os conselhos do Prof. Paulo Silva| Arrifana, Southwest coast of Algarve, Portugal: another beautiful beach on the Algarve region where it is possible to follow Prof. Paulo Silva suggestions)




This week, I got the privilege of getting an invitation to speak at the launch of a book called "Think Green", by phone from Antarctica. What makes it special is that this book was produced by Prof. Paulo Silva and his students at the EB2,3 Infante D. Fernando, Algarve (Portugal), where I went in various occasions to talk about polar science, through the educational program LATITUDE60! As a young scientist, it made me proud of witnessing the publication of this book. It documents the activities that school done through the year, always with the aim to inform and provide information on the environment to all (students, parents, tourists, colleagues form other schools,...). It goes further by caracterizing endemic species of plants of the Algarve and provide suggestions on how to protect the environment locally, but that could be applied anywhere in the planet. Algarve is one of the most beautiful regions in Europe: the weather is amazingly welcoming, it is mostly sunny through the year, there are mountains and beaches to discover, the local people are nice. By having this section, it made me aware of how we should be privileged of living in the Algarve (or having the chance to go there once in a while!). This book showed me once again of how amazing the Algarve is, but to keep it the way it is (or even making it better), we must be informed of the dangers we might face, particularly when related to the environment, Algarve´s biggest treasure. Prof. Paulo managed this quite nicely, by including a wide range of activities that promotes critical thinking and provides easy solutions...small gestures everyday can make all the difference! Congratulations for the brilliant book. Will talk soon!

4 comentários:

Anónimo disse...

É tarde e ia ja fechar o computador mas não resisti a ler, embora apressadamente, até ao fim tudo o q escreveu...
Nem todos podem ser excepcionais. Mas coube a si sê-lo!Admiro-o muito. E como mãe de "gente" c/ a s/ idade, imagino o quanto a s/ mãe se deve sentir privilegiada pelo filho q tem.. :)
Que tudo continue a correr o melhor possivel. Um abraço grande de alguem que ontem , dia 1, iniciou uma nova fase da vida: a de aposentada. Noticias destas têm de ser conhecidas na Antártida!!! :))))
Ate breve . Helena

Jose Xavier disse...

Muitos parabéns Helena!

Claro que noticias dessas precisam de ser conhecidas! Mande mais sempre que poder

Que excelente altura para se aposentar...Verão, muita praia e a excelente experiência de vida que lhe dará vantagem para aproveitar tudo nesta nova etapa. E já agora, diga olá ao sol por mim, dê um beijo às ondas das nossas praias, faça um sorriso maroto, como a dizer "este vai pelo Zé da Antárctica", antes de dar uma dentada no próximo pastel de nata:)

Muito obrigado pelas simpáticas palavras. Eu tenho um profundo orgulho da Mãe e toda a família. Muito do que sou deve-se a todos eles (acho que sou uma coleccção de influências: um pouco da minha Mãe, um pouco do meu pai, o gosto de trabalhar do meu avô, o gosto do conhecer o "porquê" das coisas do tio Zé,...)...e também a pessoas queridas como a Helena.

Beijinhos da Antárctica

José

Lygia Maria Couceiro Braga disse...

Olá José,

Que bom ver frutificar um projecto depois de ter passado a febre da novidade.

Ainda bem que a ideia não morreu e há muita gente que continua a fazer coisas, depois da influência do Ano Polar Internacional.

É claro que a disponibilidade e empenho com que a ciência foi levada à escola, deixando para trás a ideia de que os cientistas têm de ser velhos e carrancudos, também foi uma grande ajuda.

Vale a pena fazer sacrifícios para mais tarde colher os frutos. E com que sacrifício os nossos jovens cientistas se desdobraram para atender às solicitações.

Comungo da sua alegria de continuar a ver crescer as ideias e a aparecer trabalhos.

Valeu a pena!

«Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena...»

Parabens!

Continuarei a acompanhar e a aprender muito com o Diário de Bordo do nosso Cientista Polar.

Continuação de bom trabalho.

Beijos,

Jose Xavier disse...

Obrigado pelas simpáticas palavras Lygia!

Beijinhos

José