Latitude: 54.00 South /Sul
Longitude:38.03 West/Oeste
(Bird Island no dia 13 de Abril 2009, com a Base cientifica na praia, a partir de uma colónia de albatrozes de cabeça cinzenta)
Este é um dos momentos mais especiais desta expedição. Bird Island é um lugar mágico onde é possível estar com uma das maiores densidades de animais no seu habitar natural do mundo. Um autêntico privilégio estar aqui agora...Estou entre um sorriso do tamanho de Portugal e uma certa nostalgia...vou explicar.
(pinguins Macaroni na colónia Le BIG Mac)
Estes últimos 2 dias foram dias super intensos a muitos níveis mas saborosos. Após a tempestade e termos tido uma sorte enorme por termos conseguido obter os resultados que queriamos, o James Clark Ross dirigiu-se para Bird Island para me deixar mas também para trazer mantimentos, pois esta é a última vez que algum navio virá cá nos proximos 7 meses, até Outubro/Novembro.
(Yves Cherel, um colaborador Francês que trabalha com pinguins nas ilhas Francesas de Kerguelen, Crozet...com a fotografia do falecido Peter Prince, seu amigo e um dos grandes responsáveis pela ciência britânica na ilha nos últimos 30 anos)
O James Clark Ross também vinha buscar 4 pessoas que passaram o Verão na ilha. Uma delas, o Fabrice (de França) esteve aqui 2 anos e meio...Em Bird Island, 8 pessoas passaram o Verão até agora: o Glen Crossin (Canadiano a estudar genética), a Stacey Adlard (que está cá a estudar pinguins), o Richard Hall (era o responsável pela Base), o Fabrice Le Bouard (que também estava a estudar pinguins e conheci-o em França), o Mark Preston e Andy Webb (Engenheiros), o David Haynes (responsável por tratar de tudo associado à electrónica, motores e à manutenção e gestão de energia na base) o Derren Fox (estuda albatrozes) e o Ewan Edwards (estuda focas).
(Glen Crossin a ajudar levar mais um saco de material de regresso ao James Clark Ross)
Agora somos 5: eu, a Stacey, o Derren , o Ewan e o David. Todos na faixa de idades entre os 23 aos 33 anos.
Eu vim logo no primeiro barco com todas as minhas 8 bagagens, e passei a manhã a transportar mantimentos e material para o Inverno. Ao fim da manhã já estava tudo tratado. Assim, levei alguns amigos com quem estive a bordo do James Clark ross à colónia de pinguins gentoo Pygoscelis Papua e dos albatrozes viajeiros Diomedea exulans ao pé da base (já te disse que vivo na praia!).
(Sophie Fielding e Peter Enderlein na colónia de pinguins Macaroni....todos ali tão pertinho sem medo de nós:))
Foi tão bom, pois estava bom tempo, as otárias do Antárctico Arctocephalus gazella (não são focas pois têm corninhos)...e voltar aqueles locais foi brilhante. à tarde vieram outros cientistas e leve-os ao outro lado da ilha para ver a colónia dos pinguins Macaroni Eudyptes chrysolophus. Simplesmente demais!:)
(Otária do Antárctico Arctocephalus gazella...dá para ver as orelhas:))
A noite, recebemos a excelente noticia que o Fabrice e os que iriam partir, podiam ficar na ilha a noite e o navio iria busca-los só de manhã. Foi festa toda a noite, e foi tão bom... dancei tanto, ri tanto, festejei tanto, pois era o culminar de emoções muito fortes...eu a chegar e o Fabrice a partir e sabiamos que tinhamos poucas horas para nos despedir...
(Derren Fox, Ewan Edwards, Fabrice Le Bouard and David Haynes: what a good farewell!)
De repente, estamos 5 pessoas, sós...numa ilha no paraíso. Só iremos ver pessoas à nossa frente daqui a 7 meses. Estar no jetty a ver o barco a ir embora, os últimos adeus (para a Stacey, o Derren, o Ewan e o David foi duro pois o Fabrice era o grande amigo deles para tudo), ouvir as otárias em silêncio todos abraçados...e silêncio...todos com uma lágrima no olho.
Para mim foi também muito duro também pois deixei muitos amigos no James Clark Ross, depois de semanas de alegria, trabalho arduo e bons resultados. E ver o navio a ir-se embora... isto tudo em 2 dias.
Mas tudo passa. Eu e o Derren vamos pesar uns albatrozes hoje, e amanhã vou ajudar o Ewan a por uns aparelhos de rastreio via satélite nas otárias....e na Sexta-feira é a minha vez de cozinhar pela primeira vez em Bird Island nos últimos 9 anos...vai um bacalhau no forno?
It is hard to describe these last two days. After being in a storm, and being able to manage to have some of the most productive days of using the nets at the Antarctic Polar Front ever, the James Clark headed south to Bird Island, South Georgia where a base of the British Antarctic Survey exists. The plan was to do the "last call" and be dropped off, with 4 people coming to the James Clark Ross after spending the summer on Base. The morning was spent bringing food to the base and getting unnecessary materials (i.e. old fuel containers, old batteries, compacted materials) off, as we do our best to minimize the impact on the environment. In the afternoon I took freinds that were with me on the James Clark Ross to some of the penguin and albatross colonies I will be working. At night, we had the privilige to say goodbye to Fabrice Le Bouard, who spent the last 2 years and a half on this UK base. It was pretty intensive when all 5 of us, together on the jetty saying goodbye to everyone...the next people we will see live it will be in 7 months in late October. Bird Island is an amazing place and surely time will fly quite fast...
3 comentários:
Olá José,
Ainda bem que tudo tem corrido em grande.
Magníficas imagens, como de costume, mas imensa informação que nos permite ir sabendo alguma coisa de um mundo tão distante do nosso.
Finalmente instalado, não é verdade?
Faço votos para que a missão seja um sucesso e, como sempre, cá estarei a acompanhar o andamento dos trabalhos.
Saliento a riqueza da informação que temos recebido. O Diário de Bordo está em grande, tal como o nosso cientista.
Afinal, a qualidade e envolvimento a que já nos habituou.
Bem haja!
Beijos,
Lygia
José Xavier estas descrições de viagem, levam-nos inevitavelmente até Bird Island.
Que tudo continue a correr a contento.
Um grande abraço
Obrigado Lygia e Fátima!
Estar na ilha é uma mudança bastante grande o que complementa em muito oque se faz num cruzeiro. Agora a perspectiva de um predator para estudar o meio ambiente em vez de ir lá com as redes....um metodo diferente, mas também fascinante!
Muitos Beijinhos
José
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