quarta-feira, 29 de abril de 2009

Tratado da Antárctica| Antarctic Treaty

A escrever a partir de Bird Island, Geórgia do Sul (Antárctica)


Porque é que a Antárctica não pertence a ninguém? A nenhum país? Como isso é possível?

















(Sem o Tratado e o Ano Polar Internacional, julgo que Portugal não estaria a ter a grande força e a projecção cientifica que tem tido nos últimos 3 anos... como é bom sentir o frio de 0 graus Celcius na cara esta semana...)


Isso deve-se a um dos acordos internacionais de maior sucesso de sempre...o Tratado da Antárctica!
















(Últimas notícias continuam a falar muito da plataforma de Wilkins, na Península Antárctica. Ver por exemplo http://tvnet.sapo.pt/noticias/detalhes.php?id=42958)

Em 2009, celebramos o 50 aniversário do Tratado da Antárctica. O ano de 1959 foi conhecido pela vitória de Fidel Castro em Havana. Luna 3, o satélite Soviético dava-nos a primeira perspectiva da parte escura da Lua e foi a primeira vez que se podia comprar Minis (os carros) e as Barbies chegavam às lojas!!!

Poucas pessoas sabiam que nesse ano assinou-se também o Tratado da Antárctica, no entanto, viria a ser um acordo internacional que iria proteger a Antárctica nos próximos 50 anos. Paul Berkman do Scott Polar Research Institute, Cambridge diz-nos que "o Tratado da Antárctica é um documento elegante. São 14 artigos que efectivamente têm gerido 10% do planeta com um objectivo claro de ter paz e devotar a Antárctica para a ciência nos últimos 50 anos." Brilhante não é?
















(A beleza da Antárctica foi algo que o Tratado não equacionou...mas ela está presente em todo o lado!)


Mais, a exigência de várias partes da Antárctica por países foi congelada, as estações de investigação estão abertas a inspecções regulares por qualquer país que assinou o Tratado e os cientistas são encorajados a trabalhar em projectos internacionais e multidisciplinares.

Com o Ano Polar Internacional (API) em 2009, muito trabalho tem sido feito para ter uma nova visão sobre o Tratado e como pode ser melhorado para os próximos 50 anos. De momento, 47 nações assinaram o Tratado da Antárctica, sendo Mónaco o último a o fazer. Portugal ainda não o fez, mas com os enormes esforços do Comité Português para o Ano Polar Internacional, ele seja assinado em breve. Aliás, o Tratado já foi rectificado pela Assembleia da República... estamos quase, quase lá!


















(Colaborações como esta, com Gabi Stowasser, Germânica a trabalhar na British Antarctic Survey, tal como eu...)



In 2009, the Antarctic Treaty celebrates its 50th anniversary. What makes the Treaty one of the world’s most successful international agreements? Fewer people probably know that 1959 also saw the signing of the Antarctic Treaty, yet this unique international agreement has protected Antarctica for the past 50 years. The Antarctic Treaty contains just 14 articles, yet effectively manages 10% of the Earth’s surface. It designates Antarctica as a continent for peace and science, and is one of the world’s most successful international agreements. Today, 47 states are signatories to the Antarctic Treaty; the latest signatory is Monaco. According to Dr Paul Berkman of the Scott Polar Research Institute, Cambridge: “The Antarctic Treaty is a very elegant document. It’s only 14 articles long and yet those 14 articles have effectively managed ten percent of the Earth for peaceful purposes alone for the past 50 years.”And because 2009 marks the end of International Polar Year 2007–2008 (IPY; www.ipy.org), as well as the Treaty’s 50th anniversary, Antarctic Treaty Council Meeting (ATCM) will be discussing IPY’s legacy and looking ahead to the next 50 years. To find out more about this year’s ATCM, which is taking place in Baltimore, USA, from April 6–17, visit www.atcm2009.gov.


segunda-feira, 27 de abril de 2009

Um dia...one day

















(vista da Base, à frente, a partir de Main Bay (aqui à esquerda) e La Roche, com 365 metros de altura)


Como é um dia de um cientista polar numa ilha Antárctica onde se vive rodeados por pinguins, focas e albatrozes?

Dia normal...nem por isso. Por exemplo, este Domingo....Acordei bem cedinho. Por volta das 8 da manhã (ainda é de noite até as 9) pois trabalha-se todos os dias, pois a ciência não pode parar. Aliás, seria engraçado de ver artigos cientificos com gráficos com pontos de interrogação de 5 em 5 dias...fins de semana, pois claro:))) Não, como cientistas sabemos muito bem que tudo depende dos estudos que estão a desenrolar-se e caso seja 1 da tarde, 5 da manhã, fim de semana ou férias do Natal, temos de estar preparados. Dedicação e espirito de sacríficio é algo importante...

















(Um pinguim gentoo Pygoscelis papua a dar-me uma piscadela de bom dia!!!!)

Depois fui logo à colónia de pinguins gentoo, a 5 minutos da base, para fazer uma contagem antes do sol nascer (sabendo quandos são, posso saber se eles andam por águas próximas a alimentarem-se). Nestes últimos dias tenho ajudado o Ewan Edwards (que estuda otárias do Antárctico) a estudar a biologia das otárias...fazendo medições e obter informações sobre o sexo e a estrutura populacional desta população. Para ver videos do trabalho dele basta ir a www.bbc.co.uk/expeditions/birdisland2008 . A tarde foi passada no laboratório para ver umas amostras, e voltei à colónia dos pinguins e dar uma visita ao Wanderer Ridge para rever os albatrozes viajeiros e de repente era tempo para jantar...o tempo voa aqui!

















(Ewan Edwards com uma otária do Antárctico Arctocephalus gazella)

















(um dos individuos de estudo do Ewan)

Não existe tempo perdido em transportes (excepto andar entre colónias), não há tanto tempo de secretária (mas ainda há bastante email para ver)...e muito trabalho por incrivel que pareça. Só para vos dar uma ideia, de momento estão a decorrer 10 mini-projectos parelelos ao mesmo tempo, e estão a imaginar gerir tempo, amostragens, relatórios, artigos, mais tudo o resto que é preciso tratar fora da ilha...

















(O Moleiro do Antárctico/Antarctic skua Catharacta antarctica a questionar-se sobre a minha camera: és para comer ou não? A pureza e instinto tão natural que todos os dias me faz sorrir...)

O que é diferente? Não se vê tanta gente (somos 5 pessoas numa ilha com milhares de albatrosses, pinguins e mamiferos marinhos), vive-se num autêntico jardim zoológico privado onde os animais são lindos, o cinema é 2 vezes por semana entre amigos e o bar tem menos de 1 metro...e muito mais:)))

So what is different from our every lifes from a daily city one? Well, loads of things. Lets give you the example of the last Sunday: woke up at 8 am (still dark here until 9am), then checked out the gentoo penguin colony just next door to assess how many penguins were there...we are looking at attendancy patterns of them at the moment. Then, Ewan Edwards, the young scientists that works with seals needed help to work on studies dealing with population dynamics of Antarctic fur seals. So there I went again happily to the field...it is so amazing working with such animals! In the afternoon, I spent some time in the labororatory before going up the colony of wandering albatrosses. Suddenly was time to go for dinner...brilliant island, this is....

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Bird Island
























(Gentoo penguin Pygoscelis papua em Bird Island há 2 dias atrás...só apetece agarrar:))))

O que faz de especial a estação da British Antarctic Survey em Bird Island, Geórgia do Sul?


"Bird Island Research Station" possui uma das maiores concentrações de focas e aves marinhas, com uma ave ou foca em 1,5 m quadrados, fazendo Bird Island um dos locais mais ricos do mundo em vida animal marinha. É a casa de 100 000 pinguins, 28 000 albatrozes, 700 000 petreis e 65 000 otárias do Antárctico que se reproduzem aqui. A investigação foca na dinâmica de populações, ecologia alimentar, Na performance reprodutiva e conservação, com o objectivo de contribuir para um maior conhecimento do ecosistema marinho do Oceano Antárctico. Muitos dados são utilizados por diversas organizações internacionais incluindo a "Commission for the Conservation of Antarctic Marine Living Resources (CCAMLR) Ecosystem Monitoring Programme" e "Birdlife International's Save the Albatross campaign".

















(uma das minha primeiras fotos desde que cheguei: Otária do Antárctico Arctocephalus gazella a fazer favores...a alimentar 2 filhotes, um dela e outro que deve ter perdido a mãe...)


A sua ocupação iniciou-se de um modo internitente entre 1957 e 1982 e depois de um modo permanente, 12 meses por ano. A Ilha fica na ponta da Geórgia do Sul, a noroeste, já no Oceano Antárctico e possuei o tamanho de 4,8 km de comprimento e 800 metros de largura. Fica a cerca de 1000km a sudeste das Ilhas Falklands e só é acessível por barco ou helicoptero. Como parte da Geórgia do Sul, é administrada pelo Governo Britânico da Geórgia do Sul e das Ilhas Sandwich do Sul.
















(O albatroz viajeiro Diomeda exulans a caminho do mar)

Bird Island é designada como "Site of Special Scientific Interest (SSSI)" e "Specially Protected Area (SPA)". É necessário uma autorização anual para a estação funcionar e conduzir a sua ciência. Todos os visitantes precisão de pedir uma autorização especial antes de vir a Bird Island.



Bird Island é uma ilha que se situa a sul da Frente Polar Antárctica (APF), sendo a fauna tipicamente da Antárctica. As condições atmosféricas são frias, com as temperaturas do ar a variarem entre os -10°C e 10°C durante o ano. Espera-se ventos forte todos os meses do ano, e neve cobre a ilha geralmente entre os meses de Julho e Outubro. Icebergues são normalmente visíveis da estação durante todo o ano.


















(Bird Island Research Station, Abril 2009)

E a Base fica na praia!!!!

Como é viver aqui? Isso fica para outro dia...

Bird Island is an amazing place to work and to be. Bird Island lies off the north-west tip of South Georgia in the Southern Atlantic Ocean. It is separated by a 500m channel, Bird Sound, from the South Georgia mainland. It is approximately 1000km south east of the Falkland Islands and is accessible only by boat or ship supported helicopter.As part of South Georgia, Bird Island is administered by the Government of South Georgia and South Sandwich Islands (GSGSSI). A Government Officer is stationed at King Edward Point, South Georgia and acts as Magistrate for the whole of the island. Bird Island is designated a Site of Special Scientific Interest (SSSI) under the Falkland Island Dependencies Conservation Ordinance 1975. It is also designated a Specially Protected Area (SPA) within the latest South Georgia Environmental Management Plan.Weather is significantly colder, cloudier and wetter than the climates at the old whaling stations on the northern coast of South Georgia. Temperatures vary from -10°C to 10°C throughout the year, typically hovering around 0°C in winter and 4°C in summer. In summer, damp, misty, low cloud conditions often prevail. Strong gale force winds may occur every month and generally approach from the south/south west or north. There is no permanent snow or ice on the island, though it is typically snow covered from July to October. Icebergs are often visible from station throughout the year.The island is 4.8km long, up to 800m wide, with a superficial area of about 400 hectares. The island's northern coast consists mainly of sheer cliffs and sea stacks, rising to its highest point, La Roche, at 356 metres.The island has diverse and concentrated populations of sea birds and fur seals, amounting to one bird or seal for every 1.5m2, making Bird Island one of the richest sites for wildlife anywhere in the world. Fur seal numbers have increased dramatically over the last decade and are now thought to be returning to a similar population size to that prior to sealing in the early twentieth century. Because the island has no rats, there are a large numbers of small burrowing birds such as petrels & prions. Numbers of albatross on the island are declining rapidly and many sea bird species at Bird Island are listed as endangered, threatened or near threatened. It is home to about 50,000 breeding pairs of penguins, 14,000 pairs of albatrosses, 700,000 nocturnal petrels and 65,000 breeding fur seals. How is to live here? That´s a conversation for another day...

domingo, 19 de abril de 2009

Cruzeiro JR 200 acabou! JR200 assessment!

Latitude: 54.00 South /Sul
Longitude:38.03 West/Oeste


















(The science team JR200, April 2009: great team... at the time of this photo I was already with the penguins and albatrosses at Bird Island:))


Estou em Bird Island há uma semana! Este periodo de tempo dá-me já uma certa distância para avaliar e rever como foi este mês e meio no cruzeiro cientifico a bordo do James Clark Ross, os principais resultados cientificos, os amigos que se fizeram e o que se espera do futuro.

















(The Southern Ocean from the front stage of the James Clark Ross...)


Primeiro que tudo é preciso evidenciar que um cruzeiro cientifico é muito intensivo a variados níveis: ao nível de trabalho (são turnos de 12 horas que muitas vezes se prolongm para muitas mais por dia, com a necessidade de manter o está delineado pelo plano cientifico), ao nível de contacto com as pessoas (estamos sempre a trabalhar com as mesmas pessoas longas horas), ao nível de estarmos num espaço restrito (o James Clark Ross é grande, com mais de 100 metros mas não é como estarmos na nossa casa), ao nível de convivência (somos cerca de 70 pessoas, onde até existe um bar para relaxar, mas é fácil ver as mesmas pessoas várias vezes ao dia), ao nível de onde se está (A Antárctica é uma parte do planeta tão especial que sempre há luz do dia, quero estar sempre acordado e ver tudo) e claro, o baloiçar para um lado e para o outro. Tudo isto afecta a tua maneira de estar, agir, conviver e de trabalhar... e cada cruzeiro traz sempre algo diferente e de emocionante!

















(Hughes Venables, Geraint Tarling and James Screen...relaxing during quiz night, after hard work)




Este cruzeiro teve a particularidade de dar-me mais uma nova perspectiva de ser Português na Antárctica. O frio é mesmo daqueles que quebra ossos principalmente quando nevava (houve dias aquando da recolha de redes de pesca em que as luvas já estavam húmidas e sentia os dedos a doerem. Abanava-os, ponha-os debaixo do braço, fazia tudo para os aquecer...nada.... Já no laboratório, quando os ponha debaixo de água lá vem a dor da temperatura da água a aumentar. Tudo doia. Fez-nos sentir mais rijos!), o estar novamente nos mares do sul onde iceberges são algo indescritivel, os pinguins na água a "falar connosco", o ar gelado nos dias ventosos únicos no mundo, o sentir falta de calor do sol (ele aparecia às vezes mas não aquece nada!) e a nossa alegria natural de que tudo está bem, com trabalho isso vai ao sítio:)


























(Naqueles dias em que ainda se sentem as mãos...reparem na vista do céu atrás de mim)


Os resultados do cruzeiro foram muito positivos. Um deles mais improtantes foi obter mais dados sobre como uma corrente Oceânica SACCF (Frente sul da Corrente Circumpolar Antarctica) pode afectar tão grandemente a estrutura da cadeia alimentar , como salpas e krill Euphausia superba a sul da SACCF e anfipodes, zooplankton além do krill e peixe a norte da SACCF.

As histórias durante o cruzeiro foram muitas e muitos amigos deixam saudades. Claro que os com quem trabalhei mais horas foram aqueles com quem ri mais...o Yves, a Gabi e o Anton. Depois o Angus, o Peter e a Sophie também faziam parte do grupo... e o Johnnie, e nunca mais paro pois isto foi só fazer bons amigos. E quanto à foto da equipa cientifica do cruzeiro...meus amigos, não estou lá pois a foto foi só tirada após termos ido a Bird Island. Bem, isto de estudar pinguins e albatrosses numa ilha como Bird Island também tem desvantagens...se fossem todas assim, não era mau de todo :))















(James Clark Ross just off Bird Island)

Quanto às aventuras em Bird Island..essas já comecaram...

The cruise JR200 is officially over! After a week at Bird Island (yes, I already have so many good stories to tell!), it gave me time to reflect what this cruise meant scientifically and personally to me. It was very intensive in these last 6 weeks: at the level of work (we worked 12 hours on and if necessary we would stay longer), at the level of contacting people (we are on a 100 metre ship with more than 60 people...so you see most people everyday), at the level the special speical you are (Antarctica is an amazing place) and of course, you are always going to the left ...and to the right following the waves. I really enjoyed it and I wish the day could be longer, more than 24 hours, and a bit of more sunlight so that I could see more wildlife, more big waves, more excitement of new results... the cruise was pretty good on that fron with providing good data on the importance of the SACCF on the Southern Ocean ecosystem. Personally, good friends were left on the ship. After I have been dropped out, the cruise photo was taken in Stromness Bay...although I am the only scientists ont on it, I have a good excuse of being somewhere as special as Bird Island to study penguins and albatrosses. I just know that everyone has already arrived at the Fakland Islands and are ready to go on the next flight to UK and then to their cities or go back to their countries. Have a great trip back home! Bird Island, you ask...it has been AMAZING!!!!

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Bird Island: o paraíso!

Latitude: 54.00 South /Sul
Longitude:38.03 West/Oeste

















(Bird Island no dia 13 de Abril 2009, com a Base cientifica na praia, a partir de uma colónia de albatrozes de cabeça cinzenta)


Este é um dos momentos mais especiais desta expedição. Bird Island é um lugar mágico onde é possível estar com uma das maiores densidades de animais no seu habitar natural do mundo. Um autêntico privilégio estar aqui agora...Estou entre um sorriso do tamanho de Portugal e uma certa nostalgia...vou explicar.























(pinguins Macaroni na colónia Le BIG Mac)

Estes últimos 2 dias foram dias super intensos a muitos níveis mas saborosos. Após a tempestade e termos tido uma sorte enorme por termos conseguido obter os resultados que queriamos, o James Clark Ross dirigiu-se para Bird Island para me deixar mas também para trazer mantimentos, pois esta é a última vez que algum navio virá cá nos proximos 7 meses, até Outubro/Novembro.























(Yves Cherel, um colaborador Francês que trabalha com pinguins nas ilhas Francesas de Kerguelen, Crozet...com a fotografia do falecido Peter Prince, seu amigo e um dos grandes responsáveis pela ciência britânica na ilha nos últimos 30 anos)

O James Clark Ross também vinha buscar 4 pessoas que passaram o Verão na ilha. Uma delas, o Fabrice (de França) esteve aqui 2 anos e meio...Em Bird Island, 8 pessoas passaram o Verão até agora: o Glen Crossin (Canadiano a estudar genética), a Stacey Adlard (que está cá a estudar pinguins), o Richard Hall (era o responsável pela Base), o Fabrice Le Bouard (que também estava a estudar pinguins e conheci-o em França), o Mark Preston e Andy Webb (Engenheiros), o David Haynes (responsável por tratar de tudo associado à electrónica, motores e à manutenção e gestão de energia na base) o Derren Fox (estuda albatrozes) e o Ewan Edwards (estuda focas).



















(Glen Crossin a ajudar levar mais um saco de material de regresso ao James Clark Ross)


Agora somos 5: eu, a Stacey, o Derren , o Ewan e o David. Todos na faixa de idades entre os 23 aos 33 anos.


Eu vim logo no primeiro barco com todas as minhas 8 bagagens, e passei a manhã a transportar mantimentos e material para o Inverno. Ao fim da manhã já estava tudo tratado. Assim, levei alguns amigos com quem estive a bordo do James Clark ross à colónia de pinguins gentoo Pygoscelis Papua e dos albatrozes viajeiros Diomedea exulans ao pé da base (já te disse que vivo na praia!).

















(Sophie Fielding e Peter Enderlein na colónia de pinguins Macaroni....todos ali tão pertinho sem medo de nós:))


Foi tão bom, pois estava bom tempo, as otárias do Antárctico Arctocephalus gazella (não são focas pois têm corninhos)...e voltar aqueles locais foi brilhante. à tarde vieram outros cientistas e leve-os ao outro lado da ilha para ver a colónia dos pinguins Macaroni Eudyptes chrysolophus. Simplesmente demais!:)

















(Otária do Antárctico Arctocephalus gazella...dá para ver as orelhas:))


A noite, recebemos a excelente noticia que o Fabrice e os que iriam partir, podiam ficar na ilha a noite e o navio iria busca-los só de manhã. Foi festa toda a noite, e foi tão bom... dancei tanto, ri tanto, festejei tanto, pois era o culminar de emoções muito fortes...eu a chegar e o Fabrice a partir e sabiamos que tinhamos poucas horas para nos despedir...





















(Derren Fox, Ewan Edwards, Fabrice Le Bouard and David Haynes: what a good farewell!)


De repente, estamos 5 pessoas, sós...numa ilha no paraíso. Só iremos ver pessoas à nossa frente daqui a 7 meses. Estar no jetty a ver o barco a ir embora, os últimos adeus (para a Stacey, o Derren, o Ewan e o David foi duro pois o Fabrice era o grande amigo deles para tudo), ouvir as otárias em silêncio todos abraçados...e silêncio...todos com uma lágrima no olho.

Para mim foi também muito duro também pois deixei muitos amigos no James Clark Ross, depois de semanas de alegria, trabalho arduo e bons resultados. E ver o navio a ir-se embora... isto tudo em 2 dias.

Mas tudo passa. Eu e o Derren vamos pesar uns albatrozes hoje, e amanhã vou ajudar o Ewan a por uns aparelhos de rastreio via satélite nas otárias....e na Sexta-feira é a minha vez de cozinhar pela primeira vez em Bird Island nos últimos 9 anos...vai um bacalhau no forno?


It is hard to describe these last two days. After being in a storm, and being able to manage to have some of the most productive days of using the nets at the Antarctic Polar Front ever, the James Clark headed south to Bird Island, South Georgia where a base of the British Antarctic Survey exists. The plan was to do the "last call" and be dropped off, with 4 people coming to the James Clark Ross after spending the summer on Base. The morning was spent bringing food to the base and getting unnecessary materials (i.e. old fuel containers, old batteries, compacted materials) off, as we do our best to minimize the impact on the environment. In the afternoon I took freinds that were with me on the James Clark Ross to some of the penguin and albatross colonies I will be working. At night, we had the privilige to say goodbye to Fabrice Le Bouard, who spent the last 2 years and a half on this UK base. It was pretty intensive when all 5 of us, together on the jetty saying goodbye to everyone...the next people we will see live it will be in 7 months in late October. Bird Island is an amazing place and surely time will fly quite fast...

domingo, 12 de abril de 2009

Boa Páscoa! Happy Easter!

















(Bird Island, na Geórgia do Sul num dia de sol em 2000 (temperatura do ar: 0 graus Celcius) , na última vez que lá estive. Vou estar lá dentro de 2 dias se Deus quiser)


Olá a todos!

Boa Páscoa! Acabei de ser informado que deveremos chegar a Bird Island amanhã!!!! Estarei em terra firme muito em breve. Em mim, esta noticia é um misto de sentimentos: por um lado estou contente pela nova aventura que aí vem, por outro é deixar um grupo de amigos cientistas com quem estive (estivemos!) estas semanas a partilhar conversas, descobertas, tempestades...conhecimentos! E tudo isso nos faz crescer um pouco mais...algo que já percebi nunca deixará de acontecer ao longo da nossa vida.





















(Euphausia triacantha...camarão muito abundante de grandes profundidades|Photo of Anton Van de Putte)


Estes últimos dias foram o sprint final ao nível cientifico com muito trabalho na Frente Polar Antárctica, aquela zona onde as águas frias do Oceano Antárctica se encontram com as águas mais quentes do sub-Antárctico. Aqui o mar é sempre mais agressivo, com maior ondulação, com mais tempestades mas muito interessante. É aqui que muitos animais se veem alimentar, desde os albatrozes, às baleias, às focas...













(A lula Chiroteuthis veranyi! Reparem bem na parte debaixo do olho...um lindo fotóforo que julga-se que é usado para comunicação entre individuos da mesma espécie)


Tive 48 horas quase sempre no laboratório a analisar amostras...pois tivemos um periodo de "bom" tempo entre tempestades que nos possibilitou colocar aparelhos e redes de pesca na água. Aí foi fazer tudo o mais rápido possível e felizmente conseguimos tudo o que queriamos. Só para vos dar uma ideia, nos últimos 2 cruzeiros foi possivel apenas 2 horas de trabalho naquela zona, devido a estarmos sempre no meio das tempestades. Este ano tivemos 2 dias!!!! Estamos todos com um grande sorriso...




















(Eu e o Nathan quando organizamos um jogo de questões, tipicamente Britânico...excepto as t-shirts Havaianas. Um exemplo de algumas noites alegres com bons amigos:)! | I and Nathan Cunningham: organizors of the Quiz night! Both wearing Hawaiian T-shirts of course!)


Agora já estamos a caminho da Geórgia do Sul, em direcção a Sul novamente...

Great news! The work at the Antarctic Polar Front (APF) was a total success are we are noe heading to Bird Island, South Georgia. The timing was excellent: the big storm slowed down, we arrived at the APF, collected the data (i.e. put the gear in the water, fished the fish, got the big smile), the storm restarted again...and we left! Perfect. Just to give an idea..in the last two years, the expeditions had at best one shoot at putting a net in the water...this year we got 2 complete days! It was not easy...it was highly rewarding. As soon as we put the last net in, the wind started to pick immediately and we knew we got lucky! Easter weekend...it makes sense:)

Cientista da Bélgica: Anton Van de Putte

Latitude:51.30 South/Sul
Longitude: 37.38 West/Oeste

















(A Beleza da Antárctica numa perspectiva Belga| Foto de Anton Van de Putte)



O cientista Belga Anton Van de Putte é daqueles jovens cientistas que quando se começa a falar com ele, nota-se que ele gosta do que faz e é orgulhoso do seu país e das suas origens....os famosos ciclistas Belgas, a cerveja, as ligações fortes com a Holand... Como ele está a estudar a genética de várias espécies de peixes (os peixes lanterna ou cientificamente, os peixes mictófideos) que fazem parte da dieta dos pinguins e das albatrosses que estudo, e como estamos no mesmo grupo de investigação a bordo (o grupo que estuda os peixes, as lulas e os crustáceos usando as maiores redes, RMT 25 (Rede de arrasto pelágico que tem 25 metros quadrados, ou sjea, uma rede que captura os animais na coluna de água e que tem uma boca de 25 metros quadrados)), estamos sempre à conversa.

Pedi-lhe para falar-nos do que faz....



















(O Belga Anton Van de Putte, com barba ao melhor estilo de explorador polar)


As you may have noticed from the contribution from José I’m also working on the RMT 25 catches. This is because my interest is fish. I study the ecology and genetics of various fishes in the Southern Ocean. During this campaign my main interest lies with a fish called Electrona antarctica and other myctophid fish. I’ try to explain what I’m doing without getting to technical about it.

Myctophids are also called lanternfish because of the photophores, small light emitting organs, that cover their body and are meso-pelagic fish occurring between depths of 1000 m and the surface. They should not be confused with angler fish which are the scary deep sea fish that lure their prey by dangling a light organ in front of their mouth. Myctophids are a very species rich family that occurs in high numbers in all of the oceans and of which by comparison very little is known.
















(Electrona antarctica|Anton Van de Putte)

In the Southern Ocean these lanternfish seem to play a key role in the ecosystem. The will consume mesozooplankton like copepods but also the occasional krill. Their importance in the diet of top predators such as seals and birds is indicated by the presence of otholiths and the isotopic signal. The latter is the field of expertise of Gabrielle Stowasser and Yves Cherel, the other two scientists that work with the net RMT 25.


















(E. antarctica lives in such marine environment | Foto de Anton de Van de Putte)


So what has this to do with genetics and ecology? Well for me both go hand in hand with one giving valuable information for the other. The ecology will learn us about the current distribution of the species and can provide insight how this distribution could be affected by things such as climate chance. For E .antarctica it seems that this species has a very broad distribution from southern pars of the Southern Ocean up to the Northern parts at the Antarctic Polar Front. With the genetic tools I’m trying to understand the population structure of E. antarctica. Is their one big population of E. antarctica that goes all the way around the Antarctic or are there several more or less separate units? Also by analyzing the genetic structure in time we can learn if the population structure is stable or declining or expanding. Such knowledge is important for the management of this resource.
















(Black browed albatross is one of the predators that feed on Electrona antarctica)


But this trip I’m also collecting samples to look at a broader picture. At the Antarctic Polar Front I hope to collect a larger diversity of myctophids. For these species I’ll try to read of a piece of DNA called COI. This is called DNA barcoding and this piece of DNA should be different between species but not within species. This will allow identifying species based on their genetic barcode but also it allows to compare these barcodes and to build a family three of these different species. With this we hope to investigate the relationships between lanternfish of the Atlantic Ocean and to see how closely related lanternfish in the North and South Polar Regions are. Thanks!!!!

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Grande tempestade!!Big storm!!

Latitude: 49.50 Sul/South
Longitude:34.21 Oeste/West




















(James Clark Ross menos de 24 horas perto da Frente Polar Antárctica...a parte da frente do navio tem mais de 30 metros....)


Sim, grande tempestade....mas tenho estado atento
às últimas noticias sobre a Antárctica (obrigado Lygia e Helena!):

1) A da plataforma de gelo de Wilkins (sudoeste da Peninsula Antárctica), que tem o tamanho da Jamaica, está em vias de ecolapsar e separar-se do continente Antárctida . David Vaughan, um colega da British Antarctic Survey bem alegre e profissional, é um dos especialistas e falámos brevemente à semanas. Este é mais um exemplo de que algo de anormal está a acontecer na Antárctida. Wilkins ice shelf estava previsto, segundo o relatório do IPCC (de 2007), de possivelmente ver-se algo acontecer lá daqui a 30-50 anos já que fica mais a Sul do que a plataforma Larsen B (que progressivamente se desintegrou nos anos 90) .



















(Iceberge bem pequeno...as ondas comecavam a aumentar...)

Já havia indicios de que isto poderia acontecer no ano passado (2008), pois nesta mesma altura do ano, noticias sobre esta questão estiveram nos media. A verdade é que Wilkins ice shelf continua frágil e estamos em 2009....dá para pensar. Num ponto de vista global, estas plataformas de gelo (que já se encontram no mar), em nada vão aumentar o nivel do mar. No entanto, podem contribuir....como por exemplo para aumentar a temperatura nessa região (ou seja, com menos gelo...menos albedo (reflexo da luz solar), logo menos energia é enviada de volta para o espaco, e logo aquela região pode aquecer mais rapidamente....)..e o aquecimento da agua do mar levar a expandir-se e logo tambem a contribuir para um possivel aumento do nivel medio da agua....

















(48 hours before...)

2) De estarmos a celebrar os 50 anos do Tratado da Antárctida e Portugal ainda não o assinou. A Jornalista do Jornal de Noticias, Eduarda Ferreira, escreveu um artigo no passado dia 6 de Abril sobre como os 47 países subscritores estão reunidos em Baltimore, EUA até ao dia 17 de Abril para uma nova ractificacão do Tratado, que avoga que a Antárctida é um continente que não pertence a nenhum pais, que deverá ser devotado a ciência e deverá ter um regime de gestão baseado na paz e na colaboracão internacional. Portugal foi mencionado pelo comité internacional do Ano Polar Internacional (o programa cientifico internacional que reuniu mais de 60 paises de todo o mundo, que terminou em Marco 2009) como um dos paises mais activos em colaboracoes internacionais nestes ultimos 2 anos, quer cientifica quer educacionalmente....um orgulho de todo esforco dos cientistas Portugueses. Julgo que em breve Portugal irá assinar formalmente o Tratado, pois já foi ractificado pela assembleia da republica.

















(Tempestade...qual tempestade? Para um albatroz viajeiro Diomedea exulans is business as usual)

Uma palavra sobre o Arctico, pois tem havido noticias de o gelo esta a recuar e cada vez mais fino...recuar
é preocupante pois significa que esse recuo pode chegar a Gronelandia e ai comecamos a ver o nivel medio da agua a aumentar (pois o gelo da Gronelandia, que maioritariamente se encontra em terra, pode comecar a derreter e a deslizar para o Oceano mais rapidamente) e as carateristicas da agua a alterarem-se (que pode afectar o sistema de correntes no Atlantico norte). Isto para nao falar que os ursos polares (as focas, etc) podem ficar sem habitat....


Esta semana estamos a atravessar uma tempestade a alguns dias e claro.... a ciência tem de esperar. Tentámos colocar um aparelho na água mas a tensão nos cabos era tal que tivemos de parar...mas como estamos na Antárctica, estava previsto no plano que teriamos também algum mau tempo...


Tenho passado algum tempo na ponte do navio, onde o capit
ão Graham passa os seus dias, para ver as ondas gigantes, conversar sobre como as condicões estão a evoluir... mas a maior parte do tempo é passado a arrumar cadeiras, amarrar computadores às mesas, tentar andar entre o escritório até ao laboratório sem partir nada, tentar dormir sem cair da cama (nota-se que toda a gente está mais cansada nestes dias...), o constante tilintar da caneta a rodar, da chávena a deslizar, dos livros a cair, tentar ler sem ficar enjoado...o corpo não pára de andar de um lado...para o outro....é como tivessemos na hora de ponta no autocarro ou no metro sem nos podermos mexer e toda a gente a empurrar para um lado e para o outro...e nós vamos na onda. Aqui quem nos empurra é invisivel, não sorri e nem diz bom dia....

Tudo isto no entanto d
á-nos tempo para recuperar alguma energia. É que os dias têm sido muito bons mas intensivos...

Em breve, estarei em Bird Island mas at
é lá, aproveitar ao máximo....

These days I have been succint on my messages due mainly to us being on a storm. The science has been pretty good but when a storm at sea comes, we literally have to stay put and let the storm pass. We tried to put some nets in the water but it showed that the tension on the cables was too much. Nevertheless, most of the science has been carried out successfully and very soon, the cruise will be finished. Rebecca Korb, our Principal Science Officer of the cruise, already alerted all scientists to start writing their science reports. Soon, I will be at Bird Island ready to start working on the albatrosses and penguins...but before that I want to make sure, like everybody onboard, that we take the best experiences possible from this amazing science cruise...even with a storm:)))

domingo, 5 de abril de 2009

Mais a norte...more surprises!

Latitude: 52.47 South/Sul
Longitude: 38.58 West/Oeste

















(Mais um magnífico nascer do sol no meio de tanta ciência!)


Estamos a pouco menos de um mês nesta expedição. A ciência a bordo tem sido uma autêntica aventura de surpresas. À medida que vamo-nos dirigindo a norte a mudança de salpas (Salpa Thompsoni) e o camarão do Antárctico (krill Euphasia superba) para outros organismos já se verificou! E foi de um dia para o outro... parecia estarmos num outro Oceano!!!!


















(O anfípode Themisto gaudichaudii)

Agora estamos a apanhar um anfipode (que faz parte da Ordem Anfipoda, que são animais que compõem mais de 7000 espécies descritas de pequenos crustáceos, que vão do 1 mm aos 140 mm). Ele chama-se Themisto gaudichaudii, um zooplanctón carnívoro, e é às centenas!!! O resto das amostras são peixes, umas lulas/potas magníficas e muitas outras espécies de crustáceos.


Então, o que é que se passou? o que fez um Oceano Antárctico que é tipicamente homogéneo para ter estas diferenças tão evidentes? O que acontece é que, quando se deu a mudança, fomos logo ver as temperaturas das águas, as correntes, a biologia dos animais que estávamos a apanhar... tudo isto com aquele espírito de descoberta!


















(Geraint Tarling and Cliff working on the scientific instrument LHPR, to collect zooplankton)


Verificámos que as águas estavam muito mais quentes (mais de 4 graus em vez de por volta de 1-2 graus) para a altura do ano, tendo atravessado uma corrente chamada Frente sul da Corrente Circumpolar Antárctica (Southern Antarctic Circumpolar Current Front (SACCF) ). Nestes anos, dá claramente para ver a sua importância: faz de autêntica barreira para o krill e para as salpas.


Com o Themisto, veio também um camarão de águas mais quentes, Euphausia vallentini, que inicialmente nos parecia uma outra espécie típica de águas frias. Estão a imaginar a nossa cara de espanto quando no laboratório, parámos todos e alguém gritou "Amigos... temos uma nova espécie na expedição... vejam, reparem bem... é a espécie de krill do sub-Antárctico E. vallentini!!!!" E assim, mostramos que estávamos em águas mais quentes (dados dos colegas oceanografos, que estudam as correntes e as características da água), com animais típicos dessas águas mais quentes ...e uma curiosa informação: mais diversidade de espécies!!!










(Electrona antarctica, one of the species that are still around, but decreasing its number as we go north | Photo by Anton Van de Putte)


Assim, junto à Antárctida dominam 3-4 espécies de peixe e são muito abundantes, enquanto a norte junto à Georgia do Sul, passamos para mais de 20-30 espécies de peixe, registado recentemente por um artigo nosso no jornal Polar Biology (Collins, Xavier et al. 2008).


This has been a cruise of scientific interesting facts: as we go north, we see an increase in diversity as expected (particularly for fish) but after Salps (Salpa thompsoni) took over the catches near Antarctica, anything could have happenned...and it did! From one day to another, salps literally disappeared and the amphipod Themisto gaudichaudii dominated, arriving in hundreds. Furthermore, instead of getting Antarctic krill Euphausia superba we were getting sub-Antarctic krill Euphausia vallentini!!! So what is was going on? With the help of the oceanographers onboard, we were able to assess that we were crossing the Southern Antarctic Circumpolar Current Front (SACCF), which seems to be a natural barrier to salps, and to certain extent, krill E. superba. Amazing stuff....

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Invasão de Salpas! Salps invasion!

Latitude: 54.18
Longitude: 40.51























(Ovos? Não...é Salpa thompsoni; Look like eggs don´t they? But no...it´s salps Salpa thompsoni from the Southern Ocean)

Se houve surpresas em relação ao que iriamos encontrar no Oceano Antárctico, a maior foi termos encontrado uma abundância enorme de salpas (Salpa Thompsoni) do que o esperado. Em vez de cardumes de krill do Antárctico Euphausia superba obtivemos grandes quantidades de salpas que nos traumatizaram as redes de tão cheias.
























(Como planctón, as salpas do Antárctico Salpa thompsoni têm aumentado a sua abundância nos últimos 30-40 anos)

As salpas são tunicatos marinhos (são como primos das ascídias, e mais distante das alforrecas e medusas) e nutricionalmente são uma desgraça:) Ou seja, elas possuem pouca energia pois são constituidas maioritariamente por àgua... no entanto são belas. São transparentes, como uma parte castanha/alaranjada, e fazem parte do grupo do planctón. Gosta desta palavra...planctón. Raramente alguém a usa no mundo fora da biologia mas planctón marinho são todos os organismos ou plantas/algas (normalmente muito pequenos) que se encontram no mar que não têm a capacidade de locomoção independente da corrente. Ou seja, se a corrente estiver para a direita lá vão todos para a direita...mas isso não significa que não se mexam, pois muitos conseguem mover-se (ou para cima para junto da superficie ou para baixo para as profundezas) mas nunca conseguindo ir contra a corrente. Exemplo são algas pequenas (chamadas diatomáceas), peixes quando estão ainda na sua fase larvar, o camarão do Antárctico krill Euphausia superba, e as salpas, claro. Aos que conseguem vencer a corrente e deslocar-se para onde desejam chamam-se Nectón, como o caso das lulas, os peixes, as baleias, as focas...interessante!

















(Constipação do Anton Van de Putte? Não, uma brincadeira com uma salpa!!)


As salpas têm estado em abundância muito elevada, tendo chegado a mais de 80% do peso das capturas em alguns casos quando usámos as redes RMT25 (Rectangular midwater trawl; Arrasto rectangular pelágica com abertura de 25 metros quadrados, ou seja a rede quando está aberta na àgua tem uma boca com aquele tamanho). E o mais supreendentemente é que o camarão do Antárctico também não estava muito presente. O cientista Angus Atkinson já tinha previsto isto em 2004 num dos seus artigos na revista NATURE, mostrando evidências que o krill tem estado a declinar no Oceano Antárctico desde os anos 1970...o que pode trazer grandes mudanças no ecosistema marinho Antárctico. Ele tinha razão...

















(from left ot right: Peter Enderlein, Sophie Fielding (back to us), I, Angus Atkinson and Yves Cherel discussing new strategies to get krill do Antárctico)


Isto foi quando estamos em àguas tipicamente frias do Oceano Antárctico junto ao continente. De momento estamos a atravessar uma área de água mais quentes (anormal) e com espécies do sub-Antárctico...mas isso fica para outro dia:)))

Os dias têm estado muito bons...


If there was a big surprise this scientific cruise, it must be attributed to the abundance of salps (Salpa thompsoni) in the Southern Ocean. Rumours go around Antarctica and the same has been happenning...salps are taking over!!!! Since the cruise started, the catches of salps were in numerous circunstances higher than 80% of the total weight...and krill showed up in lower numbers. One of our friends onboard, Angus Atkinson, already predicted on one of his papers in NATURE (from 2004) that salps were on an increase trend whereas krill Euphausia superba was decreasing since the 1970´s. As we go north, the species conposition are changing again..but that´s another story:)))