quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

10 da manhã| 10am





Tal como ir para a Antártica, na Nova Zelândia estou também  no outro lado do planeta a 12 horas de diferença da Europa...e devido a isso, acontecem coisas super engraçadas! Tudo o que nos liga à Europa está literalmente de pernas para o ar. Imaginem acordarem cedo (8 da manhã da Nova Zelândia), ligarem a rádio (na internet) e estarem  a ouvir ao vivo o relato do Benfica/Sporting/Porto/Académica/..., com todos os comentários, com aquele entusiasmo  tipico dos relatos de futebol de Sábado à noite....mas em direto. Estranho na minha primeira vez! Tomo o pequeno almoço com as noticias da noite do Telejornal antes de descer a “ montanha” onde vivo para o instituto.  Assim que chego ao escritório, são dezenas de emails vossos para responder como  o meu mundo tivesse parado. Isto deve-se ao vosso dia a trabalhar enquanto eu dormia.  Devem dizer o mesmo de mim, quando recebem todos os meus emails no vossa manhã seguinte.  E se decido telefonar, isso é uma carga de trabalhos, pois se decido telefonar ao meio dia, já estou em risco de vos acordar (isto se estiverem a dormir à meia-noite;).  Mas nos dias de hoje, já não é relevante onde resides quando falamos de telecomunicações. Hoje tive uma reunião por skype às 6 da manhã da Nova Zelândia, com colegas dos USA, Canada, Portugal, Belgica e Itália, tudo na maior das naturalidades (nos USA e Canadá era 11 da manhã e na europa era fim de tarde). Resolveu-se tudo, trabalhou-se bem...impensável há 3 decadas atrás! E com estas networks a operar cada vez mais (aliás este blog já possui mais de 50 000 visitas!), realmente deveremos estar a convergir para uma sociedade semelhante...mas ainda não estamos lá .  Um exemplo? Ontem uma colega Nova Zelandesa chega ao pé de mim e diz “Qual é a hora?” com um sotaque estranho como a tentar falar Português. Eu respondo em português com um sorriso  como a lhe agradeçer pelo esforço “10 da manhã!!!”. Ela olha para mim supreendida e repete : “Kia ora!” (que soa muito ao Português "Qual é a hora?"). Pergunto-lhe o que me está a querer dizer. “Estava a dizer OLÁ na lingua Maori!”. Fiquei  a rir comigo mesmo enquanto reconhecia que felizmente cada país, cada cultura, cada grupo de pessoas possui o seu cunho pessoal das suas raízes. “OLÁ, BOM DIA!” digo-lhe eu em bom português, exclarecendo toda a história!



               O trabalho no laboratório continua bastante intenso com resultados muito interessantes (que ficaram para um artigo neste blog para breve). Mas avanço desde já que é deveras interessante notar que as 2 espécies de albatrozes, Diomedea antipodensis e D. gibsoni, possuem dietas muito diferentes, que se alimentam de lulas diferentes (e abundâncias diferentes), o que me sugere que devem explorar o meio ambiente Antárctico de um modo MUITO diferente. Em termos de preservação é muito importante, pois diz-nos em que massas de água estes animais vivem e podem estar mais, ou menos, em risco (em contato com poluição, barcos de pesca, etc). Na próxima semana já tenho uma reunião com o meu colega, que trabalha com eles e já possui os últimos resultados de onde estas aves vão. Super interessante!!! Novidades para breve...Kia ora!!!


 

Such like going to the Antarctic, in New Zealand (NZ) I am on the other side of the planet, 12 hours difference from Europe...and therefore, a lots of funny things happen regularly! Everything that connect us to home (i.e. Portugal/UK), is literally upside down. Imagine waking up at 8am, turning on the radio (via the web) and you are listening the football matches of Man. U., Chelsea or Southampton LIVE! So strange on my first time! I have my breakfast with the night news...so funny. When I get to my office, I have loads of emails waiting for me, as I have been away for a long time. This is logically because Europe has been working while I have been sleeping. Surely they think the same about me when they get my emails on the morning. And if I decide to do a phone call, I have to be very careful not to wake up people. At mid-day is already midnight in Portugal/UK!!!! So calling in late afternoon in NZ time is a big NO. But today, it is not really important to where you live as communications are so good. Today I had a skype call at 6am NZ time, with colleagues from USA, Canada, Portugal, Belgium and Italy, and worked perfectly fine (in USA was 11 in the morning and late afternoon in Europe)...something unthinkable 3 decades ago! As these networks get stronger (indeed my blog reached 50 000 views), we are truly converging to a cosmopolitan society where a lot of things are the same...but not all. One example? Yesterday a NZ colleague here came by me and told me “Qual é a hora?” with a strange accent. I thought she was trying her best shot to her Portuguese trying to say “what time is it?”....I responded in Portuguese with a smile like thanking her for her effort “it´s 10am!”. She looks at me surprised and say it again: “Kia ora!”.  I ask here what she was trying to tell me. “I was tell you HELLO in Maori language!” (it can also mean thank you!). I laughed inside as I was recognizing that it is so nice that, despite we have all these networks, each country, each culture, each group of people have their own roots that they want to keep, making our planet much more diverse. “OLÁ, BOM DIA! “ ("Hi, Good morning" in Portuguese) I tell her in Portuguese, explaining all my story...
               In terms of work, it is going pretty well, with loads of samples already analyzed (the results will be on the this blog soon). But I can tell you that it has been truly interesting noticing that the 2 species of albatrosses have different diets, which suggest that they explore the marine environment differently. This is particularly interesting from a conservation point of view, as albatrosses, by foraging in particular areas of the ocean, might be more at risk (from pollution, fisheries,...). Next week I will have a meeting with a colleague that works of these albatross species and will be able to tell me the latest results on where these albatrosses go. Very interesting!!!! More news soon...Kia ora!!!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Viva a rotina: Viver na NZ|Loving routine: Living in New Zealand






Lembraste da sensação de chegada à tua casa depois de umas férias em que te esqueceste daquela rotina diária? Pois é, eu ando nessa sensação há MUITO tempo.  Finalmente regresso a Wellington, após uma semana de aulas, palestras e reuniões em Christchurch, e revelou-se uma alegria. Finalmente terei uma rotina semanal (pelo menos até Março)!!!! Após tanto tempo a viajar, é tão bom conheçer bem a cama onde dormes, onde está tudo na cozinha, onde vais trabalhar e o que tens de fazer (dependendo só de ti para o sucesso do projeto), que (poucos)  amigos ou colegas estão por perto para um cinema, para ir jantar fora ou ter alguém para ir jogar à bola ou ir fazer surf (já que os verdadeiros amigos estão longe). 




Tudo isto me faz lembrar as espedições à Antárctica e como finalmente estamos na base cientifica e prontos para o trabalho de campo. Aqui é igual e esta semana foi assim: dar a conheçer ao meu corpo que vamos estar numa rotina de “trabalho-casa” e “casa-trabalho”.  


 Mas não foi fácil. Primeiro: a minha casa fica no topo de uma autêntica “montanha”. Tudo bem descer de manhã mas são 25 minutos SEMPRE A SUBIR à tarde/noite. Chegar a casa sem tocar no chão é sinónimo de vitória! Segundo: passar horas sentado a analisar amostras atrás de amostras, centenas e centenas de mandibulas de cefalópodes (lulas e polvos), é algo que adoro fazer mas exige continua concentração,  dedicação e atenção ao que se está a fazer. 





Continuo totalmente fascinado pela forma destas mandibulas, e como, de acordo com a sua forma, posso identificá-las à espécie, técnica desenvolvida principalmente por um senhor chamado Malcolm Clarke (que vive na Ilha do Pico, Açores e tem um museu lindissimo sobre lulas e baleias). Mais, com equações matemáticas, podemos estimar, através de uma medição na manbibula, o tamanho e peso do animal em questão. Fascinante, não é? Uma lula, que viveu nas profundezas do Oceano Antártico e águas próximas, foi apanhada por um albatroz, que a deu ao seu filhote, que a digeriu com a exceção desta mandibula. Antes de o filhote deixar o ninho, ele regurgita tudo o que não conseguiu digerir, incluindo todas as mandibulas dos cefalópodes que lhes foram dadas pelos seus pais. Agora aquela mandibula daquela lula está na minha mão, a ser identificada com Architeuthis dux. Esta lula pode chegar a grande dimensões (mais de 150  kg)! 



No meio de tudo isto, o tempo voa no laboratório. De repente é hora do almoço, altura em que tento “ver emails”, resolver questões de trabalho e comer alguma coisa.  Existe sempre uma mensagem querida, um email interessante, uma skype call para fazer. Terceiro: após uma tarde totalmente devotada a mais trabalho nas amostras, há que subir a “montanha”.  Inicialmente, eu tinha um certo receio de andar de bicicleta em cidades. Na verdade, Wellington é a capital da Nova Zelândia. Aqui é obrigatório usar capacete o que julgava ser bom. No entanto,  o pessoal do instituto me avisou logo que o impato de evitar acidentes com bicicletas não se notou. Aliás, o efeito foi contrário; os condutores de automóveis pensam que bater num ciclista já não é um grande problema pois eles têm capacete!?  À noite tento acabar tudo o que não consegui terminar naquele dia... rever mais trabalho, resolver “emails”, acabar de pôr dados dos resultados, escrever crónicas para o blog;) e tentar arranjar tempo para mim e descansar um pouco.  Faço isto há uma semana, o que podia sugerir estar a surgir resultados, mas digo-vos...a subida diária da “montanha” até a casa continua a ser uma carga de trabalhos! Boa semana





Do you remember that feeling when you arrive from long vacations and forgot that daily routine? Well, I on that feeling for a LONG time, due to my professional commitments. But finally, I visualize the end of it, at least until March. After a week in Christchurch lecturing, meetings and talks, I am finally in Wellington, for a little while! It is so good to know the bed you sleep in, to know where everything is in the kitchen, to know which desk I will be working, to know your agenda and what you need to do and to known which (small number) of friends are around to go for a cinema, to go out for dinner, or simply have a group of colleagues to play football or surf with.  All of this reminds me of my Antarctic expeditions, when finally I am in the research station, all preparations are done and I am ready to work! Here, it is the same and this week it felt like that: let my body know that we will be in a daily routine of “work-home” and “home- work” (like “research base- penguin colony” and “penguin colony- research base”. But it was not easy. First: my house is on the top on a “mountain”! (at least for me). It is so nice to go down in the morning but those 25 minutes cycling up the “mountain” is not easy. Second: spending hours in the laboratory (like spending hours in the colonies of penguins or albatrosses) analyzing samples and more samples, thousands and thousands of cephalopod beaks (i.e. mandibles from squid and octopods) requires continuous concentration, dedication and attention to everything you do. I am still totally fascinated by the process of identifying beaks. Depending on the shape of each beak, we can identify it to species level.  This technique was mainly developed by Malcolm Clarke, who lives in the Azores and has the most amazing museum about whales and squid, and their interactions. By using mathematical equations, we can even estimate the original size of the squid and how much it weighed. Fascinating, isn’t it? One squid that lived in the depths of the Antarctic Ocean, that was caught by an albatross and was given to his chick. Before the chick fledges, it regurgitates everything that he couldn´t digest, including cephalopod beaks, such as the one in my hand right now, identified as Architeuthis dux. This squid can reach more than 150 kg (330 lb). And with this, time flies...Thirdly: after an afternoon of more exciting work in the lab., there is a “mountain” to climb. I have been doing this for a week, which could suggest that I would start getting some results but let me tell you....this daily climbing the “mountain” home has not got any sweeter yetJ Have a great week!
              

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Aviões e Christchurch|Planes and Christchurch



                

Parece que tive sorte! MUITA SORTE!!!! A  minha chegada à Nova Zelândia, em Wellington, foi brindada com um sol radioso. Na verdade, segundo os meus amigos locais, os meus primeiros 4 dias em Wellington foram dos melhores de todo o Verão.  Sol, nada de vento (algo verdadeiramente notável nesta cidade que também é conhecida como “a cidade do vento”) e um calor que só apareçe buscar a mochila e ir explorar este lindo pais. No meu segundo dia, lá tive de ir dar um mergulho, durante a hora de almoço com alguns dos meus colegas da NIWA...se estás em Roma, faz o que todos os Romanos fazem!
               Após 4 dias em Wellington, eu tinha de apanhar um avião para Christchurch (a 1 hora de avião, na ilha do sul) para dar umas aulas no curso de pósgraduação em estudos polares na Universidade de Canterbury. Nesse dia, o tempo mudou: o vento levantou, a temperatura baixou, mas ainda estava um sol bonito. E ai percebi o porquê dos meus colegas me dizerem que em Wellington “isto não é sempre assim!”.  E andar de avião na Nova Zelândia é uma autêntica aventura!  O avião era mais pequeno do que estamos acostumados na Europa, o vento continuou a aumentar e chegou a ter visto ragadas de vento que literalmente agarrava nas pequenas ondas increspadas na baia para dar autênticas chuvadas laterais às casas junto à costa. Estava impressionado e um pouco pessimista para esta viagem.
Ao chegar ao aeroporto para  apanhar o avião, a minha percepção do bonito modo de viver na Nova Zelândia revelou-se mais uma vez. O check-in é feito automaticamente por nós, ninguém verifica a tua mala (e isso de vasculhar tudo por liquidos com mais de 100 ml não existe), ninguém verifica a tua identificação nem o peso da tua mala. Literalmente basta teres o bilhete e é só entrar no avião. ADORO-TE NZ! Quando o avião se fez à pista o vento era já muito intenso. Felizmente tinha uma local contigo que me disse que nem estava muito mau: “não te preocupes! Esta sensação de que o avião se vai despistar ou cair só dura mais 10 minutos.” Estão a imaginar a minha cara quando ela disse isto...“MAIS 10 MINUTOS!!!!”. O avião abanava como um carrocel num Domingo de dia de Feira de Maio. Uns dias mais tarde, um colega nosso que veio a Wellington nesse mesmo dia , me disse que aterrar foi nos limites, e confirmado pelos pilotos....eu bem sabia!








Christchurch é uma linda cidade na ilha do sul (que com Auckland e a capital Wellington reune metade da população de pouco mais de 4 milhões de pessoas), que surgiu por volta dos 1850´s. A destruição dos terramotos há 2 anos (vai fazer o segundo aniversário do mais forte a 22 de Fevereiro) teve um impato MUITO grande na cidade mas nota-se a grande vontade de toda a comunidade desejar voltar à sua vida normal.  E nota-se todos os dias em pequenas coisas. O centro da cidade possui contentores com um design muito interessante para substituir os inumeros edificios destruidos. São mais de 10 000 casas e edificios que precisam de ser destruidos e reparados, desde bancos, a edificios da Universidade, tudo...é mesmo impressionante o impato que os terremotos causaram. As empresas construtoras têm trabalho para 10-15 anos, segundo alguns calculos!!!


Os alunos do curso de pós-graduação eram super-interessados. Tive também a oportunidade de dar uma palestra para toda a comunidade na Universidade, onde a Catarina, que iria para a Antártica com a equipa da Nova Zelândia no dia seguinte, este presente. Foi muito bom falar português durante uns minutos e ver o seu sorriso entusiasta desejosa de ir para o campo.
Os dias fabulosos em Christchurch foram super intensivos com as aulas e reuniões com as equipas cientificas locais. Estar com Daniela, David, Sira, Clyde, Paul, Lou...foi um privilegio... Agora está a chover mas para mim, o que já vivi aqui, se compara a muitos dias de sol! Venha de lá mais trabalho J

It seems that I was lucky! I arrived in Wellington on a sunny day. Indeed, my first 4 days were classic: sunny, no wind, just perfect sunny days. My locals friends spent their time warning me that “Wellington is known as the windy city, so be ready; this is not always like this!”. On my second day I had to go for a swim. 18 degrees celcius felt pretty nice! On my 4th day, I had to go to Christchurch to give some lectures at the University of Canterbury. Flying in New Zealand is far more relaxed than in Europe; no need for ID´s, you take care of your own bag, just nice and efficient! Loved it! Really good fun taking off from Wellington on a windy day.  The person next to me told me not to worry as “this feeling of the plane going down and clash will only last for more 10 minutes or so!!!” Imagine my face;))) Christchurch is a beautiful city whose people is doing their very best to overcome the effects of the earthquake two years ago. In the city centre is still a way far from becoming what it was but they are in the right direction. The post-graduate course students were highly enthusiastic and eager to learn more and more. It was nice to give a general lecture to the general public in which Catarina, another Portuguese polar scientist   who was going to the Antarctic the following day, attended my lecture. Happy trip Catarina!  Overall, there were busy days in Christchurch but highly productive. Being with Daniela, David, Sira, Clyde, Lou...was a privilege...it is raining now but for me, for what I lived already here, it compares to many sunny days! Work is waiting now...

 


terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Expedição CEPH-2013: A caminho...Expedition CEPH 2013: On our way



“Mas a Nova Zelândia fica do outro lado do mundo, não fica?” questionavam os colegas todos quando souberam que a próxima expedição Antárctica me levaria a este país.  A família diz que se fizermos um buraco no chão, iriamos ter à Nova Zelândia, como a dizer que não poderia ir mais longe de Portugal. E sim, possui pinguins e albatrozes e tem uma forte ligação à Antártica. Aliás, existe um programa Neo-Zelândez   Antártico e a Nova Zelândia até reclama uma parte da Antártica, sendo o Sir Edmund Hillary, um dos seus mais famosos exploradores.
A viagem de avião , de Portugal a Nova Zelândia, demorou quase 2 dias (partida às 8 da manhã de dia 3 de Janeiro 2013 com chegada às 5 da tarde do dia 5 de Janeiro; são 13 horas de  diferença em fuso horário, com a Nova Zelândia com + 13 horas que em Portugal).  A partida de Lisboa foi agradável, ao encontrar a Filipa (que está a tirar o doutoramento na UCL (University College London), e membro da associação de cientistas e estudantes no Reino Unido, PARSUK) no avião. Com a conversa, o tempo voou. Depois de  o dia passado no aeroporto de Heathrow, a partida para Sydney, partiu no fim da noite (às 21.30). Só aí reparei que iriamos fazer uma paragem de 2 horas em Singapura para reabastecer. Nestas viagens de avião durmo MUITO pouco e devoro tudo o que é filmes (devo ter visto um total de 10 filmes). A chegada a Sydney foi a correr, pois houve um atraso e tive de me apressar para apanhar a última ligação de Sydney para Wellington. Consequentemente,  a minha bagagem não chegou...e continha a minha coleção, fiquei preocupado.
A minha coleção de bicos de lulas (na próxima vez que tiveres uma lula, um choco ou um polvo na mão, vejam a sua “boca”. Aí encontrarás os bicos (semelhantes aos picos de papagaio) que estudo) é muito importante pois vou estudar as lulas que os albatrozes (Diomedea exulans antipodensis e Diomedea exulans gibsoni) da Nova Zelândia se alimentam. Como estes albatrosses cobram enormes áreas do Oceano Antártico, e águas adjacentes em redor da Nova Zelândia, à procura de alimento (incluindo muitas espécies de lulas), nada melhor que estudar as suas dietas. Para mais, os albatrosses apanham muito mais lulas do que a melhor rede de pesca do mundo. Como? Os albatrosses evoluiram para descobrir onde as lulas estão, enquanto as redes de pesca são muito lentas para as rápidas lulas. Como eu quero estudar a importância das lulas on Oceano Antártico, e  perceber como as alterações climáticas pode afetar toda a cadeia alimentar Antártica, estes dados são a parte do puzzle que falta. Já temos dados das lulas dos setores Atlântico (através dos estudos com a British Antarctic Survey) e Índico (através do Centro de Estudo Biológicos de Chizé, França) do Oceano Antártico, só falta mesmo estes dados do setor Pacifico para finalmente ter uma ideia total da fauna de cefalópodes de todo o Oceano Antártico.
Estão a imaginar a minha cara de felicidade quando o meu colega Nova-Zelândez me convidou para ir à Nova Zelândia para analisar as suas amostras, durante um pequeno almoço numa conferência internacional sobre aves marinhas, em Vancouver (Canadá). “Nós recolhemos as amostras, e já temos algumas prontas a analisar, e é só vires! Vai-nos produzir excelente dados!”.  Para mais iria reduzir grandemente os custos, pois não teria de ir recolher amostras, pois isso estaria ao cargo dos meus colaboradores. Excelente!
O nosso projecto CEPH 2013, dentro do programa polar português PROPOLAR, envolve instituições de Portugal, Nova Zelândia, Reino Unido,  Espanha, Argentina e USA, e estará a decorrer até Março 2013!  Até lá, muito trabalho no laboratório me espera...mas com um grande sorriso também!


 "But New Zealand is on the other side of the world, right?" questioned my colleagues when got the information that my next expedition would take me to this country. My family said that if you make a hole in the ground in Portugal, you end up in New Zealand, trying to say that I could not go further away from Portugal. And yes, New Zealand has penguins and albatrosses and has a very strong connection with the Antarctic. Indeed, there is an NZ Antarctic programme, it claims one part of the antarctic continent and has famous explorers such as Sir Edmund Hillary. The trip to Wellington was pretty good fun, despite the nearly 2 days to get there (via London, Singapure and Sydney). The objective of this expedition is to analyze samples of the diet of 2 species of albatrosses (Diomedea exulans antipodensis and Diomedea exulans gibsoni) from the Pacific setor of the Southern Ocean and adjacent waters. I and my colleagues already have data from the Atlantic sector and from the indian sector. You can imagine the simle on my face when my colleague from New zealand, during a conference, informed me that he had numerous samples to be analyzed. Perfect!!! This project is within the Portuguese Polar Programme PROPOLAR, bringing together teams from Portugal, UK, New Zealand, France, Spain, Argentina and USA...until March 2013. Until then, let´s the fun begin!!!