sexta-feira, 27 de janeiro de 2017
As nossas escolas | Our schools
Uma mensagem breve de agradecimento aos professores, alunos, cientistas e a todos que nos ajudaram a levar as bandeiras das nossas escolas à Antártida!!!
A brief massage to all teachers, students, scientists and to all of those that helped us to take these flags to the Antarctic!!!!
Jose Xavier & Jose Seco
quinta-feira, 19 de janeiro de 2017
O mais a SUL de sempre – The furthest SOUTH
Aqui respira-se
Antártida PURA! Estamos a 67 graus Sul onde o impotente continente mostra a sua
beleza ao nível mais extremo. O frio sente-se mais intensivamente na cara, as
montanhas elevam-se imponentemente do mar quase cobertas de neve, os icebergues
chegam são agora gigantescos, várias vezes o tamanho do barco, onde o branco
(da neve), o azul (do mar) e o cinzento (das rochas) imperam. Tentar avaliar o
tamanho das montanhas ou dos icebergues é impossível pois não possuímos pontos
de referência (ex. Uma casa ou um carro) para comparar;num dos dias vimos
montanhas que se encontram a 250 km de distância, mas pareciam estar a 15-20
km. Não vimos vegetação, só neve e rocha. E assim, a vida aqui é mais
difícil...e isso nota-se nos poucos animais que se vê: elefantes marinhos,
pinguins Adélia, moleiros polares e pouco mais...mas aqui eles são felizes!
Todos dependem, direta ou indiretamente, do mar para sobreviver.
Esta
experiência veio após muito trabalho na Frente Polar Antártica, em direção a
SUL, para a estação Britânica de Rothera. A caminho, tivemos alguns dos dias
mais espetaculares das nossas vidas! As cores do céu, dos azuis luminosos
durante o dia aos amarelos, laranjas, vermelhos e violetas à medida que o sol
que aproxima do horizonte, a tentar se pôr mas sem sucesso, é realmente um
mundo diferente do nosso planeta!
Na verdade, estamos tão a sul que o Sol mal
se põe para novamente voltar a regressar, luminoso, ao céu. Os icebergues também
aumentaram de número e as suas formas, tamanhos e cores são infinitas, é como
olhar para as nuvens e imaginar o diferentes formas. Nos 2 dias de viagem, mal conseguimos dormir,
tal era o entusiasmo em absorver ao máximo este lugar único. Tudo é
simplesmente perfeito. Bastava apontar a máquina fotográfica para qualquer lado
que a fotografia vai ser bem, mesmo sem olhar!Mas é mais do que isso.
A
Antártida é um paraíso no nosso planeta, protegida pelo Tratado da Antártida
que defende que esta região é para ser respeitada, para o bem comum, para o
conhecimento, ciência e para a Paz. Com este esforço internacional para a
conhecer melhor, para a poder proteger, faz-nos sentir cientistas com
responsabilidade acrescida de levar a todos estes conhecimentos obtidos através
da ciência que fazemos todos os dias. Como pessoas, faz-nos sentir humildes
perante tal imponência. Daí partilhar convosco estas diferentes vertentes de
uma expedição Antártica. Rothera é a maior estação Britânica, podendo albergar
mais de 100 cientistas durante o Verão Antártico.
Agora estamos no pico da
época cientifica e vimos as diferentes vertentes da ciência Antártica em ação.
Com uma forte dimensão logística, vimos aviões a aterrar, mini-expedições a
irem para o campo (o nossos colegas geólogos Teal e Phil conhecem muito bem
Rothera e partiram daqui para várias temporadas nas montanhas Antárticas),
muito trabalho nos laboratórios. Até tivemos o privilégio de ajudar o colega
Britânico Ben no seu projeto de meteorologia, que precisava de traduzir alguma
informação de Português para Inglês. E se estamos num local tão especial da
Antártida, tiramos fotografias com as bandeiras que gentilmente nos foram
entregues por várias escolas portuguesas e que irão ser devolvidas aos alunos
durante os próximos meses. Mais, pedimos aos nossos colegas a bordo para as
assinarem, para serem devolvidas com um pouco deles também. Foram 3 dias
cansativos em Rothera, pois este foi a “first call” (primeira chamada) do nosso
navio James Clark Ross com muitos mantimentos e equipamento a necessitar de ser
entregue. Para mais, tomamos a oportunidade de tratar do nosso equipamento
cientifico (usado na expedição), ao limpá-lo e empacotá-lo, pronto para ser
levado em segurança de volta ao Reino Unido. Também aproveitamos a oportunidade
para limpar os laboratórios, empacotar todas as amostras que recolhemos e
começar a trabalhar no relatório final da expedição. Isto porque agora, o
próximo passo é em direção à América do Sul, para apanhar o avião de regresso a
casa...mas ainda temos mais 2 dias de Paraíso pois todos aqueles icebergues,
montanhas e animais estão à nossa espera no caminho de regresso... vamos ali
fora tirar mais umas fotografias! até já!
Here we breathe pure Antarctic! We are at 67 degrees South
where the continentshows all its beauty at the highest extreme. The cold is
felt in our cheeks, the mountains elevate themselves, stranding proud, from the
ocean almost covered with snow, the icebergs can reach gigantic sizes, where
the white (from the snow), the blue (from the ocean) and the grey (from the
rocks) dominate. Extremely difficult to assess the size of the mountains or of
the icebergs as we do not have any points of reference (e.g. An house or a
car): mountains can be as far as 250 km away but they look within 20 km. No
(very little) vegetation seen. Therefore, life here is more difficult...and that is reflected
in the few animals seen: elephant seals, Adelie penguins, polar skuas and
little else...but they seen happy! All depend, directly or indirectly, from the
sea to survive. In the last 2 days, on our way south, it was hard to sleep.
They were some of the most beautiful days in our lives. The colours of sky, the
shades and sizes of the icebergs, the mountains showing up at the horizon...everything
simply beautiful! It felt that you could aim at anywhere and it would be
possible to get a nice photograph. The Antarctic, protected by the Antarctic
Treaty, is truly a very special place on our planet worth protecting. With such
noble goals, the Antarctic Treaty is an excellent guide to how international
collaborations based on science should prevail in the future. With science and
beauty, it is important to share all of it to everyone. Therefore, we put an
effort to show all these different views o fan Antarctic expedition. Rothera, is the largest British Antarctic
station, with more than 100 scientists during the Antarctic Summer. We are now
at the peak of the Summer which allowed us to witness the activities of the
Base. With a strong logistical support, we saw airplanes taking off to
mini-expeditions around this Antarctic region, and the busy work in the
laboratories. We even managed to help a fellow scientist to translate some
materials from Portuguese into English. And if we are in a special place, we
need to share it with schools too: we took photographs with flags produced by
schools around the world (Portugal, UK, Japan,...). We also asked our colleagues onboard of the RRS James Clark Ross to
sign them, so that they could contribute with something of them too. Our next
step is to leave Rothera and go in the direction of South America, to get our
plane back home...but we still have 2 days of Paradise on our way back, with
icebergs, mountains and animals keen to wave us goodbye!
Jose Xavier & Jose Seco
domingo, 15 de janeiro de 2017
No paraíso da Antártida o tempo voa – Times flies
Acordamos às 3 da
tarde todos os dias. Vida boa? Na verdade, o dia-a-dia a bordo de um navio
cientifico, como o RRS James Clark Ross, é muito exigente, intensivo mas também
muito entusiasmante. Mas há muitos detalhes da vida de “marinheiro” que vos
poderão escapar. O primeiro grande detalhe é que o navio está SEMPRE em
movimento... para a esquerda e direita... para nós, humanos, que fomos feitos
para estar com os pés assentes na terra, é bem cansativo.
Nos dias de tempestade,
dormir torna-se ainda mais difícil, e há a possibilidade de se ficar mal
disposto. Não é nada fácil trabalhar assim. Outro ponto importante é que
trabalha-se em turnos de 12 horas (no nosso caso entre as 4-5 da tarde às 4-5
da manhã, que dá a excelente oportunidade de ver o pôr e o nascer do sol). Ou
seja, se não estamos a dormir, estamos literalmente a trabalhar. Muitas vezes
quando acordamos, e vamos tomar o nosso pequeno almoço, encontramos vários
colegas que estão prontos para ir para a cama, pois o turno destes está a
acabar.
Devido aos elevados custos das
telecomunicações nesta parte do mundo, a bordo do James Clark Ross, a internet
é apenas possível aceder por 4 computadores numa sala. Ou seja, para saber as
notícias do mundo, conseguir colocar os nossos artigos no blog e/ou facebook,
ou fazer alguma pesquisa, temos que usar um destes 4 computadores. No entanto,
é possível aceder ao email por wireless em algumas partes do navio, o que
facilita imenso para conseguir responder a emails. Aos fins de semana, dá para
ouvir o relato de futebol do Reino Unido, através da BBC, o que torna os
Sábados e Domingos diferentes dos restantes dias da semana.
A comida a bordo é excelente e ajuda
imenso ter 3 refeições de qualidade, que nos ajuda a manter os níveis de
energia equilibrados. Telefonar para casa não é simples (nem barato), sendo
necessário comprar um cartão especifico para telefonar e rezar para termos 1 de
2 linhas abertas para podermos fazer a chamada. Um dia resume-se a: acordar às
3 da tarde, pequeno almoço logo depois. Ir ao local de trabalho (UIC – Underway
Instrument Control Room), onde todos os cientistas se reúnem para trabalhar
caso não estejam nos laboratórios, para saber o que se está a passar. Se houver
um adiantamento do plano de trabalho e houver um instrumento que está prestes a
ir para a água, que te será útil, fica-se já por ali. Na maioria dos casos,
oferecemos a nossa ajuda, que foi sempre bem recebida, e que se traduzia em
começar a trabalhar mais cedo. Mas vale sempre a pena, pois ter o privilégio de
estar a trabalhar com estes colegas, aprender a colocar e recolher estes
aparelhos, ajudar outros na identificação de espécies e do tratamento das
amostras, há que aproveitar. Amanhã somos nós a precisar de ajuda e todos terão
a mesma disponibilidade. Reserva-se o jantar para um possível intervalo entre
colocar e recolher as redes de amostragem (normalmente comíamos entre a
meia-noite e as 2 da manhã).
De resto, todo o tempo é passado entre o UIC, os
laboratórios e o deck onde se trabalha com as redes. Por volta das 4 da manhã
(o sol já nasceu há mais de 1 hora), a análise do que se obteve nas redes
(primeiro pesa-se o material total obtido, identifica-se tudo o que se conseguir à espécie (e pesa-se
esse componente), e mede-se/pesa-se/avalia-se o estado de maturação/sexo (caso
se aplique) cada individuo (ou uma sub-amostra). Depois é recolher o que se
precisa para análises futuras de metais pesados, ácidos gordos, genética,
fisiologia, tudo dependendo dos objetivos propostos de cada projeto.
Normalmente, por volta das 6-7 da manhã estaremos na cama...para tudo começar
novamente umas horas mais tarde, por volta das 3 da tarde....próximas notícias
virão de MUITO mais do sul. Até já!!!!
We wake up at 3pm everyday! Good life? Truly speaking, the
daily life onboard of a research cruise, like the James Clark Ross, is very
demanding and exciting, and possesses a group of details that may escape to
some of you. The first big detail is that the ship is ALWAYS moving, to the
right and to the left, which can be tiring. In stormy days, when big waves are
common, sleeping is even harder, with the extra problem of sea sickness. It is
not easy working in such conditions. Another important point is that we work on
12 hour shifts (in our case between 4-5 in the afternoon until 4 or 5 in the
morning everyday). This means that, if we are not sleeping, very likely we are
working. Everyday i tis usual finding colleagues that just woke up when we are
ready to go to bed...
Due to the
high costs, internet onboard of the James Clark Ross is only accessible through
4 computers in one room. In better words, to know about the news of the world,
be able to update our blog or facebook page, or simply be able to do some
research online, only those 4 computers are acessible to all scientists. However, it is possible to access our
personal email account through our personal computer, via wireless, which is
highly welcome to help us deal with the numerous emails we have daily. At the
weekends, we do manage to hear the football on BBC radio 5 Live (during the
week we listen mostly to BBC Radio 2), which make the weekends different from
the other days of the week. The food onboard is great, important to keep the
levels of energy. Calling home is not simple (nor cheap), being necessary to buy
a specific phone card. One day comprises of waking up at 3pm, go to the UIC
(Underway Instrument Control Room) where all scientists go, if not in the
laboratories, to know what is going on. Usually, in > 90% of the cases, we
stayed and start working and another team needed some help or support. For us
it is great, as we learn so much from other teams, and sooner or later, we
would need some help/support too. We reserve our dinner for around 12 up to
2am, depending when can we eat. Our time is send deploying or retrieving the
nets, analysing the catch or putting some data into the PC. Ata round 4am, the
analyses of the catch (total weight, identifications of the species caught,
weight per species (in some cases we also measure total length, maturity stage
and sex)). We also collect samples for the various ongoing studies we have
(Trace metals, fatty acids, genetics, physiology...). By 6-7am we plan to be in
bed...and then everything starts again....next news will come from MUCH further
south. Stay tunned!
Jose Xavier & Jose Seco
Jose Xavier & Jose Seco
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