segunda-feira, 20 de julho de 2009

Sabias que...|Did you know that...

A escrever a partir de Bird Island, Geórgia do Sul (Antárctica)
Writing from Bird Island, South Georgia (Antarctic)
























Um dos aspectos mais importantes de um cientista é...saber comunicar o que faz! Parece óbvio? Mas não é. Muitos cientistas são excelentes na ciência que fazem mas são muito poucos aqueles que conseguem comunicar bem, mesmo para os seus colegas. Sobrevivem com os artigos cientificos, ir a uma ou a outra conferência. Mas isso basta? Para mim, não!



Durante o Ano Polar Internacional, vários jovens cientistas polares de todo o mundo têm estado a colaborar para levar o que se faz bem de ciência polar a todos....nós queriamos mostrar todas as suas vertentes, desde como é escrever artigos, ir a conferências, fazer trabalho de campo, e explicar tudo ao pormenor a todos....tudo através do contacto directo com alunos, professores e o público em geral. E nada melhor do que falar com eles a partir da Antárctica....

Neste mês estive involvido em 3 eventos, um mais cientifico e outros 2 mais educacionais, estando eu aqui na Antárctica. Na práctica, o conteúdo das minhas intervenções foram muito semelhantes, só muda um pouco o vocabulário. O evento mais cientifico consistiu em falar para o Árctico em directo ao telefone durante "The First International and interdisciplinary IPY Polar Field School" em Svalbard, Noruega. Lá estavam reunidos 24 estudantes universitários de 11 países, que tiveram um curso de 3 semanas com aulas teórico-prácticas de várias disciplinas, incluindo climatologia, glaciologia, geologia, oceanografia, biologia terrestre e marinha. Esta última parte foi a que eu estive associado. Aí expliquei a importância da ciência polar, o que consistia em ser biólogo marinho polar, como vivia,...e responder a muitas perguntas!

















(Participantes em Svalbard, Noruega| Participants in Svalbard, Norway)

Os 2 eventos educacionais consistiram em falar com os mais jovens, e tinham em comum terem o mesmo objectivo inicial: "Dar um nome a uma foca leopardo". Todos os anos aparecerem em Bird Island novas focas leopardo. Quando isso acontece tiramos fotografias de modo a ficar com um identifcação do individuo e um registo, que normalmente consiste num numero. E pensei, se lhes damos um numero, que tal dar-lhes um nome também?


Assim, a John Cleveland College (Kinckley, Leicestershire, Inglaterra), foi a primeira a mostrar entusiasmo com a ideia e convidou alguns dos seus alunos (dos 10-16 anos de idade) a aprenderem mais sobre as focas leopardo, enquanto tentavam obter um nome que melhor se ajusta-se às fotografias que lhes tinha enviado. Os seus alunos decidiram-se por chamar-lhe "Alfie" a uma foca leopardo macho que nos apareceu pela primeira vez. Foi muito bom falar com eles, com excelentes questões que muito me lembraram as dos alunos da prof. Miriam Almeida, do Brazil.

















(Alfie, a foca leopardo| Alfie, the leopard seal)


O segundo evento educacional foi esta semana com um evento organizado em Houston, Texas (EUA) por professores da PolarTREC (Teachers and Researchers Exploring and Collaborating in the Arctic and Antarctic). Este evento reunia num fim de semana toda a familia (dos 8 aos 80) e curiosamente chamaram-lhe " Summer Family Science - Live from South Georgia, Antarctica with Researcher Jose Xavier", o que me deixou muito contente. Percebi que para eles era um momento especial...e para mim também, já que é um verdadeiro prazer poder partilhar o que faço, e onde estou, com todos.




















(A alegria de todos em Houston, Texas| The joy and fun well portrayed in Houston, Texas -USA)

Depois de lhes por o desafio de dar um nome a uma foca leopardo, a festa foi constante...o nome escolhido foi "Sola" (Sozinha em Português), sugerido por Zachary M. pois "parece só, linda, triste e doce tudo junto!". Para o Zachary, que até então "nunca tinha ganho nada!", estava super contente...e nada mau quando estavam 48 nomes à escolha. Um deles pos-nos a rir bastante: "Oreo" (a fazer lembrar a famosas bolachas), pois "a foca leopardo parece escura nas pontas e branca no centro!" Dei uma palestra com slides a partir da Antárctica sobre o meu trabalho, onde estou, como é viver na Antárctica...e tantas outras questões...e isto à 1 da manhã pois são 5 horas de diferença dos EUA...no final estava contente, com um sorriso daqueles!!!


















(Sola, a foca leopardo|Sola, the leopard seal)


Tudo isto para mostrar a ciência que se faz? Exactamente! E claro que vale a pena, pois aprendo tanto com estes professores e alunos, melhorei a minha visão de como a ciência é vista por todos, e melhora-se como cientista mas principalmente como pessoa. E imagino a diferença que fez aqueles miúdos que qurem ser cientistas quando forem grandes...a mim fez toda a diferença quando era miúdo e conhecia alguém que fizesse aquilo que eu gostava de ser....

One of the key aspects of being a scientists is...to know how to show the science you do. Most scientists are focused on writing scientific articles and going to conferences. Is that enough? I do not think so. Various young researchers during the International Polar got together on the Association of Polar Early Career Scientists (APECS) to estimulate the links between scientists, teachers and students...we wanted to show the science we do to everyone....and nothing better than talking to them from Antarctica. I got involved in 3 events this month: 1 scientific and 2 educational, but in practise I said exactly the same thing in all of them....who said that science language is not simple?:)))) The scientific one ("First international International and interdisciplinary IPY Polar Field School 2009") was pretty amazing as I was talking to the Arctic, in Svalbard (Norway). Twenty four masters and undergraduate students from eleven nations attended and included a packed full of interesting lectures and field excursions covering topics in climatology, glaciology, marine and terrestrial biology, oceanography, geology and permafrost.The two educational events were so exciting because I was talking to children in schools and/or their families...and I learned so much from them. Both events, in UK (at John Cleveland College - Hinckley (Leicestershire)) and in USA (Houston, TX), were great fun and it enjoyed it loads. The USA event consisted on a "Summer Family Science" event organized by PolarTREC (Teachers and Researchers Exploring and Collaborating in the Arctic and Antarctic, where I gave a talk, answered questions...In both events, two leopard seals were named,..."Alfie" by the UK school and "Sola" by the USA event. Great to hear that the schools were buzzing with excitment all week...in US, "Sola" won between 48 names suggested by children...pretty amazing. So why do we do all this? Because it is fun, we learn a lot and most importantly we grow as a scientist as well as a person! Great times....THANK YOU!

4 comentários:

Anónimo disse...

Neste momento aqui são 23h46m.O seu post foi escrito há menos de 2h, creio eu. Por isto e pelo que lá acabo de ler, passo a afirmar a pés juntos :) de que este mundo é mesmo pequenino!!!
Quanto ao "resto", ao "sumo" do post, posso dizer-lhe que conhecer uma pessoa como o José é, para mim, um privilégio! Parabens. Helena

Unknown disse...

Olá Zé!!!

Tenho uma palavra para ti:

Bruuuutal! :)

Beijão!!

sílvia

Fatima disse...

Olá José Xavier. Por aqui chove e venta...

O ano passado em Paris, encontrei em vários museus grupos de crianças de infantário em visita de estudo.

Aquelas crianças prestavam uma atenção, e comportavam-se com uma educação fantásticas.

Percebi que é assim que se educa um povo a entender e a amar a arte, a ciência, a cultura, o património.

Por aí o trilho é o mesmo. Parabéns!

Pena que na nossa terra se despreze tanto a educação, o conhecimento...

Abraço

Jose Xavier disse...

Olá Helena, Slivia e Fátima,

Obrigado pelas mensagens!!!!

O privilégio é todo meu, Helena:))) Esses pastéis de nada?

Que tudo esteja bem em Madrid, Sílvia....e boa viagem!

Fátima, eu senti o mesmo quando falava com crianças inglesas nas várias palestras que dei lá. No entanto, quando regressei a Portugal dei umas 200 palestras nas escolas por todo o país e tenho que dizer que as nossas crianças são excelentes. Sim, verdade!!!

Nós somos mais alegres, mais traquinas e tão ávidos de coisas interessantes como nos outros países...temos muídos muito inteligentes e trabalhodores e temos tudo para sermos bons.

Acho importante mantermos o nível de educação alto, até ao fim de Universidade, com padrões de exigência elevados, para sabermos quem são os que são bons. E dar oportunidades a todos que gostam de trabalhar e dar o litro.

Um dos cientistas que mais admiro, Tony Martin, que estuda baleias (que nunca teve boas notas o que demonstra ele ser humilde e trabalhador!), disse sempre que todos nós temos limites e não é preciso ter sempre excelentes notas. É preciso boas notas...e é importante estudar (muito) mas também é importante darmos sempre o nosso melhor e trabalhar com gosto...as oportunidades virão naturalmente!

Beijinhos da ilha da Neve!

José